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- Makhlouf alerta para riscos na desinflação da zona do euro
- BCE mantém flexibilidade em sua política de juros
- Incertezas econômicas exigem postura cautelosa
Gabriel Makhlouf, membro do Conselho do Banco Central Europeu (BCE) e presidente do Banco Central da Irlanda, alertou nesta quinta-feira (20) sobre os riscos que cercam o processo de desinflação na zona do euro.
Em discurso em Dublin, Makhlouf destacou o alto grau de incerteza econômica e reforçou que o BCE precisa manter flexibilidade em sua política de juros para reagir rapidamente a mudanças no cenário econômico.
Desinflação sob risco
Makhlouf ressaltou que, embora os preços ao consumidor tenham desacelerado, o processo de desinflação ainda enfrenta ameaças.
“Nem é preciso dizer que o processo de desinflação continua sujeito a riscos, e há um grau muito alto de incerteza em torno das perspectivas”, afirmou.
Segundo ele, fatores como tensões geopolíticas, choques nos preços de energia e volatilidade nos mercados financeiros podem dificultar o controle da inflação.
Política de juros
O membro do BCE reforçou que o banco não deve se comprometer com uma trajetória fixa para as taxas de juros.
“Estamos prontos para reagir a mudanças nas perspectivas, tanto para inflação quanto para crescimento, e é por isso que meus colegas e eu continuamos a acreditar que não devemos nos comprometer com nenhum caminho futuro específico para as taxas de juros”, declarou.
Essa postura visa garantir que o BCE mantenha a flexibilidade necessária para ajustar a política monetária conforme a evolução da economia.
Crescimento econômico
Além da inflação, Makhlouf destacou que a desaceleração do crescimento econômico representa outro desafio para a zona do euro. Com o enfraquecimento da atividade econômica, o BCE precisa equilibrar o combate à inflação sem prejudicar ainda mais o crescimento.
A manutenção de juros elevados por muito tempo pode agravar a desaceleração econômica, enquanto uma redução prematura pode reacender a inflação.
Cenário de incerteza global
O discurso de Makhlouf ocorre em um momento de crescente incerteza global, com a guerra na Ucrânia, tensões comerciais entre grandes potências e oscilações nos mercados financeiros influenciando as perspectivas econômicas.
Esses fatores dificultam as previsões sobre inflação e crescimento, exigindo do BCE uma postura cautelosa e adaptável.
Reação do mercado
Os mercados financeiros reagiram com atenção às declarações de Makhlouf, interpretando-as como um sinal de que o BCE manterá uma postura vigilante.
A possibilidade de ajustes nas taxas de juros conforme o cenário econômico evolui reforça a necessidade de os investidores acompanharem de perto os indicadores de inflação e crescimento na zona do euro.
O BCE continua monitorando os dados econômicos para definir os próximos passos de sua política monetária. Com o processo de desinflação ainda incerto, a instituição busca equilibrar a estabilidade de preços com o apoio ao crescimento econômico.
As próximas reuniões do Conselho do BCE serão essenciais para avaliar os impactos das condições atuais e decidir se novos ajustes nos juros serão necessários.