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Repetindo o que aconteceu ontem, as ações da Oi (OIBR3; OIBR4) entraram em leilão nesta manhã por oscilação máxima permitida. Há pouco, Oi ON (OIBR3), que chegou a superar valorização de 30%, subia 28,85% (R$ 2,01), enquanto Oi PN (OIBR4) tinha valorização de 17,27% (R$ 7,82).
No entanto, as ações perdem força no início desta tarde, com as papéis preferências cotados em alta de 17,95%.
As altas registradas ontem elevaram o valor de mercado da companhia para R$ 1,070 bilhão, de R$ 875 milhões do dia anterior.
Analistas não veem uma razão para o bom desempenho da ação, que já entrou leilão por duas vezes nesta tarde, ainda mais por, ontem, o UBS BB ter cortado seu preço-alvo de R$ 6 para R$ 1,35, reiterando recomendação neutra. Entretanto, observam que o papel é extremamente volátil e, diante das incertezas macroeconômicas, há muita troca de posição na Bolsa e movimento erráticos do mercado. Em janeiro, o ativo acumula perdas de 11,18%.
O fim da recuperação judicial
Acabou a novela. Após 6 anos de reestruturações e processos judiciais, a 7ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decretou em meados de dezembro (14/12), o fim do processo de recuperação judicial da Oi (OIBR3; OIBR4).
Na decisão, o juiz Fernando Viana declarou que todas as obrigações da empresa carioca foram cumpridas. A empresa, que nasceu com a intenção de ser uma supertele nacional, entrou em recuperação judicial em 2016 com dívidas de R$ 65 bilhões e 55 mil credores, uma das maiores da história do país.
A Oi vendeu sua operação de telefonia móvel para as rivais Claro, Vivo e TIM. Foram vendidos ainda as operações de torres, TV por assinatura e metade de sua operação de fibra óptica para os fundos do BTG.
“Com o encerramento da recuperação judicial, e composição de seu bilionário endividamento, a gigante de telecom nacional ingressa hoje em sua nova fase, focada em modernos serviços digitais, com perspectiva de ser importante gerador de caixa e de empregos, de relevante atuação social – situação diametralmente oposta quando do ingresso da recuperação”, destacou Viana em sua decisão.
O recente histórico otimista da Oi
Em outubro, o Banco BTG Pactual revisou sua tese de investimento na Oi (OIBR3).Atualizando o modelo e rebaixando a ação para “neutro”.
“Nosso preço-alvo revisto derivado do fluxo de caixa descontado de R$ 0,40 reflete o atraso na conclusão das vendas de ativos (prejudicando sua posição de caixa), um custo de capital mais alto, estimativas de crescimento mais baixas no segmento da ClientCo e resultados piores do que o esperado das negociações da Anatel e da venda da empresa de infraestrutura e ativos móveis.”
compartilhou o Banco BTG
De acordo com o banco, apesar da previsão de queda do Capex após as vendas realizadas, o consumo de caixa ainda deve ser alto por alguns anos. O BTG destacou os principais pesos para o fluxo de caixa da empresa:
- investimentos para modernizar os sistemas e ajustar sua estrutura corporativa;
- despesas relacionadas a depósitos judiciais e passivos de fundos de pensão;
- despesas financeiras volumosas.
Em novembro, o BTG voltou a atualizar sua tese para a companhia, e considerando a grande participação dos fundos BTG nas novas ambições da Oi, o banco é um dos principais interessados no sucesso da Oi.
Em novembro, a V.tal (BTG Pactual e provedora de infraestrutura de fibra da Oi) recebeu uma injeção de capital de R$ 2,5 bilhões da CPP Investments (maior fundo de pensão do Canadá), chegando em uma participação de 9,7% na empresa. Os recursos serão utilizados pela V.tal para financiar a expansão de sua rede de fibra e aquisições, além do desenvolvimento de novas linhas de negócios relacionadas à infraestrutura digital.
Segundo dados especulados na época, o EBITDA esperado da V.tal para 2022 é de R$ 2,9 bilhões. No entanto, o BTG acredita que esse valor considera o pagamento da Oi pela Globenet (R$ 1,3 bilhão), trazendo o EBITDA ajustado esperado de 2022 para ~R$ 1,6 bilhão. Considerando esse número, o múltiplo da transação seria ~15x EV/EBITDA 22E. Olhando para 2023 e assumindo que a V.tal terá um EBITDA de R$ 2,5-3,0 bilhões, o múltiplo da transação estaria entre 8-10x
Os indicadores ainda trazem confia no BTG pactual, que apesar de se manter otimista, mantêm recomendação neutra para o ativo, com preço alvo estimado em R$ 0,30. Os valores foram estimados antes do agrupamento de ações da companhia, onde os ativos foram agrupados na proporção de 10 para 1. Assim, aumentando “ilusoriamente” o valor dos ativos.
As recomendações pós-encerramento da RJ
No entanto, após a atualização do encerramento da recuperação judicial da Oi, o BTG não voltou (ainda) a atualizar sua análise para OIBR3. Mas o mercado não está alheio a movimentação.
Os analistas do Santander divulgaram suas análises para o ativo, e o cenário não é promissor para quem espera que o fim da recuperação judicial possa significar a retomada da Oi na bolsa de valores.
O banco revisou a recomendação para a telecom de “Manutenção” para “Abaixo de Mercado”, o que significa venda.
Além disso, o Santander também reduziu o preço-alvo das ações para o final deste ano para meros 15 centavos, abaixo do valor atual do ativo, e a metade do preço estipulado pelo BTG.
No relatório, o Santander explicou a decisão: “a redução em nosso preço-alvo é explicada principalmente pelo consumo de caixa acima do esperado nos 9 primeiros meses de 2022 e menores estimativas operacionais de curto a médio prazo”.
Ainda de acordo com o banco, os desafios operacionais que a Oi deve enfrentar nos próximos anos devem manter a queima de caixa elevada.
Ademais, vale lembrar que a telecom ainda tem dívidas da ordem de R$ 22 bilhões. O que torna o seu fluxo de caixa ainda mais pressionado.
Por todos esses motivos, não só o Santander, como outros bancos e casas de análise retiraram a recomendação de compra das ações da Oi.
Analistas apontam que a Recuperação Judicial pode trazer o desempenho operacional da Oi de volta. No entanto, considerando o cenário econômico, de juros altos e que oneram ainda mais as dívidas, a Oi tem uma complicada missão para voltar a dar lucro.
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