Débito em pauta

Venezuela deve mais de R$ 10 bilhões ao Brasil

Crescimento da dívida venezuelana pressiona o Tesouro, afeta relações bilaterais e desafia estratégia do governo Lula na América Latina.

Brasília (DF), 29/05/2023 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, no Palácio do Planalto. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Brasília (DF), 29/05/2023 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, no Palácio do Planalto. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
  • A dívida da Venezuela com o Brasil cresceu R$ 311 milhões em 2025 e já ultrapassa R$ 6,5 bilhões.
  • O calote afeta diretamente o Tesouro Nacional, que precisa cobrir os valores não pagos por meio do Fundo de Garantia à Exportação (FGE).
  • A inadimplência gera desconforto diplomático e pressiona o governo Lula, que evita confrontos públicos com o regime de Nicolás Maduro.

Nos primeiros três meses de 2025, a dívida da Venezuela com o Brasil aumentou em US$ 53 milhões, totalizando US$ 1,766 bilhão. As negociações para reprogramar o pagamento seguem estagnadas, enquanto o governo brasileiro enfrenta críticas pela falta de avanços concretos.​

Crescimento da dívida e impasse nas negociações

A dívida da Venezuela com o Brasil continua a aumentar, sem perspectivas de resolução a curto prazo. De acordo com dados do Ministério da Fazenda, entre dezembro de 2024 e março de 2025, o débito cresceu de US$ 1,713 bilhão para US$ 1,766 bilhão, um acréscimo de US$ 53 milhões. Na cotação atual, isso representa aproximadamente R$ 311 milhões.

A Venezuela não tem honrado seus compromissos financeiros com o Brasil, o que gerou o aumento. A dívida refere-se a operações de financiamento às exportações de bens e serviços por empresas brasileiras. Apesar de tentativas anteriores de negociação, não houve progresso significativo.​

Em maio de 2023, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolás Maduro se reuniram em Brasília, ocasião em que a dívida era de US$ 1,27 bilhão. Naquela época, o governo estabeleceu uma mesa técnica de negociações e realizou reuniões virtuais até setembro do mesmo ano. No entanto, desde então, as tratativas não avançaram.

A falta de acordo e o contínuo crescimento da dívida têm gerado preocupações no governo brasileiro, que busca alternativas para recuperar os valores devidos. Enquanto isso, o montante continua a aumentar, agravando a situação financeira entre os dois países.

Histórico da dívida e tentativas de reprogramação

O histórico da dívida venezuelana com o Brasil é marcado por aumentos constantes e tentativas frustradas de negociação. Em julho de 2023, os governos dos dois países instalaram uma mesa técnica para discutir a reprogramação do pagamento. Foram realizadas duas reuniões virtuais até setembro, além de trocas de informações.

No entanto, essas iniciativas não resultaram em avanços concretos. Em maio de 2024, a dívida já beirava US$ 1,6 bilhão, aumentando em US$ 75 milhões até julho. De agosto a dezembro do mesmo ano, o débito cresceu mais US$ 39,7 milhões. Esse padrão de crescimento contínuo evidencia a dificuldade em estabelecer um acordo efetivo.​

A situação é agravada pela instabilidade econômica e política na Venezuela, que enfrenta desafios internos que dificultam o cumprimento de suas obrigações financeiras. O governo brasileiro, por sua vez, enfrenta críticas pela falta de resultados nas negociações e pela crescente exposição a riscos financeiros.​

Especialistas apontam que, sem uma estratégia clara e eficaz, a tendência é que a dívida continue a aumentar, comprometendo ainda mais as relações econômicas entre os dois países. A necessidade de uma abordagem mais assertiva por parte do Brasil torna-se evidente diante do cenário atual.​

Impactos econômicos e políticos para o Brasil

O crescimento da dívida venezuelana com o Brasil tem implicações significativas tanto no âmbito econômico quanto político. Economicamente, o aumento do débito representa uma perda potencial para o Tesouro Nacional, que pode ter dificuldades em recuperar os valores devidos. Além disso, a situação pode afetar a confiança de investidores e parceiros comerciais.​

Politicamente, a falta de progresso nas negociações pode ser interpretada como uma falha na política externa brasileira, especialmente considerando o relacionamento próximo entre os governos de Lula e Maduro. A oposição pode utilizar essa situação para criticar a condução das relações internacionais e a gestão dos recursos públicos.​

A crescente dívida também pode influenciar as decisões futuras do governo brasileiro em relação a financiamentos e parcerias com outros países, especialmente aqueles com histórico de inadimplência. A necessidade de estabelecer critérios mais rigorosos para concessão de crédito torna-se evidente.​

Diante desse cenário, é fundamental que o governo brasileiro adote medidas concretas para reduzir os riscos e buscar soluções eficazes para a recuperação dos valores devidos pela Venezuela. A transparência nas negociações e a comunicação clara com a sociedade são essenciais para manter a confiança nas instituições.​

Perspectivas e possíveis soluções

Para enfrentar o desafio da crescente dívida venezuelana, o Brasil pode considerar diversas estratégias. Uma delas é buscar apoio de organismos internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) ou o Banco Mundial, para mediar as negociações e propor soluções viáveis.​

Outra alternativa é a adoção de sanções econômicas ou restrições comerciais, visando pressionar o governo venezuelano a cumprir suas obrigações financeiras. No entanto, essa abordagem pode ter repercussões diplomáticas e afetar outras áreas de cooperação entre os países.​

Além disso, o Brasil também pode explorar a possibilidade de renegociar a dívida, estabelecendo novos prazos e condições de pagamento que sejam mais realistas, considerando a situação econômica da Venezuela. Essa estratégia requer flexibilidade e disposição para o diálogo por ambas as partes.​

Portanto, independentemente da abordagem escolhida, é crucial que o governo brasileiro atue de forma proativa e transparente, comunicando claramente à população os passos que estão sendo tomados para resolver a situação. A credibilidade e a responsabilidade fiscal do país dependem da eficácia dessas ações.

Luiz Fernando
Licenciado em Letras, apaixonado por esportes, música e cultura num geral.