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O anúncio da Ford (FDMO34) sobre o encerramento da sua produção de veículos no Brasil, além de marcar o fim de uma longeva história, também levanta discussões a respeito do “custo Brasil“.
Conforme o seu comunicado, a decisão faz parte de uma reestruturação global, onde a companhia vem reavaliando seus ativos e operações desde 2018. Dessa maneira, o seu plano de turnaround deve custar US$ 11 bilhões. Acompanhe a seguir os detalhes.
Anúncio de saída da Ford do Brasil
O anúncio da montadora americana, realizado nessa segunda-feira (11), representa um marco dentro de sua história no solo brasileiro, com mais de cem anos.
De acordo com a multinacional, ela pretende fechar de imediato suas fábricas em Camaçari (BA), onde produz os modelos EcoSport e Ka, e em Taubaté (SP), onde fabrica os motores. Nesse sentido, as vendas desses seus modelos vão ser encerradas assim que se esgotarem os estoques.
Ainda, a companhia também informou o fechamento da fabrica de jipes da marca Troller, em Horizonte (CE), porém com funcionamento previsto até o quarto trimestre de 2021.
Além disso, a Ford pretende manter a sede administrativa da montadora na América do Sul, em São Paulo, o centro de desenvolvimento de produto, na Bahia, e o campo de provas de Tatuí (SP). Ao mesmo tempo, a fabricação de peças permanecerá por alguns meses para a garantia de estoque voltado ao pós-venda.
Segundo a montadora, as operações na América do Sul irão continuar em suas fábricas na Argentina e Uruguai, de onde parte dos veículos serão importados. Em conclusão, a Ford estima que 5 mil empregos terão impacto, considerando a reestruturação no Brasil e Argentina, e despesas não recorrentes de US$ 4,1 bilhões.
Causas para a saída
Após a repercussão da decisão, uma variedade de fatores relacionados ao desempenho da Ford e o seu ambiente de negócios vieram à tona. Conforme a própria companhia, desde 2013 a Ford América do Sul acumulava perdas, cuja matriz localizada nos EUA, auxiliava com o caixa.
Assim, enquanto a própria indústria de automóveis vinha apresentando uma queda de produção e faturamento nos últimos anos, a Ford foi perdendo fatias de mercado.
Como consequência dessa baixa, a companhia fez o fechamento em 2019 de sua fábrica em São Bernardo do Campo (SP), revelando sintomas da sua situação no Brasil. Em seguida, os impactos da pandemia do Covid-19 reforçaram a sua capacidade ociosa e decisão recente.
Nesse sentido, a multinacional deixou de ser a quarta maior montadora do país para a quinta, e até sexta, considerando certas categorias em 2020.
Custo Brasil
As entidades da indústria como Anfavea, CNI e Fiesp, por sua vez, ressaltaram a falta de medidas que reduzam o “custo Brasil“.
Em síntese, o custo Brasil é o termo que engloba todas as barreiras existentes no pais que afetam o ambiente de negócios e os custos operacionais. Alguns dos fatores são a estrutura tributária, os problemas de infraestrutura, a burocracia, qualificação do capital humano, insegurança jurídica e ainda mais outros.
Inclusive, uma equipe do Ministério da Economia, ao estudar a saída da empresa, destacou o peso do custo Brasil para a produção dessa indústria. Por outro lado, o grupo disse, em nota, que vem trabalhando em medidas, enquanto vê a necessidade rápida de avanços nas reformas para melhoras nesse ponto.
“O ministério trabalha intensamente na redução do custo Brasil com iniciativas que já promoveram avanços importantes. Isto reforça a necessidade de rápida implementação das medidas de melhoria do ambiente de negócios e de avançar nas reformas estruturais.”
Ministério da Economia em nota.
Por fim, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), informou que procurou a Embaixada da China para buscar possíveis interessados nas fábricas. Em paralelo, alguns membros da equipe do Ministério da Economia informaram a Folha de São Paulo que uma fabricante chinesa pode assumir uma das fábricas. Embora ainda seja sigiloso, o jornal ventilou a possibilidade da Chery ser uma possível candidata.
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