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A crescente tendência dos carros elétricos chegou para ficar, e a Tesla é a companhia pioneira neste movimento do mercado global. No entanto, este mercado conta com necessidades de infraestrutura, e o atual grande desafio está na produção das baterias de lítio.
Assim, a Vale (VALE3) fechou um contrato com a Tesla e vai passar a fornecer níquel para a montadora de veículos elétricos. A mineradora vai fornecer níquel Classe 1 – de maior pureza e baixa emissão de carbono – a partir de suas operações no Canadá.
A Vale disse que o contrato é de “longo prazo” e não comentou sobre os valores envolvidos. O níquel é utilizado nas baterias dos carros elétricos, que atualmente podem ser de três tipos: LFP (Lítio Ferro Fosfato); NCA (Lítio Níquel Cobalto Óxido de Alumínio) e NMC (Lítio Níquel Manganês Óxido Cobalto).
A indústria de baterias hoje enfrenta problemas relacionados à escassez de alguns desses insumos; às suas necessidades específicas, já que trabalha somente com metais de elevada pureza; e também questões relacionadas à produção. (O cobalto, por exemplo, é produzido principalmente no Congo, com suspeitas de trabalho infantil.)
Nos últimos anos, a indústria vem tentando reduzir a utilização de cobalto – que funciona como elemento estabilizador – ao mesmo tempo em que aumenta o teor de níquel. O níquel eleva a densidade energética da bateria, o que aumenta a autonomia dos veículos – mas não é qualquer tipo de níquel que cumpre esse papel: somente aquele com o teor de pureza mais elevado, como o produzido pela Vale nas plantas da antiga Inco, no Canadá.
(A Rússia é um grande produtor, mas a invasão da Ucrânia está inviabilizando o fechamento de contratos.) Diante do aumento da demanda por carros elétricos, a Tesla e outras fabricantes de baterias elétricas estão querendo assegurar o acesso a esses materiais básicos com alto teor de pureza – além do níquel, elas estão correndo atrás do lítio.
Tiago Cunha, sócio da ACE Capital, disse que a notícia é extremamente importante para a Vale porque mudará seu patamar de produção de metais básicos.
“A Tesla não fechou o deal com a Vale porque a pegada de carbono da Vale é menor. Fechou porque é o produto certo para as especificações que a Tesla precisa,” disse Tiago. “Certamente a Tesla não está pagando o preço do níquel como commodity, mas com um prêmio pelo nível de pureza.”
Segundo Tiago, a Vale já produzia um níquel de qualidade superior, mas até hoje não tinha comprador disposto a pagar esse prêmio – o maior uso do níquel é na fabricação de aço inox, que não exige grau de pureza elevado. Agora, a mineradora poderá aumentar a produção das plantas, diluindo seu custo fixo.
A Vale disse que o acordo faz parte da estratégia de ampliar sua exposição à indústria de veículos elétricos – hoje cerca de 5% das vendas do de níquel vão para esse segmento, um percentual que a Vale espera elevar para entre 30% e 40%
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