
O recente envolvimento de Javier Milei, líder do partido La Libertad Avanza e presidente da Argentina, com a criptomoeda $LIBRA resultou em um colapso dramático do ativo digital, gerando consequências econômicas, jurídicas e políticas significativas. A rápida valorização e posterior queda desestabilizaram não apenas a criptomoeda, mas também a confiança no governo argentino.
Diante da situação, deputados do partido Unión por La Patria (esquerda) apresentaram um pedido de impeachment contra Milei, alegando que seu envolvimento em um suposto crime de fraude com criptomoedas é extremamente sério e constitui um “escândalo sem precedentes”. Outros membros da oposição solicitaram a criação de uma comissão no Congresso para investigar o caso. A Coalición Cívica (centro) foi além, apresentando uma queixa-criminal para que a Justiça inicie investigações sobre possíveis crimes como fraude, corrupção e suborno.
Até o momento, mais de 100 processos foram abertos na Justiça contra Milei, sendo a maioria por acusações de fraude, estelionato, e violações éticas. No dia 17 de fevereiro, o Juizado Federal 1, sob a responsabilidade da juíza María Servini, foi designado por sorteio para centralizar as denúncias e conduzir as investigações.
O FBI e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos também foram acionados. O escritório de advocacia argentino Moyano & Associados apresentou uma denúncia contra Milei e Hayden Mark Davis, fundador da Kelsen Ventures e criador da $LIBRA, argumentando que o caso se enquadra na jurisdição dos EUA devido à natureza das alegações e à nacionalidade de alguns investidores prejudicados.
Esquema de Fraude e Golpe
Estimativas revelam que mais de 40.000 carteiras de investimentos sofreram perdas que somam mais de US$ 4 bilhões após o colapso da $LIBRA. O episódio também afetou o mercado financeiro argentino, com o principal índice da Bolsa de Valores de Buenos Aires, o S&P Merval, fechando com uma queda de 5,6% na mesma data.
A ascensão meteórica da $LIBRA começou na noite de 14 de fevereiro, quando Milei fez uma publicação no X (antigo Twitter) promovendo a criptomoeda como um “projeto privado” para estimular a economia argentina. O lançamento ocorreu às 18h37 na blockchain Solana, e após a promoção de Milei, as transações começaram rapidamente.
Imediatamente, grandes compras foram realizadas, e o preço do ativo disparou de US$ 0,25 para US$ 5,54 em poucos minutos. No entanto, essa euforia foi seguida por uma onda de vendas massivas que derrubaram o preço para menos de US$ 1 em questão de horas.
Após perceber o desenrolar desfavorável, Milei se distanciou rapidamente do projeto, alegando não ter um conhecimento profundo sobre ele antes de promover. Isso gerou uma onda de críticas contra o presidente de sua própria base política e da oposição.
Investigação e Gestão da Criptomoeda
O governo argentino anunciou uma “investigação urgente” sobre o lançamento da $LIBRA e as associações com a Kip Protocol, a empresa alegadamente responsável pela gestão dos fundos dos investidores. A Kip Protocol, em comunicado, negou ter tido participação no lançamento da criptomoeda e afirmou que soube do projeto somente após sua divulgação.
A $LIBRA é uma memecoin, um tipo de ativo digital que geralmente se valoriza através da popularidade e da viralização nas redes sociais, sem um propósito específico ou utilidade subjacente, caracterizando-se por ser altamente volátil.