Prejuízo anual

Títulos do tesouro dão prejuízo de até 44% no ano, entenda

O Renda+2065 e outros títulos de inflação enfrentam quedas expressivas à medida que a Selic sobe, causando perdas significativas.

Arte/Reprodução Tesouro Nacional
Arte/Reprodução Tesouro Nacional
  • O título Renda+2065 perdeu 44% de seu valor em 12 meses, passando de R$ 287,59 para R$ 160,11 devido à alta dos juros
  • O juro real do Renda+2065 saltou de IPCA+5,52% para IPCA+7,04%, o que pressionou negativamente o preço do título
  • Outros títulos de inflação, como os de 2035 e 2045, também enfrentaram quedas significativas, de até 17%
  • Os papéis de vencimento mais curto, como o IPCA+2029, sofreram queda menor, mas ainda assim foram impactados pelas altas de juros

Com o aumento dos juros, títulos de inflação, tradicionalmente considerados mais seguros, estão sofrendo perdas drásticas. O Renda+2065, um dos mais longos e voláteis entre eles, viu seu valor cair 44% em 12 meses.

No final de 2023, o título valia R$ 287,59 e, em dezembro de 2024, caiu para R$ 160,11. A alta da Selic influencia diretamente o “juro real” pago pelos títulos, impactando negativamente o preço dessas papéis.

Previsão de juros mais elevados

Esses títulos, que pagam uma porcentagem do IPCA mais um juro real, têm visto seu “plus” crescer com as previsões de juros mais altos.

No caso do Renda+2065, a taxa de juro real saltou de IPCA+5,52% para IPCA+7,04%. Isso significa que, apesar do aumento no juro real, o valor do título diminui, e quem comprou papéis no ano passado viu o valor investido despencar. Um investimento de R$ 10 mil, por exemplo, caiu para R$ 5,6 mil.

Essa queda não é exclusiva do Renda+2065. Títulos mais curtos, como os de 2035 e 2045, também estão sentindo o impacto.

O título 2035, o mais popular, viu uma queda de 7,3% no ano, enquanto o 2045, mais longo, perdeu 17% de seu valor.

Embora o Renda+2065 seja menos popular devido ao seu vencimento em 2084, o efeito das altas taxas de juros sobre ele é mais pronunciado devido ao seu longo prazo.

Queda “modesta”

Porém, não são todos os títulos que sofrem de forma tão drástica. Os títulos mais curtos, como o IPCA+2029, têm uma queda mais modesta de 0,93%, pois os efeitos das altas de juros são menores em papéis com vencimento próximo.

Esses títulos competem diretamente com o Tesouro Selic, que sobe regularmente de acordo com as flutuações da Selic. Assim, gerando uma rentabilidade mais previsível.

No caso do Tesouro Selic, por exemplo, o rendimento de 10,80% no ano é equivalente a IPCA+6,5%. Ainda, proporcionando ganhos mais estáveis para investidores que buscam segurança.

Essa situação tem gerado preocupação no mercado, pois a alta da Selic pode tornar investimentos em renda fixa mais atrativos no curto prazo, mas, ao mesmo tempo, pressiona papéis de longo prazo, como os títulos de inflação, a perderem valor.

Efeito imediato

A queda no valor dos títulos de inflação reflete o efeito imediato das expectativas sobre a política monetária e o cenário fiscal, e os investidores que mantêm esses ativos têm enfrentado uma realidade difícil.

Para o setor de renda fixa, o panorama futuro dependerá da estabilidade da Selic e da confiança no controle da inflação.

Em resumo, o aumento das taxas de juros está resultando em perdas expressivas para investidores em títulos de inflação de longo prazo, e a rentabilidade de investimentos como o Renda+2065 está sendo severamente impactada.

O cenário de juros altos impõe desafios para quem busca segurança em ativos de renda fixa e afasta aqueles que consideravam esses títulos como uma alternativa estável.