Crise afeta Brasil

Mídia internacional repercute crise política e fiscal no Brasil

Colunista do WSJ aponta crise política e fiscal, desvalorização do real e fuga de capitais como reflexo da desconfiança na economia do Brasil.

Manaus - Tradicionais pontos de comércio de Manaus tem queda no movimento após a crise na segurança pública (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Manaus - Tradicionais pontos de comércio de Manaus tem queda no movimento após a crise na segurança pública (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A queda de confiança na economia do Brasil é resultado da crise política e fiscal que se reflete na desvalorização do real e na fuga de capitais do país, de acordo com coluna do Wall Street Journal (WSJ) publicada neste domingo (22).

A colunista Mary Anastasia O’Grady, especialista em política, economia e negócios na América Latina, aponta para o cenário de gastos excessivos e a falta de confiança no Governo Lula como gatilhos para a recente fuga de investidores.

Segundo O’Grady, o cenário é reversível, mas não há indicativos de que a estabilidade do real e o controle de gastos sejam prioridades do atual mandato. A colunista também critica o papel do Banco Central, destacando decisões recentes como o aumento da taxa Selic e leilões de linha para aumentar a liquidez do real como medidas preocupantes de controle monetário.

Banco Central sob Pressão

“O Brasil corre o risco de se tornar um país onde o Banco Central é pressionado a definir políticas em resposta ao excesso de gastos do governo, em vez de priorizar uma moeda sólida”, cita O’Grady em sua coluna no WSJ.

Nas últimas duas semanas, o Banco Central realizou diversas intervenções no câmbio e injetou mais de US$ 23,75 bilhões no mercado, além de elevar a Selic para 12,25% ao ano na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

O’Grady avalia que a fuga de investidores continuará enquanto Lula for presidente, devido às políticas e influências do governo, que ela considera problemáticas. “Ele é um populista de esquerda cuja principal estratégia para vencer eleições competitivas é baseada em gastos elevados. Agora o orçamento está esgotado”, afirma a colunista. A má gestão das contas públicas e da economia também são apontadas como sinais dessa fuga.

“Enquanto Brasília não retornar ao controle de capitais, investidores têm uma saída e provavelmente a utilizarão”, conclui O’Grady em sua publicação.

Empresas brasileiras estão ameaçadas por dólar e juros altos

Em outro relatório preocupante, a Fitch Ratings, alertou para os riscos da piora das condições econômicas no Brasil, com a alta do dólar, juros elevados e desaceleração do PIB, ameaçando os negócios das empresas.

A agência prevê uma desaceleração do crescimento do PIB brasileiro, de 3,1% em 2024 para 2% em 2025, e alerta para os impactos da recente piora das condições de mercado, com o dólar em disparada e os juros subindo.

“A recente desvalorização do real poderia exacerbar as pressões inflacionárias, com o Banco Central continuando a aumentar as taxas de juros”, alerta a Fitch.

Apesar do cenário desafiador para o Brasil, a Fitch avalia que as empresas da América Latina, de forma geral, estão mais preparadas para enfrentar as potenciais medidas de Donald Trump, como o aumento de tarifas de importação, devido a uma gestão financeira mais eficiente nos últimos anos. As empresas conseguiram prorrogar prazos de dívidas e administrar passivos, com vencimentos limitados de títulos de dívida no exterior (bonds) em 2025. Além disso, a Fitch observa que a liquidez das companhias está adequada e os investimentos devem se estabilizar.

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