Transição

Indicados de Lula tiveram peso maior na decisão de alta da Selic

Campos Neto destaca transição suave no BC, com Galípolo assumindo em 2025 e novas projeções econômicas

Indicados de Lula tiveram peso maior na decisão de alta da Selic

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira (19) que o peso dos votos dos diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou nas últimas semanas, principalmente o voto de Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária. Galípolo assumirá o comando da instituição em 1º de janeiro de 2025, e para Campos Neto, esse processo de transição de cargos foi facilitado pela mudança na influência dos diretores.

“O peso deles foi cada vez sendo maior que o meu, até culminar na última reunião”, disse Campos Neto, destacando que essa estratégia foi uma das mais importantes durante o período de transição. O presidente do BC também ressaltou que a medida facilita a continuidade das políticas econômicas no próximo governo e que sua equipe está bem preparada para os desafios futuros.

Projeção do PIB e inflação acima da meta

No mesmo dia, o BC divulgou o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), no qual atualizou suas projeções econômicas. O Banco Central revisou sua estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para 2024, passando de 3,2% para 3,5%. No entanto, a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), permanece fora da meta, projetando-se 5,1% para setembro de 2025.

A inflação acumulada nos 12 meses até novembro foi de 4,87%, superando a meta estabelecida de 3% e o limite superior do intervalo permitido de 4,5%. A expectativa do mercado é que a inflação se mantenha em 4,89% em 2024 e 4,60% em 2025. Para controlar a alta dos preços, o BC aumentou a taxa básica de juros, a Selic, para 12,25% ao ano em dezembro, e sinalizou um possível aumento para 14,25% até março de 2025.

Reuniões decisivas e ajustes na política monetária

Campos Neto também detalhou o impacto de sua redução de poder nas últimas reuniões do Copom, com foco em Galípolo e seus novos diretores, que serão responsáveis pelas decisões em 2025. O presidente do BC afirmou que a transição foi tratada com seriedade para garantir estabilidade nas políticas monetárias.

“Isso facilitava a passagem do bastão”, disse Campos Neto, destacando que o movimento tem como objetivo garantir que o Banco Central continue desempenhando suas funções com eficácia para a sociedade, independentemente da mudança de governo.

Por sua vez, Gabriel Galípolo, que assumirá a presidência do BC no início de 2025, aproveitou a coletiva para afirmar que a instituição tem dado uma clara demonstração de força institucional ao sinalizar novas elevações da Selic. Galípolo confirmou que o BC prevê mais duas altas de 1 ponto porcentual (100 bps) até março de 2025.

“A materialização de alguns riscos retirou alguma incerteza, permitindo que a gente enxergasse um pouco mais à frente”, afirmou Galípolo, reiterando que o BC está tomando medidas necessárias para manter a taxa de juros em um patamar restritivo e seguro para o controle da inflação. Ele completou: “Não sobra nenhuma dúvida de que o Banco Central deu um passo claro nessa direção.”

Transição e expectativas para 2025

À medida que Campos Neto deixa o cargo em 31 de dezembro, a transição para Galípolo representa uma nova fase para a política monetária do Brasil. A maior parte do Copom será formada por diretores indicados por Lula, e as expectativas são de continuidade na estratégia de controle da inflação, com juros elevados no curto prazo para assegurar a estabilidade econômica.

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