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Especialista destaca que atividades de fusões e aquisições devem ser impactadas com novas metas fiscais do governo federal; no ano passado o Brasil recebeu R$ 121 bilhões em aquisições feitas por empresas de outros países
O novo arcabouço fiscal, aprovado nesta semana na Câmara dos Deputados, pode atrair mais investimentos ao Brasil e impulsionar as atividades de fusões e aquisições (M&A) entre empresas brasileiras e companhias de outros países. A avaliação é do economista Gabriel Loest Cardoso, sócio da Redirection International, consultoria especializada em assessoria de fusões e aquisições, com representação em Londres e Nova York.
“Apesar das incertezas sobre a execução do arcabouço fiscal e as críticas quanto ao otimismo do governo em relação à arrecadação, a proposta aprovada na Câmara não é a ideal, mas é melhor do que nada. O mercado recebeu o projeto com certo ceticismo, mas após entrar em vigor a nova regra pode facilitar o controle da inflação e isso aumenta a rentabilidade real dos investimentos. Além disso, a aprovação do arcabouço poderia trazer novas expectativas de cortes na taxa de juros, assumindo responsabilidade fiscal futura do Governo e melhorias no cenário econômico, e isso historicamente tem relação direta com as atividades de M&A e investimentos em ativos fixos”, destaca Gabriel Cardoso.
Por outro lado, o economista alerta que alguns pontos geram preocupação no mercado como o piso de investimentos que possibilita um aumento real nas despesas (mesmo em caso de queda na receita) e o fato de não existir uma meta definida para a dívida pública.
“As projeções otimistas para o superávit e a vinculação do crescimento das despesas ao crescimento do país também podem comprometer a sustentabilidade das receitas a longo prazo. Ainda assim, ao trazer mais visibilidade para os gastos públicos, o novo arcabouço fiscal pode reduzir a percepção do Risco Brasil, o que impacta a atração de investimentos internacionais”.
No ano passado, segundo dados da Transactional Track Record (TTR), as transações cross-border (envolvendo companhias de diferentes países) trouxeram R$ 121 bilhões ao Brasil, em 448 aquisições. Os países que mais investiram em empresas brasileiras (em volume de operações) foram os Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Espanha, Canadá, Argentina, Holanda, Japão e China.
O texto base do Projeto de Lei do novo arcabouço fiscal foi aprovado na noite de terça-feira (23) na Câmara dos Deputados por 372 votos a favor e 108 contrários e, nesta quarta-feira (24), voltou ao plenário para votação dos destaques. Agora o projeto segue para análise do Senado.
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