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Nem mesmo a recuperação judicial parece estar trazendo um novo ânimo para especialistas que estão acompanhado o recente caso da polêmica da Americanas (AMER3).
Para Max Mustrangi, sócio da consultoria Excellance-Gestão de Turnaround e Reestruturação, especializada em reestruturação de empresas, a Americanas é uma empresa “morta”, sem perspectiva futura.
“É uma empresa morta. Ela estava sendo mantida viva artificialmente no tubo de oxigênio […] Existe um conceito em finanças chamado ‘sunk cost’ (custo afundado, em português). Você não coloca mais dinheiro em cima de custo afundado. Perdeu, playboy! Se tem dinheiro bom, vai colocar em outro lugar, não vai gastar para recuperar um defunto. Por isso a relutância do controlador [Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira] de colocar dinheiro nela. Ele sabe que não vale nada”, afirmou.
Analistas da Nord Research também se mostram pouco otimistas com a visão operacional da varejista. Em sua mais recente análise, a research projeta um aumento de 132% na dívida líquida (endividamento) no quarto trimestre de 2022 (4T22) ante o trimestre anterior.
“A varejista alega ter dívidas de R$ 43 bilhões. Levando em consideração o caixa reportado no 3T22 e descontando o valor bloqueado pelos bancos BTG e BV, a dívida líquida da varejista alcançaria cerca de R$ 35,8 bilhões, 132% maior que o divulgado no trimestre passado”.
Avalia Fabiano Vaz, analista da Nord.
Com isso, a alavancagem (Dívida Líquida/Ebitda Ajustado) da Americanas teria um saldo de 4,9 vezes para 11,4 vezes Ebitda.
“Com juros altos, a alavancagem elevada é um problema adicional. Os números ainda são muito incertos, mas elaborando algumas projeções, conseguimos ter uma dimensão do impacto que as “inconsistências” contábeis causaram para a companhia”, comenta o analista.
Ações já estão sendo “veladas” nesta sexta-feira
Segundo a B3, as ações da varejista devem sair do Ibovespa (IBOV) o principal índice da bolsa de valores brasileira, e marcam nesta sexta-feira, sua “última música”.
No entanto, a canção de despedida da varejista é uma verdadeira marcha fúnebre. As ações são “veladas” cotadas a R$ 0,73, em queda de 27% apenas no pregão de hoje.
A situação da varejista parece irreversível, e vale até mesmo uma trilha sonora:
As ações já acumulam queda de 91% e marcam o pior desempenho de uma ação listada no índice ibovespa desde 1994.
Em termos de valores, a recuperação judicial da Americanas é a quarta maior da história do Brasil, perdendo apenas para as recuperações judiciais da Odebrecht (R$ 80 bilhões), Oi [OIBR3] (R$ 65 bilhões) e Samarco (R$ 65 bilhões).
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