Temor dos preços

Tarifas disparam alerta e Apple vira alvo de corrida às lojas

Temor de aumento nos preços faz consumidores anteciparem compras, enquanto Apple perde meio trilhão em valor de mercado.

Imagem/Reprodução
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  • A sinalização de tarifas elevadas pela administração Trump provocou reação imediata, com consumidores buscando se antecipar a possíveis reajustes
  • Com medo de aumentos nos preços dos iPhones, compradores lotaram unidades da Apple, gerando um movimento atípico para o período
  • Funcionários relataram sensação semelhante à de datas festivas, com clientes aflitos e fazendo perguntas sobre os impactos das tarifas

A perspectiva de tarifas elevadas anunciadas pela administração Trump provocou uma reação imediata entre consumidores dos Estados Unidos. Temendo aumentos nos preços, especialmente dos iPhones, milhares de pessoas correram para as lojas da empresa durante o fim de semana.

O movimento surpreendeu funcionários, que relataram um ambiente semelhante ao das festas de fim de ano, com clientes aflitos em busca de informações e dispostos a comprar por precaução.

Segundo funcionários de unidades em diferentes regiões, a maioria dos consumidores buscava saber se os preços subiriam com as novas tarifas sobre produtos chineses. Como quase todos os iPhones são fabricados na China, a tarifa de 54% prevista pode impactar diretamente os valores cobrados ao consumidor final.

“Quase todo cliente me perguntou se os preços iam subir”, relatou um funcionário.

A ausência de orientação oficial da Apple para as lojas aumentou a incerteza, mas não impediu o aumento nas vendas. Algumas unidades relataram o maior volume de transações para um mês de abril nos últimos anos.

Apple perde US$ 500 bilhões em valor de mercado

Enquanto o fluxo de clientes aumentava nas lojas, a Apple enfrentava uma tempestade no mercado financeiro. Em apenas dois pregões, a empresa perdeu mais de US$ 500 bilhões em valor de mercado — sua pior queda em três dias desde o colapso da bolha das pontocom, em 2001.

A instabilidade reflete o temor dos investidores diante da escalada protecionista de Trump, que ameaça aumentar significativamente o custo dos produtos importados da China.

A Apple, que divulgará seus resultados fiscais do segundo trimestre em 1º de maio, ainda não comentou oficialmente sobre o impacto das tarifas. Em conferência anterior, o CEO Tim Cook afirmou que a empresa ainda analisava os desdobramentos e preferiu não entrar em detalhes.

O CFO Kevan Parekh também deve abordar o tema no encontro com investidores. Analistas apontam que, dependendo da duração e abrangência das tarifas, a Apple pode adotar medidas como cortes de margens de lucro e renegociação com fornecedores para evitar o repasse total ao consumidor.

Estratégia global tenta reduzir riscos

Apesar do cenário adverso, a Apple já vinha adotando medidas para reduzir sua dependência da produção chinesa. A empresa reforçou a fabricação de produtos na Índia e no Vietnã, contudo, países que enfrentam tarifas menos agressivas.

Atualmente, Apple Watches, AirPods, iPads e alguns modelos de Mac já são produzidos fora da China. Também há montagens sendo realizadas na Irlanda, Tailândia e Malásia.

Essa diversificação da cadeia de produção tem o objetivo de mitigar riscos geopolíticos e tarifários. No curto prazo, a Apple pode usar estoques acumulados para manter os preços estáveis, ao menos temporariamente.

Contudo, especialistas alertam que, caso as tarifas entrem plenamente em vigor, o impacto pode ser inevitável. Estimativas apontam que o preço de um iPhone possa ultrapassar US$ 1.500 em alguns modelos.

O momento é decisivo para a gigante da tecnologia. Enquanto tenta absorver os impactos econômicos e manter a confiança dos investidores, a Apple vê nas próximas semanas um teste de resiliência.

A demanda antecipada dos consumidores pode, no entanto, melhorar os resultados do terceiro trimestre fiscal, mas o cenário permanece volátil.

Para muitos clientes, como a turista Ambar De Elia, que antecipou a compra de um iPhone em Nova York, a lógica é clara:

“Se podemos pagar menos agora, é melhor garantir.”

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz
Estudante de Jornalismo, apaixonada por redação e escrita! Tenho experiência na área educacional (alfabetização e letramento) e na área comercial/administrativ