Nova droga para emagrecer choca médicos e já circula no Brasil de forma ilegal

Retatrutida, nova promessa para emagrecimento, já circula ilegalmente no Brasil. Entenda os riscos por trás da canetinha milagrosa.

Nova droga para emagrecer choca médicos e já circula no Brasil de forma ilegal

Prepare-se para conhecer a nova obsessão do mundo das dietas. Enquanto muita gente ainda tenta conseguir uma receita de Ozempic ou Mounjaro, uma nova “caneta mágica” chamada Retatrutida está causando alvoroço — e o mais louco é que ela nem foi aprovada ainda, mas já está entrando no Brasil pela porta dos fundos. Sim, ilegalmente.

Neste texto, te explico o que é essa substância, por que ela virou assunto quente entre influencers, como está chegando por vias clandestinas e por que especialistas estão preocupados.

1. A febre da vez: o que é Retatrutida?

Imagine um remédio mais potente que os atuais queridinhos das celebridades e influencers fitness. A Retatrutida, ainda em fase de testes, foi criada pela farmacêutica Eli Lilly e promete revolucionar o tratamento da obesidade. É uma medicação injetável que atua em três frentes hormonais — o que, teoricamente, a torna ainda mais eficaz que o Mounjaro (que age em dois hormônios).

O resultado? Supressão de apetite quase instantânea, melhora da sensibilidade à insulina e uma ajudinha poderosa na perda de peso. Tudo isso sem aprovação oficial.

2. Canetinha dos sonhos ou risco real?

As promessas são tentadoras: relatos em fóruns dizem que quem testou perdeu até 10 kg em um mês, sem sofrimento. Só que tem um detalhe: ninguém deveria estar usando isso ainda. Os estudos clínicos não foram concluídos, não há aprovação sanitária em nenhum país e, claro, a Anvisa não liberou nada.

Mesmo assim, como já vimos acontecer com outras substâncias, isso não impediu que o produto se espalhasse em grupos fechados, sites estrangeiros e no famoso “boca a boca digital”.

3. O esquema que atravessou a fronteira

A droga ainda nem tem nome comercial, mas já virou produto quente no mercado paralelo. O caso mais escandaloso aconteceu no começo de junho, no Aeroporto de Salvador. Uma mulher foi flagrada com 60 canetas de Retatrutida e 30 de Mounjaro escondidas no corpo. Valor estimado? Quase R$ 400 mil em produto contrabandeado.

Essas canetas vinham com o rótulo “Synedica Retatrutide”, algo que não existe oficialmente — o que reforça o alerta: estamos falando de substâncias sem controle, possivelmente manipuladas ou falsificadas.

4. Influencers, TikTok e fóruns obscuros

Você talvez não veja isso no feed tradicional, mas nos bastidores do TikTok, Reddit e fóruns de musculação, a Retatrutida já é tratada como o novo milagre para perder peso. E isso, infelizmente, acelera a procura por meios ilegais.

É a velha história do “quero resultado agora” que abre espaço para riscos sérios à saúde. E, claro, todo esse hype chama a atenção de traficantes de substâncias e vendedores mal-intencionados.

5. A Anvisa apertou o cerco

Com o crescimento do uso indevido de remédios como Ozempic, a Anvisa já vinha preparando um movimento mais rígido. Agora, com a chegada clandestina da Retatrutida, as regras ficaram mais severas: a partir de 23 de junho de 2025, toda compra desses medicamentos só poderá ser feita com retenção da receita médica.

A regra vale para Ozempic, Wegovy, Mounjaro, Saxenda e semelhantes. É um recado claro: sem receita, sem remédio — e nada de comprar “por fora”.

6. E os laboratórios? Como reagem?

A Novo Nordisk, responsável pelo Ozempic, reduziu recentemente os preços de suas canetas no Brasil. Estratégia? Tornar o produto mais acessível para o público e, de quebra, combater o crescimento do mercado pirata.

A Eli Lilly, por sua vez, ainda está finalizando os testes clínicos da Retatrutida. A previsão mais otimista de aprovação oficial no país é só pra 2026. Ou seja, até lá, qualquer produto com esse nome vendido por aí é, sem dúvida, clandestino.

7. Riscos de comprar o que não se conhece

Não dá pra tratar esse assunto como tendência inofensiva. Comprar uma substância não aprovada envolve riscos altíssimos:

  • Contaminação química
  • Efeitos colaterais graves e imprevisíveis
  • Doses adulteradas
  • Ausência total de acompanhamento médico

E, claro, ainda tem a questão legal: importar remédios proibidos é crime. Dá processo e pode até render cadeia.

8. Por que tanta gente arrisca?

A resposta é simples: desespero e vaidade vendem muito. A cultura do corpo magro a qualquer custo somada à impaciência por resultados imediatos criou um cenário perfeito para o mercado paralelo crescer.

Além disso, o preço elevado dos remédios regulares (mesmo com desconto) e a burocracia médica fazem muita gente procurar atalhos perigosos.

9. O que fazer enquanto isso?

Se você pensa em emagrecer com ajuda medicamentosa, o melhor caminho continua sendo o mais óbvio (e chato, talvez):

  • Marcar consulta com endocrinologista
  • Fazer exames
  • Iniciar tratamento com acompanhamento

Não existe mágica segura sem orientação profissional. E cada organismo reage de um jeito — o que dá certo pra um, pode ser desastre pra outro.

10. O futuro da Retatrutida

Com o hype crescendo, é quase certo que a Retatrutida será aprovada futuramente, caso os testes confirmem segurança e eficácia. Mas até lá, é fundamental que as pessoas entendam o risco real de se antecipar à ciência.

Evite produtos sem procedência, fuja de promessas milagrosas e lembre-se: saúde não se resolve na pressa — muito menos com algo que pode estar vindo direto de um laboratório de fundo de quintal.

Conclusão

A Retatrutida pode até se tornar uma revolução nos tratamentos contra obesidade. Mas, no momento, ela é só mais uma droga circulando ilegalmente no Brasil — sem controle, sem aval médico e cheia de riscos escondidos.

Seja inteligente: espere os estudos, acompanhe as aprovações, e não transforme sua saúde num experimento clandestino.

Autor Anna Oliveira
Anna Oliveira

Formada em Letras pela UFPR, é redatora e professora de português.

Formada em Letras pela UFPR, é redatora e professora de português.