
- Alta nos preços do milho atinge maior valor desde 2022
- A escassez de oferta e a crescente demanda de indústrias tem pressionado os preços
- O aumento no preço do milho também atinge a produção de proteínas animais, aumentando os custos para produtores e consumidores
O milho, um dos cereais mais importantes para a economia brasileira, registra uma alta considerável nos preços, atingindo os valores mais elevados desde 2022. Conforme o Indicador ESALQ/BM&FBovespa, a saca de 60 kg ultrapassou R$ 90 na região de Campinas – SP na última semana.
Esse valor representa um aumento significativo em relação aos R$ 72,94 registrados no início de 2025. Há um ano, a mesma saca custava R$ 62,62. Essa valorização gera preocupação entre produtores e consumidores, uma vez que o milho é essencial para diversos setores da economia nacional.
Demanda e oferta
A alta dos preços ocorre devido a um desequilíbrio entre oferta e demanda. Muitos produtores estão segurando os estoques para vender em condições mais favoráveis, retardando a entrada do grão no mercado.
Além disso, o clima também influencia diretamente a produção, causando atrasos na colheita em estados como Minas Gerais e Paraná, impactando a distribuição. A irregularidade climática contribui para oscilações na oferta, aumentando a incerteza no setor.
Enquanto isso, a demanda segue em crescimento. Indústrias de ração animal, produtoras de etanol de milho e exportadores disputam o produto, intensificando a pressão sobre os preços. O consumo de milho no Brasil continua aumentando, impulsionado por novos investimentos no setor agroindustrial.
Especialistas apontam que essa tendência pode continuar, por isso, é importante ficar atento. O cenário reforça a necessidade de estratégias para aliviar impactos e assegurar um equilíbrio no abastecimento.
Como isso afeta a produção de carnes e ovos?
A alta do milho afeta diretamente os custos da produção de proteínas animais. Setores altamente dependentes do grão para alimentação, enfrentam um aumento expressivo nos gastos.
Pequenos e médios produtores relatam dificuldades para manter a produção sem comprometer a margem de lucro. O aumento dos custos reduz a competitividade e pode provocar desabastecimento em algumas regiões.
O reflexo da alta também é sentido nos preços dos ovos. A combinação entre o calor intenso e o encarecimento da ração reduziu a produtividade das granjas em cerca de 10%, resultando em reajustes para o consumidor final. Situações semelhantes ocorrem no setor de carnes, com frigoríficos já sinalizando prováveis aumentos nos próximos meses.
O consumidor, por sua vez, enfrenta preços mais elevados em produtos básicos, como carne bovina, frango e derivados.
Expectativas
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta um crescimento de 8,3% na produção da safra 2024/25, alcançando 24,8 milhões de toneladas. No entanto, a previsão não garante uma estabilização imediata dos preços.
A segunda safra, entrará no mercado apenas no segundo semestre e dependerá de condições climáticas favoráveis para atingir boas produtividades. Esse fator pode manter a variável dos preços no curto prazo.
No mercado futuro, os preços demonstram oscilações. O milho para março de 2025 foi cotado a R$ 79,90 por saca, uma leve alta de 0,9% em relação ao início do ano. Apesar dessa tendência de estabilização, os custos elevados de produção podem manter o milho em patamares altos.
O que fazer agora?
Produtores, indústrias e consumidores devem monitorar atentamente as movimentações do mercado. A escassez momentânea de oferta, aliada à alta demanda e à incerteza climática, indica que os preços do milho podem permanecer elevados a curto prazo.
Ademais, a evolução do mercado determinará os rumos dos preços e seu impacto na economia nacional e o próximo semestre será decisivo para definir os rumos da comercialização do grão no Brasil.
Portanto, os produtores precisarão equilibrar suas estratégias de venda e o governo terá que atuar na regulação do setor para evitar instabilidades nos preços.