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A Argentina é campeã do mundo de futebol novamente, depois de 36 anos. O título na Copa do Mundo do Catar neste domingo (18) veio com vitória nos pênaltis por 4 a 2, após empate por 3 a 3 com a França, que defendia a taça, na decisão no Estádio Lusail, em Doha.
Com a conquista, a Argentina chega ao terceiro título mundial, após ter vencido em 1978 no seu próprio país e em 1986, no México. Fica atrás apenas de Brasil (5 vezes campeão), Alemanha e Itália (4 cada um).
No entanto, apesar de se coroar a maior potência do futebol mundial, a situação da economia do país vai na direção oposta ao sucesso.
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O preço foi alto
A economia Argentina vem passando por sua maior crise das últimas décadas. Em um cenário de hiperinflação, o poder de compra da sociedade vem se corroendo, e gerando um problema que é difícil de se controlar.
A grosso modo, a inflação se trata do aumento generalizado dos preços, e pode ser causada por uma série de fatores. O aumento dos preços, se não corrigido com o poder de compra da população, cria uma bolha inflacionária que drena o poder de compra da população, reduzindo o acesso a bens de consumo, e em casos mais graves, como o Argentino, até mesmo para a alimentação e necessidades básicas.
Em meio ao discurso vitorioso dos Argentinos no mundo do futebol do Catar, o ex-jogador e agora comentarista esportivo D’Alessandro, afirmou que na Argentina, parte da população já lida com a fome.
Uma crise cambial levou o peso a perder metade do seu valor em relação ao dólar em 2018. O FMI respondeu emprestando um recorde de US$ 57 bilhões para o governo liderado pelo então presidente Mauricio Macri (de centro-direita), mas o socorro financeiro não conseguiu estabilizar a economia argentina. E ainda aumentou seu endividamento externo.
A eleição de Fernández em 2019 provocou uma venda massiva de títulos do governo, que seu governo mais tarde deixou de pagar. Sem acesso ao crédito após a inadimplência, Fernandez imprimiu dinheiro como nunca durante a pandemia para financiar benefícios e programas salariais, que prepararam o terreno para que a inflação disparasse.
A situação econômica dos nossos vizinhos se torna ainda mais dramática quando analisamos as medidas de controle inflacionário se mostram cada vez menos efetivas. Segundo dados da CNN, a 83% ao ano, a inflação da Argentina é a segunda maior entre as 20 principais economias do mundo, atrás apenas da Turquia, que registra 83,5%. A taxa de juros, principal instrumento de bancos centrais para controlar a temperatura econômica, está em 75% ao ano.
Para quem gosta de criticar as rédeas da economia brasileira, rapidamente percebe que o Banco Central Brasileiro vem mantendo um controle mais firme dos indicadores, com uma taxa de juros de 13,75% ao ano, a economia brasileira já adota um forte tom de controle inflacionário. Contudo, mesmo com uma taxa 61,25% maior, os hermanos ainda amargam uma forte crise inflacionária.
O tiro pela culatra
A medida que a taxa de juros — a principal ferramenta de controle de inflação — sobe, novos problemas vão surgindo. As altas taxas de juros representam um aumento do custo de crédito. Assim, aumentando os valores necessários para se investir em todas as áreas da economia. Do empréstimo pessoal ao consumo, do consignado as grandes corporações. Os juros altos retiram os investimentos do mercado, cortando pela raiz a oferta e gerando escassez no mercado. Uma forma bastante eficiente de se controlar a inflação de oferta.
Mas por que isso não funciona na Argentina?
Um dos pontos que afeta negativamente a economia Argentina é a má gestão. Marcada por décadas de descontrole governamental, excesso de gastos e mal planejamento, a Argentina rapidamente se viu endividada no Fundo Monetário Internacional.
A perda da credibilidade no mercado internacional força a desconfiança global, e faz que a nação perca ainda mais credibilidade. Neste ponto a economia entra em um círculo vicioso, onde que para quitar o endividamento mais empréstimos são tomados, a juros cada vez mais altos devido à fama de “caloteira” que a nação gera no processo.
O resultado, além do endividamento, é mais inflação. Além da perda do poder de compra da moeda internacionalmente.
Com a moeda desvalorizada frente ao dólar, a principal ferramenta monetária global, a nação se vê obrigada a imprimir mais dinheiro internamente. O que infla ainda mais indicadores financeiros, e gera mais desaventuras para a economia.
Ainda existe esperança para a Argentina?
Analistas apontam que o problema na Argentina é mais político do que econômico. Com medidas pouco efetivas e estratégias que buscam adiar o problema, e não resolve-lo, (como congelamentos dos preços) geraram ainda mais desconfiança no mercado global de que o País não voltará a caminhar com suas próprias pernas em breve. Infelizmente, na economia Argentina, Lionel Messi não pode resolver o problema.
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