Dívida pública do Brasil ultrapassa os R$ 9 trilhões e atinge 78,6% do PIB em outubro
A dívida pública do Brasil atingiu um marco histórico de R$ 9,032 trilhões em outubro, de acordo com dados divulgados pelo Banco Central. Esse número representa um crescimento na relação Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) como proporção do Produto Interno Bruto (PIB), que passou de 78,2% em setembro para 78,6% em outubro. No final de 2023, a proporção era de 74,42%, evidenciando uma aceleração no endividamento ao longo deste ano.
Evolução da dívida em números
Em termos absolutos, a DBGG cresceu de R$ 8,928 trilhões em setembro para R$ 9,032 trilhões em outubro, um aumento de mais de R$ 100 bilhões em apenas um mês. Comparando com dezembro de 2023, quando estava em R$ 8,079 trilhões, o incremento foi de aproximadamente R$ 953 bilhões em menos de um ano.
Apesar disso, o patamar atual da dívida ainda está distante do pico registrado em dezembro de 2020, quando a DBGG alcançou 87,6% do PIB, impulsionada pelas medidas fiscais adotadas no início da pandemia de Covid-19. No entanto, o crescimento contínuo em 2024 tem preocupado economistas e agentes do mercado.
“O aumento da dívida pública é reflexo de uma combinação de fatores, como o déficit fiscal, a alta dos juros e a necessidade de financiar políticas públicas. O desafio é equilibrar isso com a sustentabilidade fiscal a longo prazo”.
Avaliou Juliana Macedo, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), ao Estadão;
Cenário histórico e desafios fiscais
O nível atual de 78,6% do PIB contrasta com os melhores momentos da série histórica. Em dezembro de 2013, a dívida bruta era de 51,5% do PIB, período marcado por superávits primários e um cenário econômico mais favorável.
Especialistas apontam que o aumento da dívida reflete, em parte, as escolhas de política fiscal do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O terceiro mandato do presidente tem priorizado a ampliação de investimentos em infraestrutura e programas sociais, mas enfrenta dificuldades em conter a trajetória de alta do endividamento.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reconheceu a preocupação com a dívida, mas defendeu as medidas adotadas pelo governo.
“Estamos trabalhando para combinar crescimento econômico e inclusão social. Isso exige investimentos e, portanto, uma gestão cuidadosa das contas públicas”.
Afirmou Haddad em um evento recente.
Por outro lado, a oposição critica o governo, afirmando que a política fiscal atual pode agravar o cenário econômico. “Sem reformas estruturais e um compromisso claro com o ajuste fiscal, o Brasil corre o risco de perder credibilidade e enfrentar custos ainda maiores para financiar sua dívida”, alertou o deputado Eduardo Moreira (PSDB-SP).
Taxa de juros e impacto no serviço da dívida
Outro fator que pressiona o endividamento é o custo do serviço da dívida. Com a taxa Selic mantida em 12,75% pelo Banco Central, o pagamento de juros continua a consumir uma parcela significativa do orçamento público. Segundo estimativas de mercado, cada ponto percentual na Selic adiciona cerca de R$ 50 bilhões ao custo da dívida por ano.
“A combinação de juros elevados e déficit primário dificulta qualquer tentativa de estabilizar a relação dívida/PIB. O Brasil precisa urgentemente de reformas que melhorem a eficiência do gasto público e ampliem a base de arrecadação”.
Explicou o economista João Carlos de Oliveira, da XP Investimentos, ao Estado de SP.
Perspectivas e caminhos para o futuro
Diante do atual cenário, analistas sugerem que o governo priorize o equilíbrio fiscal para evitar um aumento ainda maior do endividamento. “
Embora o patamar atual não seja o maior da história, a trajetória de alta levanta preocupações sobre a capacidade do país de manter sua dívida em níveis sustentáveis.