- O México enviou 10 mil soldados à fronteira com os EUA para combater o tráfico de fentanil e a imigração ilegal, como parte de um acordo bilateral
- O envio das tropas ocorre após o presidente dos EUA, Donald Trump, suspender a ameaça de tarifas sobre importações mexicanas, em troca de ações mais rigorosas contra o tráfico de drogas
- Especialistas alertam que a concentração das tropas na fronteira pode deixar outras áreas do México vulneráveis à violência do crime organizado
Na manhã de terça-feira (04), o México enviou centenas de soldados à fronteira com os EUA para cumprir o acordo e evitar tarifas comerciais agressivas.
O México se comprometeu a aumentar a repressão ao tráfico de fentanil, uma droga altamente letal, e a combater as redes de imigração ilegal. Ainda, com foco especial nos estados fronteiriços de Baja California, Sonora e Tamaulipas.
Essa operação ocorre como um reflexo do anúncio feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de suspender a imposição de tarifas de 25% sobre importações mexicanas.
Tropa mexicana
O envio das tropas mexicanas faz parte de um acordo fechado na última segunda-feira, no qual o México se compromete a intensificar a segurança na sua fronteira para impedir o tráfico de fentanil. No entanto, a substância responsável por um grande número de overdose nos EUA.
Em contrapartida, o governo norte-americano concordou em suspender as tarifas ameaçadas, que afetariam fortemente a economia mexicana. A presidente do México, Claudia Sheinbaum, também destacou que os Estados Unidos trabalharão no sentido de interromper o envio de armas de alto poder para o México. Dessa forma, uma medida igualmente importante para o controle da violência no país latino-americano.
Fontes militares e governamentais confirmam que 10 mil soldados serão enviados para as regiões com maior tráfico de drogas e imigração ilegal. Esses militares terão como missão evitar o fluxo de fentanil para o norte e combater o contrabando de armas.
A fronteira entre o México e os EUA tem sido um ponto crítico, com o tráfico de drogas e a chegada de imigrantes ilegais gerando grande pressão tanto nas autoridades mexicanas quanto nas americanas. Com o aumento das patrulhas, espera-se uma redução no número de atividades ilícitas nas regiões mais afetadas.
O que dizem os especialistas
O plano de ação do México, contudo, não está isento de críticas. Especialistas em segurança pública e pesquisadores alertam que a mobilização maciça de tropas na fronteira pode deixar outras áreas do país vulneráveis. Em especial, nas zonas urbanas e nas regiões mais afastadas, onde o crime organizado também tem forte presença.
Andrés Sumano, do Colef, disse que a presidente mexicana tomou a decisão sob grande pressão.
“A presidente tinha uma arma apontada para a cabeça para tomar uma decisão como essa”, disse Sumano, se referindo às graves consequências econômicas que uma guerra comercial entre os dois países poderia gerar.
Se as tarifas fossem aplicadas, o México poderia entrar em recessão, e os consumidores americanos enfrentariam preços mais altos em produtos essenciais, como carros e caminhões.
Cenário político
Além disso, a situação política do México também contribui para um cenário de incerteza. O país enfrenta um aumento da violência em diversas partes, com organizações criminosas dominando áreas estratégicas.
Alguns analistas consideram que a grande concentração de tropas na fronteira pode reduzir ainda mais a presença do Estado em outras regiões do país. Assim, enfraquecendo as operações de segurança em locais com altas taxas de homicídios e crimes violentos.
O acordo entre os Estados Unidos e o México é um reflexo das tensões comerciais e da crescente pressão política sobre o governo mexicano para lidar com a crise do fentanil, que tem se alastrado rapidamente.
O tráfico dessa substância tem gerado uma crise de saúde pública nos EUA, com milhares de mortes por overdose, e se tornou um ponto focal nas relações bilaterais.
A quantidade de fentanil que entra nos Estados Unidos pelo México cresceu nos últimos anos. Dessa forma, alimentando uma grande demanda por ações mais eficazes de controle na fronteira.
Pressão interna dos EUA
O México intensifica suas operações contra o tráfico de drogas e imigração ilegal, enquanto o governo de Trump enfrenta pressão interna para garantir o cumprimento do acordo e a interrupção do fluxo de drogas e armas. Caso contrário, é possível que as tarifas possam ser reimpostas, prejudicando ainda mais a economia mexicana.
Por enquanto, a mobilização das tropas mexicanas é vista como uma tentativa de resolver um problema de longo prazo. Assim, com grande repercussão econômica e política para ambos os países. No entanto, o verdadeiro impacto dessa medida dependerá de sua implementação e dos efeitos que terá sobre a segurança interna do México e sobre suas relações com os Estados Unidos a longo prazo.