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A tensão entre Brasil e Venezuela atingiu novos patamares após o governo de Nicolás Maduro ameaçar tomar “medidas necessárias” contra o Brasil e declarar Celso Amorim, assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, como persona non grata. A crise diplomática se intensificou após o veto do Brasil à entrada da Venezuela no BRICS e as recentes declarações de Amorim.
O Ministério das Relações Exteriores da Venezuela emitiu um comunicado nesta quarta-feira (30), expressando que o país reserva-se o direito de tomar ações necessárias em resposta à postura brasileira, que compromete a colaboração e o trabalho conjunto desenvolvidos até então em espaços multilaterais.
A declaração veio após o regime chavista convocar o encarregado de Negócios da Embaixada do Brasil em Caracas, Breno Hermann, para manifestar “o mais firme repúdio” às declarações recentes de autoridades brasileiras.
Além disso, o embaixador venezuelano em Brasília, Manuel Vadell, foi chamado de volta para Caracas, uma medida vista como retaliação e diminuição na cooperação entre as duas nações.
O assessor especial de Lula para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, foi citado no comunicado e taxado de “mensageiro do imperialismo norte-americano”.
O ataque contra o diplomata brasileiro surgiu após Amorim participar da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, onde comentou sobre a Venezuela e revelou a existência de um “mal-estar” entre os dois países.
Declaração de Persona Non Grata
Jorge Rodríguez, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, anunciou a intenção de apresentar uma moção para declarar Celso Amorim como persona non grata na Venezuela.
Rodríguez acusou Amorim de manter contatos que sugerem uma proximidade com Jake Sullivan, do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, e de interferir nas questões internas do país.
“Ou ele nos respeita ou faremos com que nos respeite”, afirmou Rodríguez em comunicado.
Impacto nas Relações Bilaterais
A crise diplomática entre Brasil e Venezuela teve início em julho deste ano, após a contestada reeleição de Nicolás Maduro e o não reconhecimento da vitória por parte do governo brasileiro.
A situação ganhou novos capítulos após a última cúpula dos BRICS, realizada entre os dias 22 e 24 de outubro na Rússia, onde o Brasil vetou a entrada da Venezuela no bloco
Esse movimento gerou uma onda de críticas e acusações por parte de Maduro, que comparou Lula a Jair Bolsonaro e exigiu explicações públicas do Itamaraty sobre o veto.
Analistas internacionais avaliam que a decisão de Caracas de convocar seu embaixador no Brasil sinaliza uma escalada nas tensões diplomáticas entre os dois países.
“Claramente é uma crise diplomática”, afirmou Américo Martins, analista sênior de assuntos internacionais.
A medida de retirar o embaixador, mesmo que seja apenas para consultas, é vista como um passo significativo antes de um possível rompimento de relações.
Além do impacto diplomático, a crise pode ter reflexos negativos no comércio entre os dois países, que girou em torno de US$ 1,15 bilhão entre exportações e importações no último ano.
Analistas indicam que os venezuelanos podem ser os principais afetados caso o vínculo diplomático entre Brasil e Venezuela seja cortado.
Desde 2017, a Venezuela vive uma crise de refugiados, com mais de 1,3 milhão de cidadãos cruzando a fronteira em busca de melhores condições de vida.
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