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A economia aprendeu da pior maneira que uma crise no mercado imobiliário pode ser um dos piores males para a economia em geral e para o mundo dos investimentos.
Em 2008, a crise do subprime, chamada por muitos de “bolha imobiliária americana”, teve seu início a partir da forte queda do índice Dow Jones em julho de 2007, motivada pela hipótese do colapso hipotecário, que arrastou várias instituições financeiras americanas para a situação de insolvência.
Nessa época os chamados empréstimos hipotecários podres, ou “subprime mortage” (que nomeia a crise), eram concedidos de forma irresponsável, culminando em uma crise de crédito através da transferência desenfreada de CDSs (Credit Defaut Swaps) e CDOs (Collateralized Debt Obligation) para terceiros, repassando assim os riscos para outras contrapartes.
As consequências ainda assombram investidores e profissionais de Wall Street. No entanto, este risco parece estar voltando, desta vez com uma nova economia como casa: a China.
As tentativas do governo chinês de impulsionar a economia e de tentar “murchar a bolha imobiliária sem estourá-la” podem representar um risco enorme para a execução do plano de recuperação econômico do gigante asiático, na avaliação da SPX.
Segundo a renomada gestora, que tem Rogério Xavier como um dos sócios-fundadores, esse é um fator para monitorar de perto neste ano. Em carta mensal, a casa defendeu que as medidas anunciadas pelo governo chinês são “tímidas”, diante da dimensão do problema.
“Algumas estimativas de necessidade de financiamento do setor [imobiliário] estão ao redor de 15% do PIB [Produto Interno Bruto]”, observam os analistas. […] “Nesse sentido, salvar o setor nos moldes do que foi feito em 2015, exigiria um programa três vezes maior do que o realizado na época”.
A casa também chama atenção para o fato de que o setor imobiliário no país é gigante, porém bastante fragmentado, com mais de 100 mil incorporadores, sendo que as maiores empresas detêm individualmente apenas cerca de 3% do mercado, caso da Evergrande e da Country Garden.
Na avaliação da SPX, o vetor de crescimento que resta para a China agora está no programa de infraestrutura adotado pelo país, que é financiado pelo governo. O problema, diz a carta, é que tal modelo engloba desafios, uma vez que uma parte importante das receitas da União depende da venda de terrenos e também é afetada pela dinâmica do setor imobiliário.
Nesse sentido, a SPX alerta que é preciso monitorar a situação na China, já que uma deterioração relevante no gigante asiático pode ter impacto sobre os preços das commodities e colocar em risco a bonança de países emergentes.
Sem contar os efeitos que podem ser gerados em termos de crescimento global e especialmente em torno do continente europeu, o que poderia culminar em “ondas de crise de confiança ao redor do mundo”.
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