Economia Brasileira

Selic mais alta impacta cotidiano dos brasileiros e torna famílias mais endividadas

Um aumento tão elevado assim não acontecia desde maio de 2022, quando também chegou a 1 ponto. 

Com Selic a 2 veja onde investir
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A alta da taxa Selic, atualmente em 12,25% ao ano, conforme decidido pelo Comitê de Política Monetária (Copom) na última reunião, segue afetando diretamente o dia a dia das famílias brasileiras e das empresas, com consequências mais severas para a população de baixa renda. Um aumento tão elevado assim não acontecia desde maio de 2022, quando também chegou a 1 ponto. 

Dados recentes do Banco Central mostram que o endividamento das famílias brasileiras atingiu 51,7% da renda anual disponível, um recorde histórico. A elevação da Selic encarece o crédito, tornando as dívidas como cartão de crédito e empréstimos pessoais ainda mais onerosos, o que pressiona os orçamentos domésticos. Para as famílias de baixa renda, essa situação reduz o poder de compra e dificulta o acesso a financiamentos essenciais. Menos compras parceladas, investimentos em reformas e construções menores e o crescimento das dívidas com mais de 90 dias. 

A alta da Selic também encarece os custos de crédito também para as empresas, especialmente as pequenas e médias, que dependem de financiamentos para expandir seus negócios e gerar capital de giro. Com taxas mais altas, muitos empresários têm adiado projetos de crescimento ou optado por operar com recursos limitados, o que impacta diretamente a geração de empregos e a recuperação econômica do país. O famoso “empurrar com a barriga”, contratando-se novos empréstimos para sanar dívidas essenciais, com juros mais altos e aí segue a grande “bola de neve” que tira o sono de milhões de brasileiros. 

Para Fernando Lamounier, educador financeiro e diretor da Multimarcas Consórcios, o aumento da taxa de juros pode provocar maior inadimplência. 

“Pessoas que dependem de crédito bancário podem encontrar dificuldades para pagar suas dívidas, especialmente se sua renda não acompanha a elevação nos custos financeiros, o que pode resultar em não pagamento de dívidas”.

Para a reta final de 2024, o brasileiro está com menos poder de compra para gastar nas festas de final de ano, nas férias dos filhos, já pensando nas taxas e impostos de começo de ano como IPVA, IPTU, matrícula escolar, compra de material, entre outros. 

Outro setor impactado pela alta da taxa básica de juros foi o imobiliário. Os financiamentos foram um dos setores mais afetados pela alta da taxa básica de juros. Com as parcelas mais caras, a compra de imóveis se tornou inacessível para muitas famílias mesmo para programas como o “Minha Casa, Minha Vida” do Governo Federal. Uma alternativa que tem ganhado força é o consórcio de imóveis, que oferece uma forma mais acessível de planejamento financeiro para a aquisição de propriedades sem os juros elevados dos financiamentos tradicionais.

Para 2025, Fernando Lamounier projeta um aumento na procura por consórcios imobiliários, especialmente entre aqueles que buscam fugir dos altos custos dos financiamentos bancários e desejam planejar a compra de forma mais sustentável. 

“A tendência de aumento da taxa Selic tem consequência direta nos consórcios pois, quanto maior a taxa Selic, maior o valor dos financiamentos imobiliários, de automóveis, entre outros. Isso faz com o que o custo final para se financiar seja mais alto e cada vez mais atrativo o valor dos consórcios, já que o consórcio não tem juros, somente taxas de administração”, afirma o especialista.

O cenário econômico brasileiro para o próximo ano sugere uma desaceleração gradual da inflação, mas a Selic deve permanecer em patamares elevados no primeiro semestre, como medida de controle fiscal. A expectativa é que a taxa comece a recuar no segundo semestre, estimulando a retomada da economia e abrindo espaço para a redução dos custos de crédito e a ampliação do consumo interno.

Nesse contexto, as famílias e empresas precisarão buscar estratégias de gestão financeira mais eficientes, como alternativas ao crédito tradicional e um consumo mais consciente, para superar os desafios econômicos do próximo ano”, finaliza o especialista.