Tarifas americanas

Oportunidade para Embraer? China proíbe compra de aviões americanos

Pequim agora reage com força a tarifas americanas e compromete futuro da fabricante nos mercados asiáticos.

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  • China barra Boeing: Pequim suspende entregas e compras de jatos Boeing em retaliação a tarifas dos EUA
  • Ações caem: Papéis da Boeing recuam após anúncio, ampliando perdas do ano
  • Alternativas ganham força: China pode acelerar compras da Airbus e da fabricante local COMAC

A tensão comercial entre Estados Unidos e China deu mais um passo decisivo nesta terça-feira (15), quando o governo chinês ordenou que todas as companhias aéreas nacionais suspendam a aquisição de jatos Boeing e interrompam a compra de peças de empresas aeronáuticas americanas.

A decisão, divulgada pela Bloomberg, surge como resposta direta à imposição de tarifas de até 145% por parte dos EUA sobre produtos chineses.

A medida chinesa atinge duramente a Boeing, cuja relação com o mercado asiático, e especialmente com a China, representa um dos pilares de crescimento da empresa.

Estima-se que o país asiático responderá por 20% da demanda global de aeronaves nas próximas duas décadas. Em 2018, quase um quarto da produção da Boeing foi direcionada para o território chinês.

Entregas suspensas e perdas em Wall Street

A suspensão das entregas anunciada por Pequim representa um revés imediato para a Boeing. Segundo dados do Aviation Flights Group, cerca de 10 aeronaves do modelo 737 Max estavam prestes a integrar frotas chinesas. Agora, essas entregas não devem acontecer.

Além disso, as três principais companhias aéreas da China (Air China, China Eastern Airlines e China Southern Airlines) planejavam, juntas, receber quase 180 aviões da fabricante americana até 2027. Esses contratos agora estão sob risco.

Em reação ao anúncio, as ações da Boeing caíam 2% no início do pregão em Nova York. A empresa já enfrentava uma série de desafios recentes, incluindo uma greve trabalhista em 2024 e o incidente com a explosão da porta de um 737 Max em janeiro, o que gerou preocupações adicionais sobre segurança e confiabilidade. Desde o início do ano, a Boeing já perdeu mais de um terço de seu valor de mercado.

China amplia retaliações e estimula players alternativos

Além da suspensão de entregas, a China orientou suas empresas aéreas a pararem de adquirir peças e equipamentos de aviação de fornecedores americanos, o que pode elevar significativamente os custos de manutenção para aeronaves da Boeing atualmente em operação no país.

O governo chinês também estuda formas de apoiar financeiramente companhias que operam jatos da fabricante americana via leasing e que agora enfrentam aumento de custos decorrente das tarifas.

A decisão de Pequim está alinhada com sua política de retaliação econômica. Na semana passada, a China já havia anunciado um aumento das tarifas sobre diversos produtos norte-americanos, elevando a alíquota para 125%.

Para analistas, o objetivo é não apenas responder às sanções dos EUA, mas também incentivar o uso de aeronaves alternativas, como os jatos da europeia Airbus. Contudo, já amplamente presentes na frota chinesa e os modelos da fabricante doméstica COMAC, em expansão.

Comércio global em risco com escalada tarifária

Especialistas alertam que a intensificação das tarifas entre as duas maiores economias do mundo ameaça paralisar o comércio bilateral. No entanto, que totalizou mais de US$ 650 bilhões em 2024.

A aviação, por sua natureza global e dependente de cadeias de fornecimento integradas, tende a ser uma das primeiras indústrias a sofrer com esse tipo de ruptura.

A medida chinesa sinaliza que a disputa comercial se aprofundou para além dos setores tradicionais. Dessa forma, atingindo agora áreas estratégicas de alta tecnologia e infraestrutura crítica.

O impacto para a Boeing pode se estender por anos, especialmente se a China acelerar a substituição de fornecedores americanos por alternativas regionais ou europeias.

Enquanto a Boeing não comentou oficialmente o caso, o mercado acompanha de perto os próximos passos de Washington e Pequim. Ainda, em um impasse que pode redefinir o futuro da indústria global da aviação.

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz
Estudante de Jornalismo, apaixonada por redação e escrita! Tenho experiência na área educacional (alfabetização e letramento) e na área comercial/administrativ