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O ano de 2020 foi conturbado, entretanto, com inúmeros IPOs. Um deles foi o da Aeris (AERI3), uma empresa produtora de pás e prestadora de serviços de manutenção e reparos para geradores de energia eólica.
Assim sendo, a companhia teve um baita desempenho desde seu IPO, subindo 69,61% nos últimos 30 dias. Além disso, no pregão de hoje por volta das 16h44, as ações da Aeris sobem 3,02% a R$ 12,28. Dessa forma, alcançando quase 100% de valorização desde sua abertura de capital, lançada a R$ 5,50 e movimentando R$ 1,13 bilhão.
Por ser uma das empresas novatas da bolsa e possuir um negócio interessante, hoje falaremos sobre ela. Todavia, vale salientar que não é uma recomendação de investimento.
Índice de conteúdo
O setor
De acordo com dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), a energia eólica já é a segunda maior fonte na matriz energética brasileira.
Além disso, de 2018 pra 2019, houve um crescimento de 15% na energia gerada por esse modo. Foram investidos R$ 13,6 bilhões no Brasil pela indústria eólica, de acordo com dados da Bloomberg.
Em 2020, a capacidade de geração por esse meio alcançou 16 GW no primeiro semestre de 2020. Assim sendo, são 637 parques espalhados pelo País com um total de 7.778 aerogeradores.
O potencial de crescimento da energia eólica tende a ser grande, visto que é uma geração limpa, com baixo impacto ambiental, zero CO2 e renovável. Ademais, esse cenário positivo se intensifica no Brasil, devido ao fator de capacidade – dado que mede a produtividade dos ventos. Dados de 2019 mostram um fator de capacidade média mundial de 34%, enquanto no Brasil é de 42,7%. Dessa forma, nosso país se encontra em posição de vantagem em relação à média mundial.
Além disso, ocupando a 7º posição no ranking mundial do Global Wind Energy Council (GWEC), a estimativa é que o Brasil tenha capacidade de produzir cerca de 24,2 GW até 2024. Tais projeções consideram leilões já realizados e contratos firmados no mercado livre.
A Aeris
Após 10 anos de sua fundação, a Aeris (AERI3) chegou à bolsa paulista em 2020. De acordo com a companhia, os recursos provenientes do IPO servirão para expandir suas fábricas, aumentar a capacidade de produção e amortizar dívidas.
Dessa forma, a companhia chegou bem no mercado, mostrando crescimento em seus 10 anos. Além disso, é uma das maiores do mundo em capacidade de produção, com capacidade instalada de 4,5 mil pás por ano. E também a maior do Brasil.
Outro ponto a favor da companhia são seus clientes multinacionais, como a Vestas Wind Systems, General Electric, WEG e Suzlon.
Os recursos provenientes do IPO permitirão que a companhia dobre de tamanho até 2023, alcançando uma receita de R$ 5 bi. Isto porque a Aeris já possui um acúmulo de mais de 10 mil pás para serem entregues nos próximos 3 anos. Ou seja, igual a tudo que a empresa já produziu desde sua fundação.
Além disso, é estimado um faturamento de R$ 2,2 bilhões este ano, somando R$ 280 milhões de EBITDA.
Dona de aproximadamente 70% da demanda nacional, a Aeris é quase um monopólio. Dessa forma, quando olhamos seu market share na base mundial, vemos um crescimento constante: 1,4% em 2015; 4,3% em 2019; e 7% estimado para o final de 2020.
Como a Aeris produz peças de grande porte físico, é comum que seus contratos sejam feitos com antecedência e para o longo prazo. Portanto, a companhia possui uma certa previsibilidade, deixando o business mais confortável.
Por fim, vale destacar o crescimento vertiginoso em sua capacidade de produção anual, que cresceu 2.250% desde 2013. Assim sendo, saiu de 200 pás por ano para 4,5 mil.
Crescimento pós IPO
No terceiro trimestre de 2020, a Aeris reportou uma receita operacional líquida de R$ 705,8 bilhões. Assim sendo, apresentou um crescimento de 219,9% em relação ao terceiro trimestre de 2019.
De acordo com a Aeris, os investimentos foram de R$ 73,4 milhões, atingindo o montante de R$ 146,6 milhões no ano. Portanto, chega próximo a 1/3 do total de R$ 473 milhões requeridos para ampliação da capacidade de produção até o final de 2021.
Quanto a alavancagem líquida, a companhia encerrou o trimestre com uma em 3x. Entretanto, se considerarmos os recursos líquidos da oferta primária, o indicador fica menor do que 0,1x.
Mais do que dobrando o indicador, o EBITDA da Aeris cresceu 114,1%. Desse modo, saiu dos R$ 47,674 milhões do terceiro trimestre de 2019 para R$ 102,077. Contudo, a margem EBITDA da companhia caiu 7,1 pontos percentuais, dos 21,6% do 3T19 para 14,5%.
Por fim, o lucro líquido da Aeris foi de R$ 56,4 milhões nesse trimestre. Desse modo, apresentou um crescimento de 101,3% em relação ao mesmo período do ano passado e 130,2% ante o segundo trimestre. Com isso, a margem líquida da companhia foi de 8%, crescendo 2,7 pontos percentuais superior à do segundo trimestre.
Conclusão
A Aeris está inserida em um setor com grande perspectiva de crescimento, e provou que “está pro jogo”.
Entretanto, um risco a ser levado em consideração é a limitada carteira de clientes. Além disso, seu maior, a Vestas, representa 70% de sua receita sendo que o fornecimento da Aeris representa apenas 5% de suas turbinas. Para piorar, a Vestas possui capacidade para produzir suas próprias pás. Outro risco – um pouco mais comum – é o cambial (que também pode ser favorável), visto que a empresa “produz em real e vende em dólar”.
Por fim, vale mencionar mais uma vez que este conteúdo não é uma recomendação de investimento, visto que somente analistas certificados tem poder para tal.
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