
- Empresas brasileiras distribuíram 9% menos dividendos em 2024, com destaque para a Petrobras e a Vale
- Enquanto o Brasil enfrentou desafios, a China e o setor financeiro global impulsionaram o crescimento dos dividendos
- O setor financeiro, especialmente os bancos, foi responsável por grande parte do crescimento global de dividendos
O cenário de distribuição de dividendos pelas empresas brasileiras em 2024 reflete um ano de desafios. Segundo o Índice Global de Dividendos da Janus Henderson, as companhias locais apresentaram uma queda de 9% no total de dividendos distribuídos, em relação ao ano anterior.
O cenário foi ainda mais impactante no último trimestre, quando a redução foi de 28,7%. Em números absolutos, as empresas brasileiras somaram US$ 22,4 bilhões em dividendos aos acionistas.
Petrobras lidera distribuição de dividendos
A gigante estatal Petrobras (PETR4) teve um papel crucial nos números globais. A empresa foi responsável por quase metade do total distribuído pelas empresas brasileiras, com US$ 10,83 bilhões.
A Petrobras ocupa o 14º lugar no ranking mundial de dividendos, destacando-se no cenário global, mas também refletindo as adversidades enfrentadas no último trimestre de 2024.
Apesar da queda significativa, a Petrobras segue sendo um pilar central para os investidores no Brasil, com uma participação expressiva na distribuição global de dividendos.
Sua liderança é indicativa de uma recuperação parcial da empresa, que foi impactada pela instabilidade do mercado, mas conseguiu manter-se entre as maiores distribuidoras do mundo.
Vale e o desempenho do setor de mineração
A segunda empresa brasileira no ranking é a mineradora Vale (VALE3), que distribuiu US$ 4,16 bilhões, apesar de um desempenho muito abaixo das expectativas. A empresa sentiu a queda generalizada no setor de mineração, o que influenciou diretamente o volume de dividendos pagos.
Embora tenha registrado uma redução, o valor ainda é relevante no contexto brasileiro, representando uma das principais fontes de retorno para os acionistas.
O impacto do desempenho global das commodities, especialmente dos metais e minerais, foi um dos fatores determinantes para o fraco desempenho da Vale em 2024.
A volatilidade do mercado internacional e as dificuldades econômicas no Brasil contribuíram para a queda nos lucros da mineradora e, consequentemente, para a redução no valor dos dividendos distribuídos.
Mercado global e outros países emergentes
Se o Brasil enfrentou desafios em sua distribuição de dividendos, o panorama global trouxe resultados diferentes. No ranking de mercados emergentes, a China se destacou, com um aumento de 17,8% nos dividendos distribuídos, atingindo um recorde de US$ 62,7 bilhões.
Isso foi impulsionado principalmente pelos setores financeiro e tecnológico, com gigantes como Alibaba desempenhando papel fundamental no crescimento global.
Em contraste, os dividendos em países latino-americanos apresentaram resultados mistos. O México, por exemplo, registrou um aumento de 4,3% nos dividendos, impulsionado principalmente pela Femsa e pelo Grupo México, apesar de cortes em outras empresas.
Já a Colômbia e o Chile enfrentaram quedas significativas, com destaque para a Ecopetrol e o conglomerado Empresas Copec, cujos pagamentos sofreram uma redução de 28,7% no ano.
Setor financeiro e o crescimento global
Embora o Brasil tenha visto uma queda no pagamento de dividendos, o crescimento global foi impulsionado pelo setor financeiro. No mundo, os dividendos nominais atingiram um recorde de US$ 1,75 trilhão em 2024, com um aumento ajustado pela inflação de 5,2%. A principal contribuição veio dos bancos, que seguiram uma tendência de aumento dos pagamentos aos acionistas.
Além disso, empresas como Meta, Alphabet e Alibaba, que começaram a distribuir dividendos em 2024, tiveram um impacto desproporcional no índice global, com US$ 15,1 bilhões pagos, representando cerca de 20% do crescimento global de dividendos.