Pressão Diplomática

Trump ameaça Rússia com tarifas de até 50% no petróleo, após intensificar críticas a Putin sobre a Ucrânia

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou impor tarifas de até 50% sobre o petróleo russo caso Vladimir Putin não avance em um acordo de paz com a Ucrânia. A declaração intensificou as tensões diplomáticas e gerou reações nos mercados internacionais e entre aliados dos EUA.

Trump ameaça Rússia com tarifas de até 50% no petróleo, após intensificar críticas a Putin sobre a Ucrânia
  • Trump pressiona Rússia por acordo de paz com a Ucrânia e promete retaliações econômicas se não houver avanço.
  • Medida pode afetar o preço do petróleo e aumentar a tensão entre Estados Unidos, Rússia e países aliados da Europa.
  • Trump usa discurso firme como ferramenta para consolidar sua base e reforçar imagem de liderança forte no exterior.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou no domingo (30) que pretende impor tarifas de até 50% sobre o petróleo russo caso o presidente Vladimir Putin não avance com propostas de cessar-fogo na guerra da Ucrânia. A declaração, dada em entrevista à Fox News, intensificou as tensões diplomáticas e ganhou repercussão global ao longo da segunda-feira (31).

Durante a entrevista, Trump demonstrou frustração com o impasse nas negociações entre Rússia e Ucrânia. Ele acusou o Kremlin de prolongar o conflito de forma irresponsável e disse que os Estados Unidos não devem mais aceitar “posturas hostis disfarçadas de diplomacia”. Segundo ele, tarifas comerciais podem ser utilizadas como instrumento de pressão para acelerar a paz.

EUA sinalizam nova postura mais rígida

A proposta de tarifar o petróleo russo surge em um contexto de mudança na postura diplomática dos Estados Unidos desde a posse de Trump em janeiro. O governo atual defende que a paz só será alcançada com imposição de custos reais ao Kremlin. Por isso, Washington considera sanções econômicas mais duras como forma de provocar um recuo estratégico de Putin.

Além da Rússia, o presidente mencionou o Irã como outro país que pode enfrentar retaliações tarifárias. De acordo com ele, o apoio iraniano a grupos extremistas no Oriente Médio compromete a segurança internacional e precisa de resposta proporcional.

Sendo assim, Trump também ressaltou que pretende alinhar as futuras medidas com aliados ocidentais. No entanto, fontes diplomáticas europeias ouvidas pela CNN Brasil indicam preocupação com os possíveis efeitos colaterais sobre os mercados de energia e sobre as negociações multilaterais em andamento.

Mercado internacional reage com cautela

A sinalização de tarifas de até 50% sobre o petróleo russo gerou reação imediata nos mercados globais. O preço do barril tipo Brent subiu 1,4% nesta segunda-feira, atingindo US$ 88,20, diante do temor de que as medidas agravem a já instável cadeia global de fornecimento de energia.

Nesse sentido, analistas ouvidos pelo G1 afirmam que, embora a medida ainda não tenha sido formalizada, a simples declaração do presidente norte-americano já basta para provocar impactos no mercado. A Rússia continua sendo uma das maiores exportadoras de petróleo do mundo, e uma sanção desse porte obrigaria importadores a buscar alternativas com maior custo logístico e político.

Então, mesmo com a intenção de coordenar ações com aliados, governos europeus demonstraram desconforto. Uma autoridade da União Europeia, sob anonimato, afirmou à Folha que medidas unilaterais dos Estados Unidos podem desestabilizar a cooperação multilateral, especialmente em temas que exigem ampla coalizão, como segurança energética.

Críticas internas e reforço na base eleitoral

Nos Estados Unidos, a declaração gerou reações divididas. Parlamentares democratas criticaram o que chamaram de “política externa baseada em improvisos”, enquanto líderes republicanos elogiaram a firmeza de Trump diante da Rússia. Para aliados do governo, a medida mostra compromisso com a segurança internacional sem recorrer ao envio de tropas ou escalada militar direta.

O discurso também reforça a imagem de liderança que Trump vem cultivando desde o retorno à Casa Branca. Ele frequentemente afirma que conseguiria encerrar a guerra na Ucrânia com firmeza e pragmatismo. Ao prometer tarifas, ele tenta manter a narrativa de que só sua gestão tem força suficiente para conter adversários geopolíticos sem recorrer a conflitos armados.

Especialistas políticos avaliam que essa retórica busca fortalecer o apoio da base republicana às vésperas da abertura da janela eleitoral. Segundo eles, a política externa agressiva pode influenciar o eleitorado conservador nos estados do centro-oeste e sul do país, onde há maior preocupação com segurança nacional e energia.

Rússia ainda não respondeu oficialmente

Até o fim da tarde desta segunda-feira (31), o governo russo ainda não havia se pronunciado oficialmente sobre as declarações. No entanto, a agência estatal Tass classificou a ameaça de tarifa como “retórica populista com fins domésticos”. Ainda assim, fontes próximas ao Kremlin indicaram que o presidente Putin avalia responder diplomaticamente ao gesto de Trump.

Em paralelo, diplomatas russos afirmaram que a Rússia continuará exportando petróleo para seus principais parceiros, independentemente das ações de Washington. Entretanto, empresas russas do setor já monitoram possíveis impactos sobre contratos em andamento com empresas ocidentais.

A Casa Branca informou que a proposta de tarifa será debatida nos próximos dias com o Departamento de Energia e o Tesouro norte-americano. A expectativa é de que a medida, se levada adiante, entre em consulta pública ainda neste semestre.

Luiz Fernando
Estudante de Jornalismo, apaixonado por esportes, música e cultura num geral.