Promessa petista

Promessa de Lula, picanha chega a valor mais alto nos últimos 18 anos

Com o preço do quilo da picanha mais caro, brasileiros devem gastar mais em comparação ao réveillon anterior, refletindo a pressão econômica.

Carnes - Design by Freepik
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  • O preço do quilo da picanha subiu para R$ 77,44 em novembro de 2024, impactando o bolso do consumidor
  • Um grupo comprando 4 kg de picanha no Ano Novo gastaria R$ 39 a mais em comparação com 2023
  • A seca, o dólar alto e a queda no abate de vacas reduziram a oferta e aumentaram os preços
  • A promessa de Lula de baratear a picanha ainda não foi cumprida, com preços mais altos em 2024

Quem deseja saborear uma picanha suculenta na virada de 2024 terá que pagar mais caro por isso. O preço do quilo desse corte tradicional de carne aumentou consideravelmente nos últimos meses. Dessa forma, deixando os brasileiros em alerta para o impacto nos seus orçamentos, especialmente com a chegada das festas de fim de ano.

Em novembro de 2024, o preço médio do quilo da picanha foi de R$ 77,44, um valor 9,77 reais mais alto do que o registrado no final de 2023, quando o preço estava em R$ 67,67. Esse aumento representa uma pressão sobre os consumidores, que já enfrentam um cenário de custos elevados em várias categorias de alimentos, incluindo as carnes.

Percepção negativa

Esse cenário, evidentemente, cria uma percepção negativa sobre a economia brasileira. Com o aumento dos preços das carnes, que ocupam um lugar de destaque nas ceias de Natal e Ano Novo, os brasileiros veem seus orçamentos se apertarem ainda mais.

Para um grupo de amigos que decidiria comprar 4 kg de picanha para a festa de réveillon, o valor total seria de cerca de R$ 310. Assim, um gasto consideravelmente mais alto do que os R$ 271 que seriam necessários em 2023. Ou seja, em comparação com o ano passado, essas pessoas teriam que desembolsar R$ 39 a mais pelo mesmo corte de carne.

Analisando os números de forma nominal, desconsiderando a inflação, o aumento no preço da picanha nos últimos 10 anos foi de R$ 39. No entanto, quando ajustados pela inflação, os dados não são muito mais otimistas.

O preço da picanha em 2024, de R$ 77,44, é apenas inferior aos valores de 2021 (R$ 85,90) e 2022 (R$ 81,10), se considerarmos os últimos 18 anos.

Governo Lula

A elevação no preço da carne, principalmente da picanha, acaba gerando um grande desconforto entre os brasileiros, especialmente em um momento em que o governo federal, sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tem manifestado preocupação com o custo dos alimentos.

Essa questão está diretamente ligada ao caráter social da gestão petista, que tem como prioridade diminuir as desigualdades sociais e melhorar o acesso da população aos alimentos básicos.

Uma das promessas mais lembradas de Lula nas eleições foi justamente a de tornar a picanha mais barata no Brasil. Um discurso que reflete o desejo do governo de melhorar as condições de vida da população.

Compromisso próspero

Em 2022, o presidente declarou, durante uma entrevista ao Jornal Nacional, que “o povo tem que voltar a comer um churrasquinho, a comer uma picanha e tomar uma cervejinha”, referindo-se ao seu compromisso em melhorar a economia e tornar o Brasil mais próspero.

No entanto, o cenário atual, com os preços elevados, acaba colocando esse compromisso “em xeque”.

A expectativa de um corte mais acessível parece cada vez mais distante, especialmente considerando os fatores que têm pressionado o preço da carne.

Os fatores

De acordo com Haroldo Torres, economista e sócio-diretor do Pecege Consultoria e Projetos, a variação dos preços das carnes em 2024 é resultado de uma combinação de fatores estruturais e conjunturais.

Entre os principais motivos, ele destaca as condições climáticas desfavoráveis, como a seca e as altas temperaturas, que afetaram a recuperação das pastagens e limitaram a oferta de gado. Além disso, a redução do abate de vacas nos últimos três anos também contribuiu para a escassez do gado disponível para o mercado.

Outro fator importante é a valorização do dólar, que tem atingido níveis recordes em 2024.

A alta do dólar impacta diretamente o mercado de carnes, pois torna as exportações mais atrativas para os produtores, o que diminui a oferta para o mercado interno.

Além disso, o aumento do custo dos insumos para os animais, como ração e medicamentos, tem sido repassado ao consumidor final, elevando ainda mais os preços.

Impulso dos valores

Além desses fatores, a recomposição de renda da população também tem influenciado a demanda por carne. O aumento no emprego e a melhora nas condições econômicas têm permitido que mais brasileiros adquiram carne para suas mesas, o que também impulsiona os preços para cima.

No entanto, como lembra Torres, o aumento no custo das carnes tem um impacto muito mais significativo no orçamento das famílias do que em outras categorias de alimentos, dado o peso dessa proteína na alimentação brasileira.

Por fim, o aumento no preço da picanha na virada de 2024 reflete uma série de questões econômicas, climáticas e estruturais que afetam diretamente o bolso do consumidor.

Embora o governo tenha se comprometido a buscar soluções para reduzir o custo dos alimentos, especialmente das carnes, o preço da picanha no réveillon deste ano é um reflexo de um cenário econômico ainda desafiador para grande parte da população.