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Valor investido por fundos de Venture Capital cai 30% no Brasil

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O investimento global de Venture Capital foi de US$ 57,3 bilhões de dólares no primeiro trimestre de 2023, o nível mais baixo desde o segundo trimestre de 2017. O número também representa uma forte queda na comparação com o quarto trimestre de 2022, quando atingiu US$ 86 bilhões, e com o primeiro trimestre de 2022, quando chegou a US$ 177,6 bilhões (queda de 67,7%).

Nas Américas, o investimento de Venture Capital foi de US$ 33,1 bilhões, com 2.542 transações, no primeiro trimestre de 2023, uma diminuição em relação aos US$ 44 bilhões de dólares, em 4.050 transações, do quarto trimestre de 2022. Já no Brasil, apesar do aumento de cerca de 10% no número de rodadas de investimentos no trimestre, o valor investido caiu cerca de 30% (de US$ 240,7 milhões no último trimestre de 2022, para US$ 163,9 milhões no primeiro trimestre de 2023). Os dados constam no relatório Venture Pulse Q1 2023, da KPMG.

A KPMG destaca ainda, com base em dados fornecidos pelo Pitchbook, que o valor captado pelos fundos de Venture Capital no Brasil caiu 20% de 2021 para 2022 (US$ 797 milhões para US$ 639 milhões). Sobre o número de fundos que captaram a diminuição foi de 13 para 7 (queda de 46%) no mesmo período. Os EUA atraíram US$ 31,7 bilhões dos investimentos de Venture Capital no primeiro trimestre de 2023, mais da metade do total global. Esses investimentos caíram na Ásia de US$ 25,5 bilhões para US$ 13,5 bilhões entre o quarto trimestre de 2022 e o primeiro trimestre de 2023. Na Europa, a queda foi de US$ 15,7 bilhões de dólares no quarto trimestre de 2022 para US$ 9,8 bilhões no primeiro trimestre de 2023.

“Uma tendência, não apenas no Brasil, mas globalmente, é que os investidores estão neste momento avaliando melhor cada oportunidade e procurando rentabilidade, em vez de crescimento elevado. As avaliações estão mais realistas e os aportes mais baixos. Quando são considerados esses dois fatores, há algumas boas empresas com perfis de crescimento versus retorno, as quais atraíram os investimentos no primeiro trimestre deste ano”, afirma Rodrigo Guedes, sócio-líder de Equity Capital Markets Advisory da KPMG no Brasil.

O relatório concluiu que os investimentos em empresas de consumo e varejo provavelmente permanecerão baixos, enquanto energia alternativa e tecnologia limpa, defesa, segurança cibernética e serviços B2B são as áreas mais resilientes de investimento global. Apesar da incerteza global, os setores da energia alternativa e de tecnologia limpa continuaram a atrair financiamentos significativos em todas as regiões. A Inteligência Artificial generativa é uma área que poderia ver um pico de investimento.

“Trimestre ainda desafiador para startups em processo de captação, principalmente para rodadas late stage. Uma das razões é a dificuldade de negociar valuation com novos investidores. Enquanto fundadores e atuais investidores gostariam de manter valuation da última rodada, novos investidores têm dificuldade de aceitar tal condição e têm demonstrado maior preocupação com rentabilidade que nos anos anteriores. Além disso, atuais investidores podem não ter interesse em ‘marcar’ seus investimentos em valores que reduzirão o retorno não realizado do portfólio, podendo dificultar a captação de novo fundo. Este impasse pode ser fatal para startups que precisam de capital e para gestores que precisam demonstrar histórico de performance positiva. Neste cenário, é esperado um aumento da racionalização das operações nas startups e/ou aumento de transações de fusões e aquisições. Para rodadas seed e early stage, nota-se um ambiente ainda promissor para rodadas de captação, inclusive com surgimento de novas gestoras no país”, afirma Daniel Malandrin, sócio-líder de Venture Capital e Corporate Ventures da KPMG no Brasil.