- Musk x Trump: Elon Musk tentou convencer Trump a recuar das novas tarifas contra a China, mas não obteve sucesso
- Pressão nos Bastidores: Empresários aliados e o vice JD Vance atuaram para barrar as tarifas, sem efeito
- Impacto na Tesla: Ações da Tesla caíram após o anúncio; empresa já perdeu 38% do valor em 2025
Elon Musk intensificou sua atuação política ao tentar, sem sucesso, persuadir o presidente Donald Trump a recuar da decisão de impor novas tarifas sobre importações chinesas.
Conforme revelou o Washington Post na noite de segunda-feira (7), Musk fez apelos diretos ao presidente e mobilizou aliados para intervir nos bastidores. A tentativa ocorreu após ele criticar publicamente a medida nas redes sociais e atacar um dos principais conselheiros econômicos da Casa Branca.
Sem vitória
A decisão de Trump, no entanto, foi mantida e incluiu a imposição de uma tarifa adicional de 50% sobre uma ampla gama de produtos da China. Dessa forma, somando-se aos 34% já anunciados na semana anterior.
A iniciativa representa uma das medidas protecionistas mais duras do governo e evidencia um dos maiores rompimentos entre o presidente e um de seus apoiadores mais notórios. Musk doou aproximadamente US$ 290 milhões a campanhas republicanas em 2024 e vinha atuando como conselheiro do governo no programa DOGE, voltado à inovação e tecnologia.
Apesar dessa proximidade, o relacionamento entre ambos vinha se desgastando. Musk já havia se posicionado contra o governo em questões como política imigratória. Especialmente, no que diz respeito à concessão de vistos para profissionais altamente qualificados e, ainda, em relação aos gastos públicos.
No fim de semana, o bilionário defendeu publicamente a criação de um acordo de livre comércio entre os Estados Unidos e a Europa, com tarifa zero e livre circulação de trabalhadores.
“Essa tem sido minha orientação ao presidente”, declarou.
Pressão do setor privado e articulação frustrada
As ações de Musk não se limitaram a contatos diretos com Trump. O empresário também mobilizou um grupo informal de líderes do setor privado, que procurou influenciar o governo com apoio de nomes influentes do partido republicano, como o vice-presidente JD Vance.
Segundo o Washington Post, figuras próximas a Musk trabalharam para frear os planos da Casa Branca. Assim, alegando que o aumento das tarifas prejudicaria setores estratégicos da economia americana, especialmente a indústria automotiva e de tecnologia.
Mesmo com esse esforço conjunto, a pressão não foi suficiente para alterar o rumo da política tarifária do governo. A decisão de Trump foi vista como uma sinalização de força para o eleitorado conservador. E, portanto, que tem exigido ações mais duras em relação à China, especialmente em ano eleitoral.
A medida, contudo, gerou críticas entre empresários e investidores, que preveem impactos negativos para as cadeias de produção e os preços ao consumidor.
Tesla em queda e instabilidade no mercado
O embate político coincide com um momento delicado para a Tesla, empresa liderada por Musk, que já perdeu cerca de 38% do seu valor de mercado em 2025. Nesta segunda-feira (7), as ações da companhia caíram mais 2,5%, encerrando o dia cotadas a US$ 233,29.
A volatilidade no mercado reflete a crescente preocupação com os impactos econômicos da nova política comercial. E, assim, quanto ao aumento dos custos operacionais para empresas dependentes de componentes importados.
Para investidores, o isolamento político de Musk e a instabilidade regulatória acendem alertas. A Tesla, que já enfrentava pressão por resultados financeiros fracos neste início de ano, agora lida com uma perspectiva ainda mais desafiadora. A combinação entre aumento de tarifas, desaceleração nas vendas globais e disputas comerciais amplia o cenário de incerteza.
Com o fracasso do lobby junto à Casa Branca, Musk enfrenta agora um dilema: manter sua atuação próxima ao governo ou adotar uma postura mais crítica e independente, em defesa de uma agenda liberal de comércio internacional.
Seja qual for o caminho, o episódio marca uma virada importante na relação entre o empresário e o núcleo duro do governo Trump.