
- Apesar do saldo negativo, o resultado é o melhor para o período desde 2022, indicando uma leve recuperação.
- União responde por R$ 989 milhões em déficit, enquanto estados tiveram superávit de R$ 681 milhões.
- A ministra Esther Dweck afirma que despesas seguem planejamento e não comprometem a estabilidade das contas públicas.
As empresas estatais brasileiras encerraram o primeiro bimestre de 2025 com um déficit de R$ 707 milhões, conforme dados divulgados pelo Banco Central nesta terça-feira (8).
Embora o resultado seja negativo, representa uma melhora de 39,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando o rombo foi de R$ 1,168 bilhão.
O governo federal, por sua vez, nega que o número represente um rombo estrutural e afirma que os gastos das estatais estão dentro do planejado e são sustentáveis.
Federais lideram perdas; estaduais amenizam resultado
De acordo com os dados oficiais, as empresas controladas pela União puxaram o déficit observado entre janeiro e fevereiro. Sozinhas, essas companhias acumularam um saldo negativo de R$ 989 milhões no período.
Entre os motivos citados por especialistas estão o aumento de despesas operacionais, repasses a fundos setoriais e a continuidade de investimentos públicos em áreas estratégicas.
As estatais estaduais, por outro lado, contribuíram positivamente para o quadro. Elas fecharam o bimestre com superávit de R$ 681 milhões, ajudando a reduzir o impacto agregado do déficit federal.
Já no nível municipal, as empresas tiveram resultado negativo de R$ 398 milhões, valor que se manteve relativamente estável frente a anos anteriores. Esse desempenho misto entre esferas revela diferenças importantes de gestão, eficiência e capacidade arrecadatória entre os entes federativos.
Déficit recua frente a 2024, mas segue no radar
Apesar do saldo negativo, o resultado de 2025 aponta uma trajetória mais positiva do que nos últimos anos. Em 2024, o déficit no mesmo período chegou a R$ 1,168 bilhão e em 2023, o rombo bimestral ultrapassou os R$ 2 bilhões.
Já no encerramento de 2024, o acumulado anual de déficit das estatais foi de R$ 8,07 bilhões — o pior resultado desde 2002, ano de início da série histórica do Banco Central.
Portanto, mesmo com a melhora, o sinal de alerta permanece. Nesse sentido, analistas do mercado recomendam cautela ao avaliar os dados, destacando que elas (as empresas) concentram parte das despesas nos primeiros meses do ano.
Ademais, economistas ouvidos por veículos como o Poder360 afirmam que devemos observar com atenção a recuperação parcial vista em 2025, já que as estatais ainda enfrentam riscos estruturais no cenário fiscal.
Governo nega rombo e reforça planejamento orçamentário
A ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck, defendeu publicamente que o déficit registrado não configura desequilíbrio fiscal. Ela afirma que muitas das despesas realizadas pelas estatais financiam-se com recursos próprios, provenientes de receitas obtidas nos anos anteriores.
Além disso, a ministra explicou que gastos elevados no início do ano são comuns e refletem ciclos de execução orçamentária. Ela também destacou que as estatais mantêm reservas financeiras que permitem a continuidade dos serviços públicos sem comprometer a saúde fiscal.
O Ministério da Gestão afirma que acumulou esses recursos ao longo dos anos justamente para momentos de maior necessidade de desembolso. Esther ainda apontou que parte das despesas está vinculada a investimentos e programas que geram retorno econômico e social a médio e longo prazo, o que, segundo ela, justifica o perfil atual das contas.
O Tesouro Nacional reforçou essa avaliação, afirmando que déficits pontuais não representam desequilíbrio permanente e que o setor permanece sustentável.
Especialistas pedem atenção a despesas recorrentes
Mesmo com os esclarecimentos do governo, especialistas alertam para a necessidade de controle sobre despesas fixas crescentes, como salários, encargos sociais e aposentadorias. Além disso, parte das estatais depende fortemente de transferências e dividendos, o que pode gerar instabilidade caso as receitas caiam nos próximos trimestres.
Nessa linha, economistas também lembram que muitas dessas empresas operam em setores regulados, o que limita a capacidade de reajuste de tarifas e, por consequência, afeta diretamente a receita.
Sendo assim, é essencial que as companhias invistam em produtividade, inovação e modernização dos processos para reduzir custos operacionais. Outro ponto levantado por analistas é a importância de metas claras de desempenho financeiro, acompanhadas de instrumentos de transparência e governança.
Portanto, o equilíbrio das estatais dependerá da capacidade do governo em manter a disciplina fiscal, mesmo diante de pressões políticas e econômicas.