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Com as participações do economista Edmar Bacha e do deputado federal Eduardo Cury (PSDB-SP), relator da lei que institui o escritório da OCDE no Brasil, e a presença do empresário Pedro Passos, fundador e conselheiro da Natura, o movimento suprapartidário Livres — único movimento político do país a defender a liberdade por inteiro — realizou nesta terça-feira, 18/4, o evento de lançamento da campanha #AberturaJá
A campanhatem como objetivo conscientizar sobre a importância da abertura comercial para o desenvolvimento econômico, que é ainda pouco discutida, apesar de, na visão do Livres, ser essencial, já que no mundo contemporâneo não há caso de país que tenha se desenvolvido mantendo-se como uma economia fechada. No evento, além de um debate reunindo especialistas, o Livres apresentou o documento Inclusão Global: Derrubando barreiras, aumentando escolhas, elaborado pela coordenação de Políticas Públicas do movimento, em parceria com seu Conselho Acadêmico, cujo objetivo é embasar a defesa da abertura comercial do país, visando um Brasil mais livre e inclusivo.
Na abertura do encontro, a coordenadora de Políticas Públicas do movimento, Deborah Bizarria, reforçou que a política de abertura comercial é necessária para dar mais dinamismo à economia brasileira, aumentando a produtividade e a inovação, além de beneficiar os consumidores com preços mais baixos e maior variedade de bens. Segundo ela, uma política econômica mais aberta gera inclusão social e ajuda as empresas a terem acesso às tecnologias globais.
“No entanto, a redução de tarifas enfrenta forte resistência de diversos grupos de interesse, que temem perder proteção e renda com a maior concorrência externa. Esses grupos utilizam a narrativa de perda de empregos para angariar adeptos aos seus interesses através do medo”, explicou ela.
Em sua participação no painel “Os desafios do Brasil no comércio e integração global”, o economista Edmar Bacha, ressaltou que os principais fatores que fazem crescer a produtividade econômica são tecnologia, grande acesso ao mercado, especialização da produção e concorrência. “O Brasil, no entanto, não apresenta nenhum desses fatores, pois isso só se conquista se um país está aberto para o mundo”, afirmou. Bacha salientou que todos os países que cresceram depois da segunda guerra mundial fizeram isso com abertura ao comércio exterior, o que sugere que a abertura é uma condição necessária para sair da renda média. “Aqui, no entanto, nos apegamos a argumentos falsos contrários à abertura, como as questões tributárias e do custo Brasil. Isso afeta, mas não impede a abertura econômica”, afirmou.
O deputado Eduardo Cury também salientou que problemas como o alto custo Brasil e a insegurança jurídica, colocados por muitos como empecilhos para que o país caminhe mais rapidamente no sentido de uma economia mais aberta, não devem ser entraves e podem ser trabalhados à medida que essa abertura aconteça.
“A abertura tem o efeito de forçar a execução das reformas, até por isso ela deve ser encarada de forma positiva”, explicou. Ao avaliar os primeiros 100 dias do governo Lula no que diz respeito à política internacional, Cury afirmou que o governo erra ao sinalizar com uma pauta internacional muito ideológica. “O Brasil deveria adotar uma postura mais neutra em relação, por exemplo, à relação EUA e China, pois essa parcialidade pode dificultar a abertura econômica”, disse.
“As negociações com a OCDE estavam indo bem, mas a resistência do PT, se comparado a governos mais liberais, pode dificultar a adesão de nosso país à organização”.
Já Sandra Rios, presidente do Conselho Acadêmico do Livres, salientou que o último passo significativo do país em direção à abertura comercial aconteceu nos anos 90, durante o governo Collor. “De lá para cá, não fizemos nenhum movimento mais estratégico nesse sentido, adotando sempre uma postura defensiva”. Para ela, o Brasil reúne, agora, condições políticas favoráveis para avançar na direção de uma economia mais aberta. “No curto prazo, é o único movimento que eu vejo, já que isso trará um necessário bem-estar social, com a redução de preços propiciando que a população, principalmente as famílias com menos recursos, tenha acesso a bens melhores e mais baratos”, ressaltou Sandra.
Apesar do modelo protecionista que o país adota, o empresário Pedro Passos chamou a atenção para o fato de que o desempenho da indústria nacional vem caindo. “Isso acontece porque quem não se expõe ao mercado internacional perde qualidade”, explicou. Passos reforçou que é preciso que o Brasil tenha uma visão de futuro, trabalhando para se tornar um grande produtor de energia limpa e ter produtos mais competitivos.
“Essa seria uma forma de o país se recolocar, seja com bens, seja com energia que promovam a nova economia”, destacou.
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