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O prefeito reeleito de São Paulo, Ricardo Nunes, tem se destacado ao adotar uma posição que desafia a orientação de parte de seu próprio partido, o MDB. Ele defende que o MDB não apoie o projeto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para as eleições presidenciais de 2026, argumentando que o partido deveria adotar uma postura mais alinhada com o campo conservador. Para ele, as opções de aliança para o futuro próximo seriam Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo e figura em ascensão na política brasileira, ou Jair Bolsonaro, ex-presidente e líder de um eleitorado expressivo.
Em entrevista concedida ao jornal O Estado de SP, Ricardo Nunes argumenta que o MDB deve se distanciar do atual governo federal e traçar uma trajetória própria, defendendo que a aproximação com Lula não representa a identidade de boa parte dos eleitores e integrantes do partido. Nunes acredita que o apoio a Tarcísio de Freitas ou Jair Bolsonaro permitirá ao MDB recuperar parte da sua base histórica e de uma parcela do eleitorado brasileiro mais conservadora. Esse movimento reflete, na visão do prefeito, um alinhamento mais natural para a base de São Paulo e para a construção de um bloco político com maior coesão e força no cenário nacional.
“Eles agiram de forma muito contundente contra a minha candidatura”
Nunes em entrevista ao Estadão
A possível aliança do MDB com uma figura como Tarcísio, cuja carreira política ganhou visibilidade e popularidade significativa, representa uma alternativa estratégica. Tarcísio é visto por muitos como um possível sucessor da base bolsonarista, mas também como uma figura menos polarizadora, que tem buscado diálogo com diferentes setores da sociedade e que construiu sua trajetória longe das controvérsias frequentes de Bolsonaro. Ao sugerir essa aliança, Nunes posiciona o MDB como um partido que não precisa abrir mão de sua autonomia política, mas que pode, ao mesmo tempo, evitar uma postura que o alinhe totalmente ao governo petista.
O contexto interno
O cenário político brasileiro está em constante movimento e a escolha do MDB será crucial para o panorama de 2026. Com Lula no poder e a busca por uma reeleição ou uma continuidade de sua influência política, o MDB se encontra em uma encruzilhada: aliar-se ao governo para uma governabilidade contínua ou adotar uma postura de oposição, que pode tanto fortalecer o partido quanto isolá-lo de alianças importantes.
A posição de Nunes, contudo, não é consenso dentro do MDB. Muitos líderes estaduais ainda veem uma relação com o governo como um meio de garantir a execução de projetos regionais e o fortalecimento político em nível local. No entanto, o argumento de que o MDB perderia sua identidade ao se alinhar com Lula é algo que vem crescendo dentro do partido. Assim, a fala de Nunes representa uma ala que se preocupa com a coesão interna e com a manutenção dos valores originais que formaram a sigla ao longo das décadas.
A preferência por Tarcísio, em especial, representa a busca por um perfil menos polarizador e que pode agregar a simpatia do eleitor moderado. Nunes parece enxergar em Tarcísio uma figura capaz de unir parte do eleitorado de centro-direita, o que pode ampliar as chances de vitória em um eventual segundo turno. Por outro lado, Bolsonaro continua a ser uma figura de grande peso no cenário político, especialmente entre os eleitores mais conservadores. Sua popularidade, embora tenha oscilado desde o final de seu mandato, permanece forte entre aqueles que criticam o governo atual e anseiam por um retorno de políticas mais liberais na economia e conservadoras nos costumes.
Desafios para o MDB e o futuro da direita
Para o MDB, o apoio a Tarcísio ou Bolsonaro traz desafios internos, uma vez que o partido historicamente tem mantido uma postura de “meio-termo”, evitando posições que o coloquem como uma sigla totalmente identificada com a direita ou com a esquerda. Assim, o dilema se aprofunda: enquanto parte da base deseja manter a autonomia, outra parte teme que uma oposição ferrenha ao governo federal resulte em prejuízos na governabilidade e no diálogo com estados e municípios governados por políticos alinhados ao PT.
A decisão do MDB sobre o caminho a seguir nas eleições de 2026 também indica o futuro da direita no Brasil. Caso o partido opte por apoiar Tarcísio ou Bolsonaro, será uma indicação de que a direita brasileira busca novas figuras que, mesmo vindas do bolsonarismo, representem um certo afastamento das polêmicas e dos embates diretos que marcaram o governo Bolsonaro. Assim, a postura de Nunes, ao preferir uma “terceira via” conservadora em lugar de um alinhamento com Lula, coloca o MDB como um dos principais responsáveis por direcionar o campo político da direita.
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