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A Embraer tem um horizonte promissor em 2023 e além, após enfrentar tempos difíceis durante a pandemia de Covid-19 e o fracassado acordo com a Boeing. No entanto, a XP Investimentos acredita que as boas perspectivas não estão sendo precificadas pelos investidores. De acordo com a revisão da tese de investimento para a empresa, os analistas da XP consideram que o mercado não está levando em conta adequadamente as expectativas de recuperação da divisão comercial, o que está deprimindo o múltiplo EV/Ebitda da empresa como um todo. A projeção de Ebitda para este ano está 6% acima do consenso do mercado.
Entretanto, a XP Investimentos ressalta que os níveis atuais de valuation não refletem o potencial de crescimento da Embraer. Segundo a análise de correlação dos múltiplos EV/Ebitda com o crescimento embutido nessas estimativas de Ebitda, a XP estima um múltiplo EV/Ebitda alvo consolidado de 6,9 vezes, acima dos múltiplos atuais de 6,3 vezes. Isso implica que as perspectivas de crescimento não estejam adequadamente refletidas nos múltiplos atuais.
Além disso, a companhia possui “opcionalidades”, como o avanço da Eve e as perspectivas de ganhos com a arbitragem contra a Boeing, que também não estão sendo consideradas pelos investidores. Diante deste cenário, a XP reiterou a recomendação de compra para as ações da Embraer, com um preço-alvo revisado de R$ 22,50 (excluindo a Eve) e R$ 32 (incluindo a Eve).
A XP espera que a Embraer continue a melhorar sua operação em 2023, com entregas retomadas e lucratividade aumentando, resultando em um ano positivo para a divisão comercial. A demanda das companhias aéreas e a redução dos problemas na cadeia de fornecimento de peças e equipamentos também devem impulsionar a divisão comercial, que representa cerca de 38% do valor da Embraer. Além disso, a demanda por aviões para voos regionais deve crescer, e a própria Embraer estima uma necessidade média de 72 a 73 novos aviões de voos regionais por ano até 2028, o que abre espaço para avançar as vendas.
Por fim, a XP Investimentos analisa dois pontos que podem ter efeitos positivos para as ações da Embraer: a Eve, bem posicionada no mercado de veículos elétricos de pouso e decolagem vertical (eVTOL), e a arbitragem movida contra a Boeing pela rescisão do acordo para a compra da divisão comercial. A XP estima que esses dois pontos podem resultar em ganhos para a ação.
Alta das aéreas impulsiona o setor
As ações das companhias aéreas Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) lideram as altas do Ibovespa nesta segunda-feira, com ganhos de 40,12% e 24,56%, respectivamente. A alta das ações é motivada pelo anúncio de acordos com arrendadores de aeronaves que devem esticar as dívidas das empresas até 2030, além das projeções otimistas para o setor aéreo.
A Azul anunciou um acordo com arrendadores de seus aviões que vai gerar uma economia de caixa de R$ 3 bilhões só este ano, afastando o risco de uma recuperação judicial que era o grande temor do mercado. Com o acordo, a Azul espera atingir o breakeven ainda este ano, algo que era previsto somente para 2024, e voltar a gerar caixa em 2022.
A Gol, por sua vez, anunciou o fechamento de um financiamento de US$ 1,4 bilhão, o que deve ajudar a companhia a superar os desafios financeiros trazidos pela pandemia de Covid-19 e retomar o crescimento.
As ações da CVC (CVCB3), empresa de turismo, também figuraram entre as maiores altas do Ibovespa nesta segunda-feira, subindo 8,21% (R$ 3,03), acompanhando os ganhos das companhias aéreas. Participantes do mercado dizem que a alta é motivada pela expectativa de um ano forte para o setor por conta das projeções otimistas para o setor aéreo.
Com a retomada das viagens e o avanço da vacinação, o setor aéreo espera uma recuperação em 2021. As projeções indicam que as viagens de lazer devem liderar a retomada, seguidas pelas viagens de negócios. Ainda assim, as companhias aéreas devem enfrentar desafios financeiros, como a alta do preço do combustível e a volatilidade do câmbio.
Os investidores estão otimistas em relação às perspectivas do setor aéreo e as ações das companhias aéreas estão entre as mais negociadas nesta segunda-feira. As empresas esperam que os acordos com arrendadores e o financiamento recebido ajudem a superar os desafios financeiros e retomar o crescimento em 2021.
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