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A Hapvida, empresa do ramo da saúde, anunciou um plano para levantar R$ 1,25 bilhão com a venda de hospitais e outro R$ 1 bilhão com um aumento de capital. As transações parecem resolver o problema de liquidez da operadora de saúde, liberando-a para focar na melhoria da operação num momento em que vem sofrendo com a alta da sinistralidade. A ação disparou 17% na abertura, e os spreads da dívida da Hapvida no mercado secundário começaram a fechar.
A companhia está vendendo 10 hospitais, numa operação de sale and leaseback. A própria família controladora fez a melhor oferta pelos ativos, que saíram a um cap rate de 8,5%. Outros cinco investidores institucionais também ‘bidaram’ pelos ativos, incluindo fundos soberanos, gestores de real estate e de infraestrutura. A família Pinheiro se comprometeu a colocar R$ 360 milhões no aumento de capital (o equivalente a sua participação na empresa). A Hapvida está emitindo 395 milhões novas ações, que, se vendidas ao preço de tela depois da alta de hoje, vão injetar cerca de R$ 1 bilhão no caixa da empresa.
No mercado secundário de crédito, os investidores também reagiram bem à notícia. Antes do resultado do quarto tri, a companhia havia conseguido emitir dívida a um custo de CDI + 1,5%. Hoje de manhã, depois do anúncio do plano, as ofertas no secundário já estão saindo a CDI + 4% (compra) e CDI + 3% (venda).
“Os problemas centrais da Hapvida continuam os mesmos,” diz um dos muitos gestores que têm o papel. “Eles não estão conseguindo ajustar preços dos planos de forma suficiente para melhorar a sinistralidade, tão reajustando abaixo dos peers, e estão com um problema sério de comunicação com o mercado.”
Com a transação, a alavancagem da Hapvida cai de 2,1x o EBITDA estimado para este ano para 1,4x. Havia muito debate no mercado se a Hapvida tinha realmente um problema de liquidez ou se seria capaz de gerar caixa suficiente para arcar com suas obrigações de dívida este ano. Alguns analistas diziam que boa parte dos recursos da companhia estava no nível das controladas, um caixa que ela não poderia acessar de forma imediata, a menos que fizesse uma reestruturação societária.
O contrato para a venda e locação dos 10 hospitais terá duração de 20 anos, com a opção de renovação por mais 20 anos. Os reajustes serão feitos seguindo o IPCA. Segundo a companhia, o acordo inclui ainda uma cláusula de “drag-along”, que obriga os compradores a venderem suas ações de volta à Hapvida caso a empresa receba uma oferta para compra.
Segundo a companhia, o acordo inclui ainda uma cláusula de não concorrência de cinco anos, que impede a família Pinheiro de atuar no mesmo mercado de saúde suplementar em que a Hapvida atua em 11 estados brasileiros. A venda dos hospitais é parte de uma estratégia maior da Hapvida de se concentrar em seus principais negócios, que são a assistência médica e a odontológica.
Com o anúncio dessas medidas, as ações da Hapvida (HAPV3) dispararam cerca de 20% no dia 28 de março de 2023, recuperando parte das perdas que haviam sido registradas no último mês. A venda dos hospitais e o aumento de capital anunciados pela empresa foram bem recebidos pelos investidores, que viram nessas medidas uma forma de melhorar a liquidez da companhia e resolver alguns dos problemas enfrentados nos últimos meses.
Embora o mercado tenha reagido positivamente ao anúncio, alguns analistas ainda veem desafios para a Hapvida no curto prazo. Entre os principais desafios estão a necessidade de ajustar os preços dos planos de saúde para melhorar a sinistralidade e a comunicação com o mercado. No entanto, o anúncio do plano de capitalização e da venda dos hospitais pode ser um passo importante para a empresa se recuperar e voltar a crescer nos próximos anos.
A Hapvida é uma das maiores operadoras de planos de saúde do Brasil, com mais de 6,5 milhões de clientes em todo o país. A empresa tem sede em Fortaleza, no Ceará, e atua em 11 estados brasileiros, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Paraná. Com a venda dos hospitais, a companhia espera se concentrar em seus principais negócios e melhorar sua rentabilidade e eficiência operacional.
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