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O movimento cíclico do mercado pregou peças nos desavisados de plantão. Em especial, os últimos anos exigiram muito dos investidores. A eclosão da pandemia Covid gerou uma crise sem precedentes na história global, onde devido às restrições sociais, a economia se viu de frente a necessidade de intensificar o movimento de digitalização dos serviços.
Na economia, com a parada da produtividade global, investidores buscaram se refugiar em capital especulativo, saindo do capital produtivo e correndo para as bolsas de valores. Juros baixos para incentivar novos investimentos em todo o planeta também ditaram o ritmo da economia global.
No mercado de ações, foi a hora de ações de tecnologia brilharem, e a renda fixa perdeu boa parte de seu brilho com as baixas taxa de juros e por consequência de rentabilidade dos títulos pré-fixados.
Em 2022, o ano começou sobre esta realidade, mas rapidamente um novo ciclo econômico começou. A inflação das medidas preventivas para a pandemia Covid começou a explodir ao redor do planeta. Para piorar a situação, uma crise de energia estourou juntamente com o conflito entre Rússia e Ucrânia na Europa, players significantes nos segmentos energéticos, fomentando ainda mais as raízes da inflação global.
Para corrigir as movimentações, os bancos centrais se viram obrigados a adotarem uma política ainda mais restritiva de juros. O Banco Central Europeu saiu das taxas negativas, e o FED, o banco central americano, também adotou a maior taxa de juros das últimas décadas.
Por aqui no Brasil, a política restritiva também afetou a taxa básica de juros, e os títulos pré-fixados voltaram a ser interessantes opções de investimentos em detrimento do mercado de ações.
Mas o que precisa acontecer para o universo da renda variável voltar a ser a melhor opção de investimento do mercado em 2023?
O que dizem os analistas
Para a alegria dos amantes da bolsa de valores, o BTG Pactual acredita que nenhuma revolução precisará acontecer para a bolsa voltar a ser atrativa para investidores. Afinal, segundo os analistas, o nível atual da Bolsa brasileira já está precificando boa parte do ‘risco Brasília’ e qualquer melhora “leve” nas expectativas pode corrigir para cima o preço das ações.
“Os juros longos estão nos maiores níveis desde 2018, as estimativas de crescimento para o PIB são desanimadoras e as sinalizações do novo Governo no campo fiscal podem causar inflação” […] “Mas dado o quão barata a Bolsa está, melhorias pequenas em algumas variáveis podem produzir um rebound.”
Escreveram os estrategistas Carlos Sequeira, Osni Carfi e Guilherme Guttilla.
O BTG rodou seis cenários para a Bolsa dependendo de onde forem as expectativas de inflação, juros e PIB. O cenário do meio assume juros reais longos em 5% (em comparação aos 6,34% de hoje), a expectativa para o crescimento do PIB subindo de 0,75% para 1% e a estimativa para a inflação caindo para 4,5% dos 5,1% atuais.
Neste cenário, o múltiplo justo da Bolsa seria de 9x o lucro estimado para o ano que vem – um upside potencial de 8%, com o índice indo dos atuais 103 mil pontos para 111 mil.
Segundo a estimativa dos analistas, a Bolsa hoje negocia a 8,4x (ex-Petro e Vale) – o menor nível desde 2009. Se o cenário melhorar ainda mais – com os juros reais longos indo para 4,5%, o crescimento do PIB para 1,5% e a inflação para 4% – o BTG vê o Ibovespa indo para 130 mil pontos, um upside de 26%.
Ademais, o banco de André Esteves estima um crescimento no lucro das empresas de sua cobertura (ex-Petro e Vale) de 7,7% para o ano que vem – em linha com o crescimento de 1% do PIB e a inflação de 5%. Mas esse crescimento deve variar muito de setor a setor.
Para as empresas domésticas, o banco estima um crescimento de lucros de 14%, enquanto as exportadoras de commodities devem ver uma queda de 27%.
“Embora 14% de crescimento pareça muito agressivo em comparação à expectativa de crescimento do PIB, já vimos um múltiplo de 2,3x de crescimento de lucro doméstico das empresas listadas em relação ao crescimento do PIB no passado,” diz o relatório.
Além disso, os analistas notam, no entanto, que um cenário de taxas de juros altas por mais tempo pode reduzir ainda mais a expectativa para o crescimento do PIB, levando a uma revisão dos lucros. No cenário atual, o BTG disse que posicionou seu portfólio para ter exposição a quatro temas: reabertura da China; preços do petróleo altos; e juros relativamente altos.
Para surfar a reabertura da China, o BTG acha que a Vale é o melhor veículo. Para aproveitar os juros altos, o banco está se expondo ao Itaú e à BB Seguridade. Já para ganhar com o petróleo, o BTG escolheu a PetroRio.
“A alternativa natural para ganhar exposição ao petróleo no Brasil seria a Petrobras, mas a incerteza sobre como o novo Governo tocará a empresa nos obriga a evitar o nome por ora.”
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