Governo Lula

Metade dos ministros de Lula irão se candidatar em 2026

Dos 38 integrantes do ministério, pelo menos 19 planejam deixar os seus cargos para correr nas urnas.

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, anuncia ministros durante coletiva no CCBB Brasília.
O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, anuncia ministros durante coletiva no CCBB Brasília.

Uma surpreendente movimentação política tem ganhado força nos bastidores do governo Lula. Segundo levantamento do Estadão, metade do primeiro escalão do governo já se prepara para disputar as eleições de 2026. Dos 38 ministros que compõem o ministério, ao menos 19 têm planos concretos para lançar suas candidaturas nas próximas eleições. Esse movimento é considerado o maior esvaziamento da Esplanada dos Ministérios em quase 25 anos, superando inclusive o recorde deixado pelo governo Bolsonaro no que tange à desincompatibilização de altos cargos para a disputa eleitoral.

Essa situação evidencia a intensa reconfiguração interna do governo, que deve sofrer mudanças significativas à medida que os nomes se posicionam para futuras disputas. As trocas ministeriais já estão sendo antecipadas e a estratégia parece ser a de nomear secretários-executivos para assumir as pastas e garantir a continuidade das políticas públicas durante os meses restantes deste mandato. Essa estratégia visa manter a estabilidade governamental, mesmo com a saída de nomes influentes, ao mesmo tempo em que posiciona figuras políticas para futuras disputas.

De acordo com declarações de Humberto Costa, uma das principais vozes do governo, “nossa prioridade na próxima eleição é, primeiro, a reeleição do presidente Lula e, em seguida, a disputa pelo Senado”. Essa afirmação deixa claro que o governo está focado não só em manter o controle do Executivo, mas também em reforçar a base no Legislativo, especialmente com a intenção de ampliar a bancada senatorial. Esse movimento é estratégico para o partido, pois a consolidação de uma base forte no Senado pode ser decisiva para aprovar medidas e para assegurar a continuidade de projetos do governo.

O levantamento também destaca que a presença de parlamentares de peso no primeiro escalão pode fomentar uma corrida eleitoral inédita. Muitos desses ministros, que hoje ocupam cargos estratégicos, deverão concorrer a vagas no Senado em Estados onde o PT ainda não possui uma base robusta. A ideia é expandir a bancada e fortalecer o projeto de reeleição, mesmo que isso signifique abrir mão de candidaturas individuais em determinados Estados. Isso demonstra a preocupação dos aliados e dirigentes do governo em manter uma base sólida que possa apoiar as iniciativas nos próximos anos.

Dois ministros, em especial, já chamam a atenção no cenário político. Márcio França (PSB), ministro do Empreendedorismo, tem sinalizado interesse em disputar o governo estadual em São Paulo. No entanto, essa decisão dependerá de análises estratégicas do próprio presidente Lula e de seus aliados políticos. Uma possibilidade que vem sendo discutida é a de que Lula possa lançar seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), conhecido por suas quatro passagens pelo governo do Estado paulista. Caso essa hipótese se concretize, Márcio França poderia direcionar seus esforços para concorrer ao Senado, fortalecendo assim a presença do PSB na capital paulista.

Outro nome de peso na disputa é Renan Filho (MDB), ministro dos Transportes. Mesmo tendo mandato como senador garantido até 2030, ele deve se posicionar como candidato ao governo de Alagoas, reforçando a presença do MDB no cenário estadual. Além disso, Renan Filho também estaria se movimentando nos bastidores para se posicionar como possível vice na chapa presidencial de Lula. Essa estratégia, se concretizada, pode representar um reposicionamento importante tanto para ele quanto para o partido, que é considerado um aliado fundamental no projeto da reeleição.

Enquanto os nomes que disputam cargos executivos e senatoriais ganham destaque, outros membros da equipe também estão sendo cotados para novas funções. Entre eles, Rui Costa (PT), chefe da Casa Civil, é um dos principais candidatos a disputar uma vaga no Senado. Segundo levantamento do instituto Paraná Pesquisas, Rui Costa lidera as intenções de voto com 43,8%, seguido pelo senador Jaques Wagner, com 34%, em um cenário que promete aquecer as disputas eleitorais. Essa dinâmica evidencia a forte ambição do governo de consolidar uma base eleitoral larga e diversificada.

Outra figura importante é Gleisi, que atualmente atua na reeleição na Câmara. Segundo dirigentes do PT, embora ela seja cotada para uma candidatura, há a possibilidade de que desistir da disputa para assumir a coordenação da campanha de Lula seja o melhor caminho estratégico. Essa decisão intimamente ligada à estratégia central do governo pode refletir a necessidade de priorizar a manutenção da coesão no projeto nacional.

Fernando Américo
Fernando Américo
Sou amante de tecnologias e entusiasta de criptomoedas. Trabalhei com mineração de Bitcoin e algumas outras altcoins no Paraguai. Atualmente atuo como Desenvol