
- Reduções atingem MEC e MCTI, afetando universidades e pesquisas.
- Ministérios dizem que diálogo está em andamento com a equipe econômica.
- Oposição critica cortes, enquanto base aliada tenta minimizar impacto político.
Estudantes de universidades federais intensificaram a cobrança por explicações do governo federal após cortes significativos em áreas estratégicas da educação e da ciência. O Ministério da Educação (MEC) sofreu uma redução de aproximadamente R$ 2,7 bilhões no Orçamento de 2025 durante a tramitação no Congresso. Além disso, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) perdeu cerca de R$ 3 bilhões, afetando diretamente o financiamento de pesquisa, bolsas e programas como CNPq e Capes.
Diante disso, alunos organizados em coletivos estudantis passaram a cobrar a atuação mais firme do ministro da Educação, Camilo Santana, principalmente quanto à recomposição das verbas da pasta e à preservação dos recursos destinados ao funcionamento básico das universidades.
Mobilização nas universidades cresce em todo o país
As críticas surgiram nas redes sociais, mas também se espalharam pelos campi. Em várias instituições, estudantes realizaram assembleias, colaram cartazes e organizaram atos para exigir respostas do governo. Embora parte da mobilização tenha origem em grupos tradicionais de esquerda, as manifestações incluem alunos que apoiaram o governo Lula e se sentem frustrados com o que chamam de “descompasso entre discurso e prática”.
De acordo com representantes da União Nacional dos Estudantes (UNE), a falta de clareza sobre os cortes gera insegurança nas universidades. Muitos estudantes relataram temor pela manutenção de bolsas, restaurantes universitários e serviços essenciais ao cotidiano acadêmico.
Além disso, lideranças estudantis defendem que o governo federal priorize a recomposição da verba de custeio, para impedir que atividades básicas como aulas práticas, pesquisa de campo e laboratórios sofram paralisações nos próximos meses.
Governo promete recompor recursos, mas sem prazo definido
Em nota oficial, o Ministério da Educação informou que está em diálogo com o Ministério da Fazenda para viabilizar a recomposição do orçamento. No entanto, a pasta não apresentou cronograma nem valores exatos que serão recuperados.
Já no campo da ciência, o MCTI declarou que os cortes no Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) impactam áreas estratégicas e prejudicam a inovação. Entidades como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) também pressionam o governo para reverter as perdas.
Portanto, enquanto o governo sinaliza compromisso com a recuperação dos valores, a indefinição gera apreensão em estudantes, reitores e pesquisadores.
Reitores alertam para possível colapso nos serviços universitários
Dirigentes de universidades federais também se pronunciaram sobre a gravidade do momento. Para muitos reitores, o corte compromete o planejamento do primeiro semestre e ameaça a continuidade de contratos essenciais, como limpeza, segurança, transporte e alimentação estudantil.
Além disso, projetos de extensão e pesquisa dependem da estabilidade orçamentária para seguir em execução. Algumas instituições já estudam medidas de contenção, enquanto esperam pela reposição dos valores.
A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) reforçou que é preciso diálogo direto com o governo e planejamento de longo prazo para evitar novos colapsos.
Congresso reage, mas pressiona por equilíbrio fiscal
No Congresso Nacional, parlamentares da oposição usaram os cortes para criticar a gestão de Lula. Deputados do PL, Novo e União Brasil protocolaram requerimentos para convocar Camilo Santana e a ministra da Ciência, Luciana Santos, para prestar esclarecimentos.
Entretanto, membros da base do governo pedem cautela. Segundo eles, os cortes resultam de obrigações fiscais e devem ser corrigidos conforme a arrecadação melhore. Ainda assim, reconhecem que a situação gera desgaste político, principalmente com os setores que apoiaram a volta de Lula com a expectativa de reconstrução da educação e da ciência no país.