Alta nos Remédios

Preços dos remédios irão subir até 5% a partir desta segunda (31)

A partir de segunda (31), remédios poderão ter aumento de até 5,06%. Reajuste autorizado pela CMED preocupa consumidores e reacende debate sobre acesso a medicamentos.

remedios agencia brasil
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  • Alta abrange todos os medicamentos e pode impactar tratamentos contínuos.
  • Fabricantes alegam pressão de insumos, frete e encargos regulatórios.
  • Consumidor precisa comparar preços e buscar programas de desconto.

A partir da próxima segunda-feira (31), o preço dos medicamentos no Brasil poderá subir até 5,06%, conforme autorizado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). A decisão foi publicada na última quinta-feira (27) e vale para todos os medicamentos vendidos sob prescrição médica ou de venda livre em farmácias e drogarias do país.

O reajuste anual considera critérios como a inflação acumulada, produtividade da indústria farmacêutica e concorrência de mercado. Este ano, a alta é menor do que os 5,6% aplicados em 2024, o que indica leve desaceleração no avanço dos preços, embora ainda acima da inflação oficial, que fechou os últimos 12 meses em 4,5%.

CMED divulga teto, mas preços podem variar

O aumento de até 5,06% representa o teto permitido. No entanto, as empresas não são obrigadas a aplicar esse índice imediatamente. Cada laboratório decide o momento e a proporção do reajuste, com base em estratégias comerciais e operacionais.

Ainda assim, entidades de defesa do consumidor alertam para o impacto do reajuste nas famílias que dependem de tratamentos contínuos. Para muitos brasileiros, principalmente idosos e pacientes crônicos, o custo com medicamentos já compromete uma parcela significativa do orçamento mensal.

Além disso, segundo o Sindusfarma (Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos), o reajuste autorizado não compensa o aumento de custos enfrentado pela indústria nos últimos meses. A entidade afirma que os insumos farmacêuticos continuam sendo impactados por fatores externos, como variações cambiais e custo do frete internacional.

Indústria reclama de defasagem e alta de custos

Representantes do setor afirmam que o reajuste de 5,06% não cobre a defasagem acumulada nos últimos anos. De acordo com o presidente executivo do Sindusfarma, Nelson Mussolini, o setor enfrenta pressão inflacionária contínua. Ele destaca que a indústria convive com alta nos preços de matérias-primas, energia e encargos regulatórios.

Portanto, embora o aumento autorizado possa parecer elevado à população, fabricantes argumentam que ele apenas permite manter a produção sem comprometer a oferta dos produtos. Segundo Mussolini, o congelamento de preços em períodos anteriores agravou o desequilíbrio financeiro de muitas empresas.

Além disso, o setor farmacêutico aponta que a política de reajuste atual não acompanha de forma eficaz os custos específicos do segmento. Por isso, entidades da indústria pedem maior flexibilidade nas regras da CMED e mais previsibilidade nos critérios de cálculo.

Impacto pode variar entre farmácias e tipos de medicamento

Ainda que o índice de reajuste seja fixado pela CMED, a aplicação prática pode variar entre medicamentos e estabelecimentos. Farmácias de grandes redes costumam adotar estratégias comerciais para segurar preços por mais tempo, enquanto drogarias independentes repassam o aumento com maior rapidez.

Portanto, o consumidor pode encontrar o mesmo produto com valores distintos, dependendo do local da compra. Isso vale tanto para genéricos quanto para medicamentos de referência.

Além disso, produtos mais antigos ou de maior demanda podem sofrer reajuste mais visível, especialmente nas classes terapêuticas mais consumidas, como anti-hipertensivos, antidepressivos e analgésicos.

Para reduzir o impacto no bolso, especialistas recomendam pesquisar preços e aproveitar programas de fidelidade. Outra alternativa é recorrer a programas do governo, como o Farmácia Popular, que oferece remédios gratuitos ou com descontos significativos.

Governo monitora e reforça programa de acesso

Diante do reajuste, o Ministério da Saúde informou que continuará monitorando a evolução dos preços e o abastecimento de medicamentos no mercado. A pasta destacou que o programa Farmácia Popular será mantido e, segundo previsão orçamentária, poderá ser ampliado em 2025.

Além disso, o governo federal tem discutido medidas para melhorar o acesso a medicamentos de alto custo, por meio da negociação direta com laboratórios e da inclusão de novos tratamentos na lista do SUS.

Apesar da alta autorizada pela CMED, o governo afirma que busca garantir equilíbrio entre o acesso da população e a sustentabilidade da cadeia produtiva. O tema, no entanto, continua sendo alvo de críticas de entidades de defesa do consumidor.

Luiz Fernando
Estudante de Jornalismo, apaixonado por esportes, música e cultura num geral.