- Com juros altos, títulos públicos oferecem retornos de até 15% ao ano, atraindo investidores em busca de boas oportunidades
- A alta nos juros é impulsionada pela incerteza fiscal interna e o cenário internacional, especialmente a possível eleição de Donald Trump
- Apesar das boas perspectivas, o analista Rodrigo Cohen alerta sobre os riscos de marcação a mercado, que podem gerar perdas em vendas antecipadas
- Cohen recomenda diversificar a carteira com diferentes tipos de títulos e enfatiza a importância de uma reserva de emergência antes de investir
A renda fixa no Brasil está experimentando um dos seus melhores momentos nos últimos anos. Com a alta das taxas de juros, os investidores têm encontrado nos títulos públicos uma das opções mais atrativas do mercado financeiro.
Papéis como os pré-fixados, por exemplo, já oferecem taxas que ultrapassam os 15% ao ano. Dessa forma, o que tem atraído cada vez mais aplicadores em busca de bons rendimentos.
Além disso, os títulos atrelados ao IPCA, índice de inflação oficial, estão oferecendo rendimentos superiores a 7% acima da inflação. Ainda, o que torna o cenário ainda mais vantajoso para quem busca preservar o poder de compra a longo prazo.
Escalada da dívida pública
A alta nos juros, que tem sido uma das principais características do cenário econômico brasileiro, é explicada principalmente pela situação fiscal do país.
A escalada da dívida pública e o pacote de corte de gastos proposto pelo governo não são considerados suficientes para conter os problemas fiscais, o que provoca uma pressão sobre os juros.
Além disso, o cenário internacional também contribui para essa conjuntura, com o receio de uma possível eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos. O impacto dessa situação pode resultar em inflação mais alta globalmente, o que tende a elevar ainda mais as taxas de juros no Brasil.
O analista de investimentos Rodrigo Cohen acredita que a renda fixa continuará sendo uma opção atrativa até 2025, pelo menos.
Em entrevista ao CNN Money, ele destacou que o Brasil, tradicionalmente, é um país em que a renda fixa desempenha um papel central nos investimentos.
“O Brasil é o país da renda fixa, felizmente ou infelizmente, dependendo para quem. A gente realmente tem aí um ano que promete a renda fixa continuar, pelo menos final de 2024, início de 2025”, afirmou Cohen.
Bom pro investidor, ruim pra economia
Embora o cenário seja positivo para quem investe em renda fixa, o analista também alerta sobre os riscos envolvidos. Principalmente quando se trata de marcação a mercado.
A marcação do mercado é um processo que ajusta o valor de um ativo de acordo com o seu preço atual de mercado. No entanto, o que pode resultar em perdas caso o investidor precise vender o título antes do vencimento.
“Se você precisar tirar o dinheiro antes, você corre o risco de tirar menos dinheiro”, explicou.
Para aqueles que buscam investimentos de curto prazo ou desejam montar uma reserva de emergência, Cohen recomenda o Tesouro Selic. No entanto, “que é mais seguro e tem menor volatilidade”.
Já para os investidores com uma visão de longo prazo, os títulos pré-fixados e os IPCA+ são opções mais indicadas, pois oferecem maior rentabilidade.
Cohen também orienta os investidores iniciantes a diversificarem suas carteiras, misturando diferentes tipos de títulos de acordo com seu perfil de risco e seus objetivos financeiros.
“Começa diversificando, coloca um pouquinho no pré-fixado, coloca um pouquinho no Tesouro Selic e coloca um pouquinho no IPCA+, e vê como a sua carteira vai se comportar”, sugeriu o analista.
Por fim, ele enfatiza a importância de ter uma reserva de emergência antes de considerar qualquer outro investimento.
A recomendação é ter um colchão financeiro suficiente para cobrir de seis a nove meses de despesas, garantindo que o investidor esteja preparado para imprevistos sem precisar mexer em seus investimentos de longo prazo.
“Se não tem isso, nem pense no próximo passo”, alerta Cohen.
Com a alta das taxas de juros e a estabilidade relativa da renda fixa no Brasil, esse tipo de investimento deve continuar atraindo interessados, principalmente aqueles que buscam segurança e rentabilidade em um cenário econômico incerto.
A diversificação e o planejamento financeiro são, portanto, fundamentais para aproveitar as oportunidades do momento sem comprometer a saúde financeira.