
- TCU investiga a Previ após prejuízo bilionário no Plano 1
- Especialistas apontam semelhanças com casos de má gestão no passado
- Auditoria busca garantir transparência e sustentabilidade do fundo
O Tribunal de Contas da União (TCU) iniciou uma auditoria na gestão da Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ) após o fundo registrar um rombo de R$ 14 bilhões entre janeiro e novembro de 2024.
O ministro Walton Alencar Rodrigues solicitou a investigação devido às “gravíssimas preocupações” com o resultado do Plano 1. No entanto, aadministrado pelo sindicalista João Fukunaga.
Problemas nos fundos de pensão
Especialistas afirmam que a situação da Previ não é um caso isolado no Brasil. Casos de má gestão e investimentos arriscados em fundos de pensão de estatais já geraram prejuízos bilionários no passado.
Entre 2015 e 2016, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) investigou suspeitas envolvendo os fundos da Caixa Econômica Federal (Funcef), Correios (Postalis), Petrobras (Petros) e a própria Previ. O relatório da CPI apontou perdas de R$ 6 bilhões e indícios de fraudes e infrações administrativas em 353 casos.
Foco na transparência
Gilberto Braga, professor de finanças do MBA do Ibmec, destaca que a auditoria do TCU é essencial para garantir a transparência da gestão. Além da sustentabilidade dos planos de previdência.
Segundo ele, apenas uma análise independente pode determinar se os prejuízos são temporários ou se colocam em risco o futuro dos beneficiários.
“O histórico de prejuízos em fundos de pensão ligados a estatais demonstra a importância de uma governança corporativa sólida. Investimentos inadequados ou duvidosos comprometem a confiança dos participantes e a viabilidade do sistema previdenciário”, afirmou Braga.
O passado e o presente
Renan Silva, professor de economia do Ibmec, ressalta que o prejuízo atual da Previ decorre, em grande parte, dos investimentos em renda variável, ou seja, em empresas listadas na bolsa de valores.
Essa característica difere das perdas registradas há uma década, que envolviam ativos ilíquidos, como empresas em fase pré-operacional ou startups.
“A análise independente é essencial para entender se o prejuízo está relacionado a oscilações do mercado ou a decisões de investimento equivocadas”, explicou Silva.
O gestor da Black Swan, Luigi Micales, lembra que, em 2014, o Postalis acumulou um rombo de R$ 5,6 bilhões devido a investimentos arriscados em títulos da Venezuela e da Argentina. Situações como essa reforçam a necessidade de uma gestão criteriosa e da diversificação dos investimentos.
Garantia do “futuro dos beneficiários”
O advogado Emanuel Pessoa destaca que compreender as causas do prejuízo da Previ é essencial para avaliar a capacidade do fundo de honrar seus compromissos futuros. Ele alerta que perdas estruturais são mais preocupantes do que as conjunturais, pois podem comprometer a sustentabilidade a longo prazo.
“Os participantes dependem desses recursos para a aposentadoria, o que torna indispensável uma análise precisa sobre a origem do rombo e as medidas necessárias para evitar novos prejuízos”, concluiu Pessoa.
Com a auditoria em andamento, o mercado aguarda os resultados para entender o impacto da crise na Previ. E, assim, as medidas que serão adotadas para garantir a estabilidade financeira do fundo.