Continua após o anúncio
Segundo o último boletim Focus divulgado na última segunda, a estimativa para o dólar foi mantida em R$ 5,25 para este ano e em R$ 5,30 para 2024, 2025 e 2026. Mas subiu de R$ 5,30 para R$ 5,33 em 2026. No início do mês de fevereiro, o dólar comercial ficou abaixo de R$ 5, o que não era visto há pelo menos oito meses. A mínima chegou a R$ 4,94. Podemos ver novas quedas? O que esperar, afinal, para a moeda?
A política econômica do governo poderia permitir que haja um movimento favorável para uma possível queda do dólar. Mas ao que tudo indica, a previsão para um dólar mais baixo é incerta. Falas do presidente Lula em relação à independência do Banco Central têm trazido preocupações em relação à questão fiscal. E tudo isso tem mexido com o real, moeda que tende a se desvalorizar diante do dólar em cenários de incertezas.
Na segunda-feira (13), na roda de conversa do Roda Viva, apresentado na TV Cultura, Roberto Campos Neto, atual presidente do Banco Central, enfatizou que o BC precisa trabalhar junto ao governo e que fará o que estiver ao seu alcance para que essa aproximação aconteça.
Para Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, para que o dólar não suba mais, é preciso que o governo não apresente ideias que possam trazer incertezas para o mercado. “Outro ponto seria criar estratégias em relação à responsabilidade fiscal, e com certa rapidez, para que o mercado entenda que realmente os juros e o dólar comecem a cair em algum momento”, comenta.
Segundo Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, qualquer previsão sobre o dólar foi feita para dar errado, pois muitas variáveis impactam no desempenho do câmbio e muitas delas não estão no controle do investidor e do mercado como um todo. “De toda forma, pelos últimos acontecimentos, e fatores como o cenário de manutenção da Selic no patamar atual de 13,75%, alguma luz sobre a política econômica e o mercado brasileiro descontado ajudaram o dólar a atingir o patamar abaixo dos R$ 5,00, o que sim pode voltar a se repetir, mas não é o cenário-base do mercado, que projeta a moeda na faixa de R$ 5,27 ao longo do ano”, afirma.
Alves acredita que o governo pode contribuir dando mais clareza sobre a política econômica, a qual deve focar em crescimento, geração de emprego, melhores condições para iniciativa de trabalho e investimento para a iniciativa privada. Tudo o que o investidor e o empresário buscam, de acordo com o especialista, são previsibilidade e segurança.
“Quanto mais o governo conseguir propiciar isso, melhor será o cenário para o câmbio, logo, o contrário também é verdade, pois caso a gestão atual vá contra isso, a tendência é que haja uma grande saída de capital, em razão do ambiente de negócios mais hostil, e um prêmio de risco que pode não se justificar na renda fixa por conta de uma eventual piora nas contas públicas devido a expansão de gastos do governo”, explica.
Para Idean, segundo a previsão média dos analistas de mercado, o dólar “justo” ou “ideal” com base nos dados de hoje giraria em torno de R$ 5,27. “Não que ele não possa ser ajustado e até pela cotação de uma semana após ter ficado abaixo dos R$ 5,00 já estar mais próxima do apontado pelos especialistas, de modo geral faremos na maior parte do tempo esse retorno para a média, salvo alguma mudança muito favorável de contexto econômico e político, o que ainda não aconteceu”, reflete.
Nesse cenário, quem tem investimentos em dólar deve manter ou vender a moeda? Para Elcio Cardozo, especialista em investimentos e sócio da Matriz Capital, caso o investidor queira proteger seu patrimônio em uma moeda forte, não há porque vender os ativos dolarizados, tendo em vista que o objetivo do investidor é meramente de proteção ao “Risco Brasil”.
Para o investidor de longo prazo, Cardozo também acredita que a manutenção seja a melhor alternativa. “Isso porque, se avaliarmos no longo prazo, o dólar sempre se valorizou em relação ao real. Agora, para o investidor de curto prazo, ou o “especulador”, é necessário ter mais atenção nos investimentos dolarizados, porque se o cenário de recessão nos EUA realmente se concretizar, poderemos ver uma boa valorização do real”, diz o especialista.
Cardozo ainda ressalta que normalmente quando a bolsa sobe, o dólar cai. Então, nesse sentido, com uma valorização do real frente ao dólar, muito provavelmente as ações listadas em bolsa tendem a se valorizar. “Em contrapartida, se analisarmos que a valorização do real tem o potencial de diminuir a inflação no país, abre-se espaço para o BC diminuir a taxa de juros no país, o que também beneficia as ações em bolsa”, finaliza.
Follow @oguiainvestidor
DICA: Siga o nosso canal do Telegram para receber rapidamente notícias que impactam o mercado.