Aversão ao risco

Mercado brasileiro reage com cautela a novas tarifas dos EUA, entenda

A semana começa com forte aversão ao risco nos mercados globais, impulsionada pelas declarações do presidente dos Estados Unidos.

Brasil e Estados Unidos - shutterstock
Brasil e Estados Unidos - shutterstock
  • Declarações de Trump sobre novas tarifas globais disparam aversão ao risco nesta segunda-feira
  • Anúncio de tarifas para “todos os países” reacende preocupações com impacto na economia mundial
  • Investidores buscam a moeda americana como proteção contra possível escalada de tensões comerciais

A semana começa com forte aversão ao risco nos mercados globais, impulsionada pelas declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“As novas tarifas que anunciaremos esta semana atingirão todos os países”, alertou Trump, acendendo o temor de uma guerra comercial global com graves efeitos na economia mundial.

Trump prometeu divulgar um grande plano tarifário na quarta-feira, que ele chamou de “Dia da Libertação”. Entre as medidas previstas estão a imposição de tarifas sobre automóveis, além do aumento de taxas sobre produtos vindos da China.

As declarações feitas a repórteres a bordo do Air Force One indicam que as medidas serão abrangentes e não se limitarão a um pequeno grupo de países com grandes déficits comerciais com os EUA.

Brasil pode sofrer impactos comerciais diretos

O Brasil foi citado por Trump entre os países que impõem tarifas injustas sobre produtos americanos. Segundo o presidente dos EUA, “União Europeia, China, Brasil, México e Canadá nos cobram tarifas injustas”, justificando assim a necessidade de uma resposta mais rigorosa.

Atualmente, os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, ficando atrás apenas da China. Em 2024, os EUA responderam por 12% das exportações brasileiras, somando US$ 40,4 bilhões, e por 15,5% das importações, com US$ 40,7 bilhões. Esse equilíbrio comercial pode ser prejudicado caso novas tarifas sejam implementadas, afetando setores-chave da economia brasileira.

Os principais produtos exportados pelo Brasil para os EUA incluem óleos brutos e combustíveis de petróleo, produtos de ferro e aço, aeronaves, café e celulose. Por outro lado, o Brasil depende de importações americanas de motores e máquinas não elétricas, óleos combustíveis, aeronaves e gás natural.

Possíveis cenários para a economia brasileira

Atualmente, o Brasil impõe uma tarifa média de 11,3% sobre importações dos EUA, enquanto os americanos cobram apenas 2,2% dos produtos brasileiros. Caso os EUA igualem suas tarifas às praticadas pelo Brasil, as exportações brasileiras podem cair cerca de US$ 2 bilhões, o que exigiria uma depreciação cambial de 1,5% para compensar a perda.

Em um cenário mais extremo, com tarifas elevadas a 25%, as exportações brasileiras para os EUA poderiam recuar em US$ 6,5 bilhões, principalmente nos segmentos de bens intermediários e combustíveis. Para equilibrar essa queda, o real precisaria desvalorizar cerca de 4%, impactando diretamente a inflação doméstica.

Outro efeito possível seria um ajuste das tarifas brasileiras para 25%, o que reduziria as importações dos EUA em aproximadamente US$ 4,5 bilhões. Isso poderia levar a uma elevação de preços no mercado interno, resultando em um impacto inflacionário estimado em 0,3 ponto percentual.

Incertezas e expectativas para os próximos dias

Os mercados financeiros estão atentos às decisões de Trump e às possíveis reações de países afetados. A diplomacia brasileira, portanto, também deve monitorar de perto os desdobramentos e avaliar estratégias para mitigar impactos negativos.

As novas tarifas americanas, que Washington anunciará nesta quarta-feira, determinarão imediatamente os impactos sobre o Brasil e outros países.

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz
Estudante de Jornalismo, apaixonada por redação e escrita! Tenho experiência na área educacional (alfabetização e letramento) e na área comercial/administrativ