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B3 trabalha junto com a CVM para revelar possível Insider Trader na Americanas

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A B3 se aliou à comissão de valores mobiliários para entender um pouco mais das movimentações derivadas da queda da Americanas (AMER3) nos últimos dias. O presidente-executivo da B3 (B3SA3), Gilson Finkelsztain, disse nesta terça-feira que a empresa está fornecendo dados para ajudar a CVM a determinar se houve uso de informações privilegiadas com ações da Americanas.

“Estamos repassando informações para a CVM para ajudar (a detectar se houve insider trading)”, disse Finkelsztain a jornalistas.

O executivo disse que as regras do Novo Mercado, segmento de listagem com regras mais rígidas de governança do qual a Americanas faz parte, não preveem exclusão de empresas envolvidas em escândalos ou fraudes.

“Esse é um assunto que pode ser discutido na próxima reforma das regras do Novo Mercado”, disse o presidente da bolsa, salientando que ainda não há uma data para isso acontecer.

Antes da Americanas, outra empresa do Novo Mercado envolvida num escândalo contábil foi a resseguradora IRB Brasil (IRBR3) Re, em 2020. A companhia ainda faz parte do segmento.

O que aconteceu com a Americanas?

A Americanas está enfrentando aquele que provavelmente será o maior escândalo da bolsa da decáda. A companhia iniciou seu “highway to hell” após informar o mercado que inconsistências bancárias revelarem um rombo de R$ 20 bilhões para empresa, e que pode até mesmo dobrar segundo algumas estimativas.

Segundo o já “ex-CEO” Sérgio Rial, a companhia cresceu muito rápido e, para se financiar – principalmente na operação digital –, a Americanas antecipava pagamentos para fornecedores contratando dívida com os bancos – uma operação comum, conhecida como “risco sacado”.

Nesse tipo de transação, o banco compra com deságio a dívida da empresa com o fornecedor. Depois de um prazo estipulado, a companhia tem que pagar o banco (e não mais o fornecedor).

Essas transações deveriam ter sido contabilizadas como dívida bancária, uma vez que a Americanas tinha que pagar ao banco, mas, segundo Rial, a dívida era contabilizada como “conta de fornecedores”.

“É como você pagar um produto de R$ 10 à vista por R$ 9 utilizando o dinheiro do banco, pagar o banco a prazo por R$ 9,50 e contabilizar apenas R$ 9. Isso é computado como se fosse uma dívida com o dono da loja do produto, e não com o banco — o que incorre em despesas de juros ao longo do tempo”, explica a analista de ações da Nord Research, Danielle Lopes.

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Rial estima que os impactos dessas inconsistências sejam de R$ 20 bilhões, mas o mercado teme que a auditoria externa confirme uma alavancagem ainda maior.

Todo o entusiasmo dos operadores com os últimos dados se converteu em debandada e diversas dúvidas sobre o futuro da empresa.

Antes da notícia, os papéis da companhia vinham de 42% de valorização no período de um mês por conta do otimismo com a nova gestão, tocada por Rial. 

Com queda de -77%, a Americanas perdeu R$ 8,4 bilhões em valor de mercado após rombo bilionário.

Victor Bueno, analista de Small Caps da Nord Research, acredita que, para aqueles que já estão posicionados nas ações, antes de vender é melhor aguardar por sinalizações mais concretas sobre o que vai ser feito pela companhia para contornar esse grande rombo bilionário. 

Mas, ao mesmo tempo, não é momento para comprar novas ações ou abrir posição (para os que não são acionistas) em AMER3 apenas porque os papéis apresentaram essa grande queda ontem. 

“É importante ressaltar que as oportunidades não surgem somente pela desvalorização de uma ação, mas sim pelo conjunto de fatores: bons fundamentos da empresa + preço adequado de seus papéis”, afirma.

Pensando a longo prazo, o foco do investidor deve ser em companhias resilientes e que podem continuar entregando crescimento apesar do cenário — ainda mais em um setor desafiador como o varejo no país. 

Quem já sabia do rombo?

A cada dia novas informações surgem sobre a grande polêmica fiscal da Americanas, e os únicos investidores que pareciam não saber que o desastre estava por vir eram os minoritários.

Segundo reportagem do portal O Globo, diretores da Americanas venderam ações meses antes da revelação do rombo de R$ 20 bilhões.

Documentos publicados pela própria empresa em seu portal de relacionamento com investidores mostram venda de mais de R$ 210 milhões em papéis da empresa pela diretoria no segundo semestre de 2022.

O ex-CEO da Americanas, Sergio Rial, que renunciou após nove dias no cargo e revelou a discrepância de R$ 20 bilhões no balanço da companhia, informou a investidores que a empresa terá que republicar resultados financeiros de trimestres anteriores. E que a prática contábil que originou o problema de R$ 20 bilhões, conhecida no mercado como “risco sacado”, era usada há muito tempo, remontando talvez a até 10 anos.

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Nesse tipo de transação, o banco compra com deságio a dívida da empresa com o fornecedor. Depois de um prazo estipulado, a companhia tem que pagar o banco (e não mais o fornecedor).

Essas transações deveriam ter sido contabilizadas como dívida bancária, uma vez que a Americanas tinha que pagar ao banco, mas, segundo Rial, a dívida era contabilizada como “conta de fornecedores”.

“É como você pagar um produto de R$ 10 à vista por R$ 9 utilizando o dinheiro do banco, pagar o banco a prazo por R$ 9,50 e contabilizar apenas R$ 9. Isso é computado como se fosse uma dívida com o dono da loja do produto, e não com o banco — o que incorre em despesas de juros ao longo do tempo”,

Explica a analista de ações da Nord Research, Danielle Lopes.

Rial estima que os impactos dessas inconsistências sejam de R$ 20 bilhões, mas o mercado teme que a auditoria externa confirme uma alavancagem ainda maior.

O BTG também sabia?

 Segundo informações que estão circulando nas redes sociais, em especial em um perfil de um dos sócios da CarteiraZ, Rafael Zattar, o envolvimento do BTG Pactual com a Americanas vai além do que aparenta para a grande massa.

Em uma lista de fundos de investimentos que estão shorteados na Americanas, os fundos do BTG Pactual lideram as maiores posições vendidas.

Os famosos “shorts selling”, (ou vendas em descoberto como conhecido no Brasil) são uma das opções mais interessantes do mercado de ativos.

Esse método de investimento busca priorizar desvalorização de ações. Pode parecer confuso então vou explicar um pouco mais. 

Em resumo, a venda em descoberto consiste em “emprestar” ações e depois vende-las. 

Para entender como essa venda aposta na desvalorização das ações é preciso entender como funciona esse “empréstimo”. Um investidor “aluga” uma ação que ele não possui em sua carteira, e a vende. 

Pessoalmente, gosto de visualizar essas informações em números para entender melhor, então segue um exemplo: 

Um investidor “aluga” um ativo de 10 dólares e o vende por esse valor, contudo, o pagamento desse “aluguel” é realizado posteriormente, quando o investidor é obrigado a comprar novamente a ação e devolvê-la ao credor original. Neste momento, se o preço da ação for menor que os 10 dólares iniciais, digamos que 6 dólares, o investidor que vendeu em descoberto lucrou 4 dólares. 

Mas o que realmente chama atenção, é a lista ser chefiada pelos fundos de investimentos do banco de André Esteves.

BTG recomendou a compra mas estava vendido?

O que deixa uma pulga atrás da orelha do mercado é que a mais recente análise do banco para os ativos da Americanas era uma recomendação de compra, com um preço-alvo estipulado em R$ 29.

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O BTG participou diretamente na conferência com o ex-CEO da companhia, Sergio Rial, na qual ele prestou esclarecimentos sobre as inconsistências contábeis averiguadas, e que mostra uma relação ainda mais direta do Banco com a Americanas.

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Investidor pessoa física ganhou 5 milhões com queda

Engana-se quem pensa que só os grandes players do mercado aproveitaram a queda para lucrar (ou evitar prejuízo). Um pouco antes do comunicado ao mercado que revelou a bomba da Americanas para investidores, uma movimentação atípica chamou a atenção do mercado.

A suspeita ganhou mais força porque a operação aconteceu no apagar das luzes do pregão, pouco após às 17h: a ordem de uma put (venda à descoberto do papel) de 917.100 ações usando a plataforma da XP. Em poucos minutos, uma única ordem com um volume nove vezes superior à media negociada no mesmo dia.

Esse foi o volume conseguido na contraparte, pois o pedido era de 1,2 milhão de ações. Até às 18h32, quando a central de sistemas da CVM disponibilizou publicamente o documento oficial da empresa, não havia motivos para essa movimentação atípica com a ação da Americanas. Ou não deveria existir. O valor da operação de R$ 331.922 jogava a ação para a casa dos R$ 2,77.

Para um papel que fechou o dia cotado a R$ 12, a desvalorização passava dos 75%. “A expectativa é um lucro de 15 vezes esse valor”, diz uma fonte de mercado, citando a possibilidade de um retorno de mais de R$ 5 milhões em uma noite. Para os tubarões de mercado, alguns milhões a mais na carteira podem não fazer muita diferença.

Mas no caso de um investidor pessoa física, esse retorno é condizente com qualquer vídeo distribuído nas redes sociais que vende o sonho da riqueza instantânea no mercado de capitais. “Foi tudo muito atípico, o horário… É difícil julgar, mas tem indícios de uso de informação privilegiada”, diz um operador de mercado.


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