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El Niño é um fenômeno climático que ocorre periodicamente no Oceano Pacífico Equatorial. É caracterizado pelo aquecimento “anormal” das águas superficiais do Oceano Pacífico, que têm um grande impacto nas condições climáticas globais. Embora seja um fenômeno natural, o El Niño pode apresentar uma série de consequências graves que afetam tanto o meio ambiente quanto a comunidade humana.
O efeito mais importante do El Niño é o aumento da temperatura média das águas superficiais na região do Pacífico Equatorial, decorrente da diminuição dos ventos alísios, causados pela rotação da Terra, provocando aumento intenso da evaporação das águas quentes na região da costa ocidental da América do Sul, e que em condições inversas, ou seja, de aumento dos ventos, causa o fenômeno La Niña, levando a água quente superficial para a costa oriental da Austrália e Nova Zelândia, aumentando a evaporação e intensificando as chuvas naquela região.
Quando as águas quentes se deslocam para a região da costa australiana, na costa sul-americana acontece o fenômeno da ressurgência, ou seja, as águas frias das regiões mais profundas sobem para a superfície, trazendo plânctons e muitos peixes, diminuindo a evaporação e alterando o regime das chuvas e estiagens em muitas regiões do mundo.
No caso do Brasil, o La Niña, que é o resfriamento das águas do Pacífico Equatorial, intensifica as chuvas na Amazônia oriental e na região Nordeste, contrapondo às secas nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país.
Os cientistas ainda não compreendem ao certo o que motiva esse aumento ou diminuição dos ventos alísios, e tampouco sua periodicidade, fazendo com que a alternância e o tempo de duração ainda seja um mistério para a ciência.
Esse aquecimento tem grandes implicações para a vida marinha, pois muitas espécies são sensíveis às mudanças de temperatura. Durante um El Niño, os recifes de corais podem branquear e morrer em grande escala, causando danos permanentes aos ecossistemas marinhos. As mudanças nas correntes oceânicas também alteram as fontes de alimento, afetando as populações de peixes.
Durante o El Niño, o Brasil pode enfrentar variações significativas nos padrões de chuva. Enquanto algumas regiões podem experimentar um aumento na precipitação, que é o caso do Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país, outras podem enfrentar secas prolongadas, como por exemplo a região Nordeste e costa oriental da Amazônia. Isso afeta diretamente a agricultura, com possíveis perdas de colheitas, escassez de água para irrigação e redução na produção agrícola, além da redução dos reservatórios e represas decorrentes da evaporação.
Além do aumento da pluviosidade nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, também ocorrerá um aumento da temperatura média, ocasionando um estresse térmico em animais e humanos, além do aumento da demanda de energia, pelo aumento do calor esperado e a utilização excessiva de aparelhos de refrigeração.
Devemos nos antecipar para as prováveis enchentes nas grandes regiões metropolitanas da região Sudeste e Sul, intensificar a melhoria das estradas vicinais que escoam a produção nos grandes cinturões verdes do nosso interior, bem como criar políticas públicas para amenizar os efeitos da seca na região Nordeste e suas implicações.
Por Vanderlei Zahra, docente de Geografia do Ensino Médio no Colégio Presbiteriano Mackenzie – São Paulo.
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