Sistema de verificação

Meta encerra hoje checagem de fatos nos EUA, entenda

Empresa de Zuckerberg substitui sistema de verificação por notas da comunidade e promete não punir mais conteúdos falsos nas redes sociais.

Meta encerra hoje checagem de fatos nos EUA, entenda
  • Meta encerra verificação de fatos nos EUA: A empresa confirmou que o programa de checagem de fatos terminará na segunda-feira (7)
  • Substituição por notas da comunidade: A função será substituída por um sistema de notas colaborativas, conforme anunciado em janeiro
  • Fim das penalidades: O executivo Joel Kaplan reforçou que as punições por desinformação também serão removidas

A Meta, gigante da tecnologia responsável por Facebook, Instagram e Threads, anunciou oficialmente o fim do seu programa de checagem de fatos nos Estados Unidos. A medida, que entra em vigor nesta segunda-feira (7), marca uma mudança drástica na política da empresa sobre desinformação, com foco na promessa de restaurar a liberdade de expressão nas plataformas.

Joel Kaplan, diretor de assuntos globais da empresa, divulgou a novidade em uma publicação nesta sexta-feira (4) no X (antigo Twitter).

Kaplan afirmou que um novo sistema de “notas da comunidade” substituirá totalmente as verificações terceirizadas. Essas notas, já em fase de testes desde março, permitirão que os próprios usuários adicionem contextos e explicações a publicações potencialmente enganosas, mas sem que isso implique qualquer tipo de punição ou redução de alcance.

A decisão, que ecoa o discurso de liberdade de expressão promovido pelo presidente dos EUA, Donald Trump, já provoca reações intensas dentro e fora do país.

Embora inicialmente limitada ao território norte-americano, a Meta admite que pretende expandir a mudança para outras regiões — o que deve gerar debates especialmente acalorados em países como o Brasil, onde as leis sobre desinformação são mais rigorosas.

Fim da checagem terceirizada e das penalidades

Durante anos, a Meta manteve parcerias com agências independentes de checagem de fatos, como forma de combater a disseminação de fake news em suas plataformas.

Quando um conteúdo era classificado como falso, seu alcance era reduzido e os perfis responsáveis podiam ser penalizados com restrições de visibilidade. Agora, segundo Kaplan, esse modelo será totalmente descontinuado nos EUA.

“Acreditamos que o sistema de checagem acabou se transformando em uma ferramenta de censura”, afirmou Kaplan.

Ele argumenta que a imposição de penalidades minava a liberdade de expressão, ao calar usuários por opiniões ou informações que poderiam estar apenas em debate público. Com a mudança, a Meta não reduzirá mais o alcance de postagens, mesmo que contenham informações incorretas.

Notas da comunidade como alternativa

No lugar da checagem profissional, a Meta adotará as “notas da comunidade”, um recurso semelhante ao que a rede X (de Elon Musk) já utiliza. Nesse sistema, os próprios usuários podem adicionar observações públicas às postagens. Assim, explicando o contexto ou oferecendo informações complementares — como links de fontes confiáveis ou correções de dados.

A empresa afirma que essa abordagem promove um ambiente mais participativo e democrático, onde os próprios membros da comunidade contribuem para combater a desinformação. No entanto, especialistas em tecnologia e políticas digitais alertam para os riscos dessa descentralização. Grupos organizados podem manipular as notas da comunidade sem mediação qualificada, reforçando narrativas falsas.

Apesar das críticas, a Meta já iniciou a implementação das notas nas três principais redes do grupo: Facebook, Instagram e Threads. A empresa garante que a transição será gradual e acompanhada de ajustes conforme o feedback dos usuários.

Influência política e efeitos globais

A decisão da Meta ocorre em meio a uma reaproximação entre Mark Zuckerberg e Donald Trump. Desde a eleição do republicano em 2024, o CEO da Meta tem adotado discursos semelhantes aos do presidente, especialmente no que diz respeito à liberdade de expressão nas redes sociais. O próprio Trump comentou o anúncio da empresa, dizendo que a decisão “provavelmente” aconteceu por causa dele.

Zuckerberg esteve presente na posse de Trump em janeiro, junto a outros executivos de grandes empresas de tecnologia, como Elon Musk. O novo alinhamento entre governo e setor tech fortalece a narrativa de que checagens de fatos e moderação de conteúdo violam o direito à manifestação individual.

Enquanto isso, países como o Brasil observam a movimentação com cautela. Por aqui, decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e de outras instâncias judiciais impõem limites rigorosos à disseminação de notícias falsas. O ministro Alexandre de Moraes, por exemplo, já determinou o bloqueio da rede X por descumprir ordens judiciais relacionadas ao inquérito das fake news.

A Meta ainda não confirmou se levará o novo modelo para o Brasil, mas a discussão já começa a mobilizar autoridades e especialistas em regulação digital. A tendência é que a empresa enfrente resistência significativa caso tente replicar nos demais países a mesma política adotada nos EUA.

Paola Rocha Schwartz
Estudante de Jornalismo, apaixonada por redação e escrita! Tenho experiência na área educacional (alfabetização e letramento) e na área comercial/administrativ
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