Instituto Precionado

Servidores do IBGE acusam Pochmann de "assédio moral e retaliação"

Servidores do IBGE denunciam Marcio Pochmann por assédio e retaliação. Acusam gestão de perseguição política e transferências forçadas. Governo promete apuração.

Servidores do IBGE acusam Pochmann de "assédio moral e retaliação"
  • Carta enviada ao MGI e ao MPF afirma que realocação visou expor funcionários a riscos.
  • Mais de 130 servidores criticaram a gestão e a criação da Fundação IBGE+.
  • Pasta afirma tratar o caso com seriedade; IBGE não comentou diretamente as acusações.

Servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) denunciaram a gestão do presidente Marcio Pochmann por assédio moral e retaliação institucional. O grupo formalizou as acusações em uma carta enviada ao Ministério da Gestão e Inovação (MGI) e ao Ministério Público Federal (MPF).

Conforme o documento, 11 funcionários das gerências de Sistematização de Conteúdos Informacionais (Gecoi) e de Editoração (Gedi) relataram transferências forçadas de local de trabalho. Segundo os relatos, a realocação da unidade da Tijuca para Parada de Lucas, ambas no Rio de Janeiro, ocorreu como represália por posturas técnicas adotadas anteriormente.

Servidores acusam coerção velada e riscos à integridade

Os trabalhadores argumentam que a nova sede fica localizada em uma região de risco elevado. Além disso, afirmam que a mudança foi feita sem justificativas funcionais plausíveis. Embora o IBGE alegue a necessidade de aproximação aos serviços gráficos, os servidores contrapõem, dizendo que suas funções não exigem contato direto com essa estrutura.

Por esse motivo, classificam a medida como retaliação velada. A transferência, segundo o grupo, tenta constranger e dificultar a permanência dos profissionais em seus cargos. Portanto, enxergam a decisão como uma tentativa de intimidação.

Tensão institucional se arrasta desde 2023

Esse episódio se soma a uma série de atritos que se intensificaram desde a nomeação de Pochmann, em agosto de 2023. Em janeiro deste ano, dois diretores — das áreas de Pesquisas e Geociências — pediram exoneração, alegando dificuldades de diálogo com a presidência.

Pouco depois, 136 servidores divulgaram uma carta pública que denunciou um suposto “viés autoritário, político e midiático” na condução do órgão. Além disso, o documento criticou a criação da Fundação IBGE+, uma entidade público-privada que, segundo os signatários, ameaça a autonomia e a neutralidade estatística do instituto.

Portanto, as novas denúncias aprofundam o desgaste entre a gestão atual e os quadros técnicos.

Governo afirma que apura a situação

O Ministério da Gestão, liderado por Esther Dweck, confirmou o recebimento da carta. Segundo a pasta, todas as manifestações de servidores públicos são tratadas com seriedade. Caso se verifique alguma irregularidade, o governo promete apurar os fatos por meio dos canais administrativos competentes.

Além disso, parlamentares da oposição se articulam para convocar Pochmann a prestar esclarecimentos no Congresso. Enquanto isso, representantes da base governista alegam que mudanças administrativas são esperadas em qualquer processo de reestruturação interna.

Ainda assim, as denúncias reacendem o debate sobre a preservação da autonomia técnica do IBGE.

IBGE nega acusações e fala em reestruturação

A presidência do IBGE ainda não comentou diretamente a nova denúncia. No entanto, em notas anteriores, a autarquia declarou que as alterações fazem parte de um processo de reestruturação institucional. A gestão afirma que busca modernizar fluxos e valorizar os servidores.

Apesar da justificativa oficial, os relatos recentes dos servidores indicam um cenário de fragilidade institucional crescente e preocupante. Para eles, a ausência de diálogo, combinada à falta de critérios transparentes nas mudanças, reforça a percepção de autoritarismo. Além disso, também denunciam que os impactos já se refletem na desmotivação das equipes e no atraso de diversas entregas técnicas.

Contudo, os denunciantes alegam que a administração ignora o conhecimento técnico das equipes. Segundo eles, as mudanças ocorrem sem diálogo e comprometem a credibilidade da produção estatística nacional.

Adicionalmente, especialistas alertam que, caso a tensão interna se prolongue, o órgão pode enfrentar dificuldades para manter quadros experientes. Isso, por consequência, afetaria a qualidade das pesquisas econômicas e sociais.

Luiz Fernando
Estudante de Jornalismo, apaixonado por esportes, música e cultura num geral.