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Quem é Aloízio Mercadante: futuro novo presidente do BNDES

Foto/Reprodução GDI
Foto/Reprodução GDI

O presidente eleito Lula (PT), anunciou na terça (13) o nome do ex-ministro Aloizio Mercadante para a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Mercadante é de Santos (SP) e iniciou a carreira política em movimentos estudantis. Depois presidiu instituições de representação de professores. Atua no Partido dos Trabalhadores (PT) desde 1980 e em 1985 ajudou a fundar a Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Mercadante foi deputado federal por dois mandatos. Em 2003, foi eleito senador por São Paulo, com a maior votação da história até então.

Já no governo federal, foi ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação. Também chefiou a pasta da Educação por duas vezes; além de exercer o cargo de ministro-chefe da Casa Civil, no segundo governo da presidente Dilma Rousseff (PT).

Alvo de inquérito no Supremo por caixa 2 dois

Ainda na Casa Civil, Mercadante virou alvo de inquérito no Supremo, baseado em delação do empreiteiro Ricardo Pessoa, delator da Lava Jato.

Segundo Ricardo Pessoa, Mercadante participou de reunião em que foi acertada uma contribuição em “caixa dois” para sua campanha ao governo paulista, em 2010.

Pelo acordo, R$ 250 mil foram entregues oficialmente e outros R$ 250 mil sem declaração oficial, afirmava o delator.

Em nota, Mercadante disse que a acusação de “caixa dois” para sua campanha é absolutamente insustentável.

O então ministro confirmou reunião com Pessoa, mas afirmou que R$ 500 mil recebidos por sua campanha em 2010 foram integralmente declarados à Justiça Eleitoral.

A campanha de Mercadante recebeu R$ 250 mil da UTC e foi declarada à Justiça Eleitoral conforme recibo eleitoral nº 13001092079 apontou o político.

Da Constran Construções, a campanha recebeu R$ 250 mil e a quantia foi declarada no recibo eleitoral nº 13001092017.

Depois, em 2018, o Ministério Público de São Paulo pediu o arquivamento da denúncia contra o ex-ministro petista Aloizio Mercadante por caixa dois, por falta de provas.

Tentou atrapalhar depoimento na Lava Jato

A Procuradoria-Geral da República (PGR) recebeu do então senador Delcídio Amaral (PT-MS) uma gravação que revelava a tentativa de Mercadante, então ministro da Educação, de oferecer ajuda política e financeira para evitar que Delcídio firmasse acordo de delação premiada na Operação Lava Jato.

Mercadante não falou diretamente com Delcídio, mas teria se reunido duas vezes com um assessor de confiança do senador do PT chamado José Eduardo Marzagão, que gravou as conversas.

Os encontros ocorreram no gabinete do ministro.

Aos procuradores da República, o senador do PT contou que, nas conversas mantidas com seu assessor, Mercadante queria transmitir a mensagem de que Delcídio não deveria dar informações ao Ministério Público sobre fatos relacionados à Lava Jato.

“[Mercadante] disse a Eduardo Marzagão para o depoente ter calma e avaliar muito bem a conduta a tomar diante da complexidade do momento político; que a mensagem de Aloísio Mercadante, a bem da verdade, era no sentido do depoente não procurar o Ministério Público Federal, para, assim, ser viabilizado o aprofundamento das investigações da Lava Jato”.

Afirmava o documento.

Segundo Delcídio relatou ao Ministério Público na época, Mercadante ofereceu ajuda para solucionar questões “financeiras” e o pagamento de advogados no processo da Lava Jato.

“Que Aloísio Mercadante também afirmou que, em pouco tempo, o problema do depoente seria esquecido e que ficaria bem; que sabe dizer que, em dado momento, Eduardo Marzagão mencionou que o depoente e sua família estavam gastando dinheiro com advogados e, para tanto, colocando imóvel à venda; que naquele momento, Aloísio Mercadante disse que a questão financeira e, especificamente, o pagamento de advogados, poderia ser solucionado, provavelmente por meio de empresa ligada ao PT”.

Contou Delcídio no depoimento aos procuradores da República.

Mercadante, respondeu ao depoimento negando que tentou impedir a delação premiada do senador.

Suposto envolvimento no escândalo dos “aloprados”

Em 2006, a apenas duas semanas do primeiro turno das eleições, integrantes do PT foram presos pela Polícia Federal ao tentar comprar um dossiê contra o então candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra.

O então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tentando diminuir a importância do episódio, afirmou que aquilo era obra de “um bando de aloprados”, expressão pela qual o caso é lembrado até hoje.

Entre os petistas presos em flagrante, estavam integrantes da campanha de Aloizio Mercadante (PT) ao governo de São Paulo, adversário direto de Serra na disputa, e pessoas próximas ao presidente Lula.

O coordenador da campanha de Mercadante, Hamilton Lacerda, foi filmado entrando com uma mala no hotel onde seriam presos dois dos “aloprados”.

Como dito, o adversário de Mercadante em 2006 era José Serra, um dos alvos do falso dossiê. Em 2011, VEJA revelou conversas com colegas de PT em que o ‘aloprado’ Expedito Veloso diz que Mercadante foi mentor e um dos arrecadadores do dinheiro para a montagem da farsa de 2006.

Mercadante afastou Lacerda em 2006. Foi indiciado.

Para a PF, o dinheiro do dossiê saiu do caixa 2 de sua campanha ao govern, mas como Mercadante era senador, o caso foi para o STF, que anulou o indiciamento por falta de provas.

Depois assumiu como ministro da Ciência e Tecnologia por Dilma e por causa das revelações de Expedito Veloso, foi convidado a esclarecer no Senado suas ligações com o escândalo.

Na época, ele disse que a compra do dossiê foi obra de petistas adeptos do vale-tudo eleitoral e que não sabia de nada.

Empresa de filho de Aloizio Mercadante fatura R$148 milhões no governo

A Petra Energia S/A, que tem como vice-presidente Pedro Barros Mercadante Oliva, filho de Mercadante, faturou R$ 148,1 milhões do governo federal entre 2013 e 2014, quando o petista se transformou no poderoso chefe da Casa Civil.

Segundo o Sistema Integrado de Informações Financeiras do Governo Federal (Siafi), a verba foi empenhada pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, que foi comandado por Mercadante nos anos de 2011 a 2012.

Da verba empenhada pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do ministério, R$ 47,1 milhões já foram pagos à empresa de Pedro Barros Mercadante.

Em 2013, o ministério empenhou R$ 42,8 milhões para a Petra Energia em agosto, e mais R$ 47,6 milhões no mês seguinte, setembro.

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