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Pesquisa mostra que preço dos alimentos ainda impacta os pobres; especialistas revelam alternativas para economizar

Foto/Reprodução GDI
Foto/Reprodução GDI

A inflação tem desacelerado ao longo dos meses de 2023, mas a população mais pobre ainda continua sendo a mais impactada. É o que revela o Indicador de Inflação por Faixa de Renda, medido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

A pesquisa mostra que alimentos e medicamentos têm pesado no bolso dos brasileiros, principalmente dos mais pobres. O impacto é especialmente na ida ao supermercado, com altas expressivas das massas (16,8%), leite e derivados (14,7%) e panificados (12,9%). A educadora financeira Aline Soaper explica que, enquanto a desaceleração da inflação não chega de forma real às prateleiras dos supermercados, a solução é pesquisar preço. Já o economista Leandro Rosadas ressalta que a inflação tem feito os consumidores deixarem de comprar por causa de marcas e sim pelo preço mais em conta.

“Os preços dos alimentos ainda representam um grande impacto no bolso dos brasileiros, em especial os mais pobres. Além disso, os alimentos ainda tendem a ficar caros por conta da sazonalidade, pela movimentação da economia em outros países e pelas variações climáticas, como excesso de chuvas ou seca, por exemplo. Para a maioria da população, esses fatores só são observados quando as famílias vão ao supermercado e tem que deixar produtos na boca do caixa, porque o dinheiro não vai dar para pagar. Progressivamente, temos visto o leite e as farinhas como os principais vilões da inflação para as famílias, desde 2021”, comenta a educadora financeira Aline Soaper.

O economista Leandro Rosadas contextualiza o cenário com um estudo da plataforma Dotz, realizado em São Paulo, que mostra que o consumidor está optando por produtos mais baratos em sua cesta. “Essa queda foi tanto pelos consumidores com poder aquisitivo mais alto, quanto os mais pobres, que deixaram de consumir mais ainda, itens no supermercado por conta da marca, para levar em conta o preço. A pesquisa destacou que os clientes estão gastando mais e levando cada vez menos produtos para casa”, revelou Leandro Rosadas.

O economista e especialista em gestão de supermercados destaca ainda que, em tempos de inflação, os varejistas devem se adequar ao bolso do consumidor. “Os supermercadistas podem incluir nas prateleiras marcas mais populares, que tem preços mais convidativos do que as marcas líderes no mercado. Também podem fazer o cadastro de clientes e oferecer descontos ou recompensas. Além disso, sinalizar claramente o valor dos produtos, para que os clientes antes de chegar no caixa, já saibam os valores dos produtos que estão comprando, sem surpresas, e não acabar não levando os produtos, uma tendência que observamos em 2022”, comenta Leandro Rosadas.

Diante desse cenário, a educadora financeira, Aline Soaper dá algumas dicas para os consumidores, na hora de ir ao supermercado:

1.Pesquisa de preços: “A pesquisa de preços, por parte dos consumidores, deve ser constante. Observar os dias da semana que os supermercados fazem promoções de itens específicos, por exemplo, é fundamental para evitar gastos”, explica a educadora financeira. Neste caso, no entanto, é preciso ter cuidado para não gastar mais indo muitas vezes ao supermercado. “Faça a lista e vá ao mercado com a mesma lista, anotando o que já foi comprado no dia anterior para não repetir. E fuja da tentação! Compre apenas os itens essenciais”, acrescenta a especialista.

2. Adaptar os gastos à realidade da família: “Todas as famílias querem uma mesa farta, mas é preciso adaptar o orçamento à realidade atual utilizando técnicas que vão evitar o endividamento. Em especial evitando o uso do cartão de crédito para compras no supermercado. Isso porque, às vezes os consumidores parcelam as compras do mês, e no mês seguinte terão que comprar novamente, e ainda estarão pagando o mês anterior”, explica Aline Soaper.

3. Substituição de produtos: “Trocar produtos que aumentaram muito de preço por itens com valor menor é uma ótima alternativa para economizar nos gastos da família. Além disso, dê preferência às marcas que oferecem melhor custo x benefício, seja ela uma marca branca, seja uma embalagem que oferece uma quantidade maior de litros e kg por preço. Isso vale para itens básicos como proteínas, por exemplo, trocar a carne bovina por outra mais em conta, assim adaptando cardápios com itens mais baratos. No caso de frutas e verduras, muitas feiras têm a hora da “xepa”, onde dá sim para encontrar itens bons para o consumo com preços mais em conta”, finaliza a educadora financeira.