Bitcoin, Blockchain eCriptomoeda. Estas palavras circulam com frequência nas notícias sobre negócios, gerando dúvida nos investidores, estudantes e pesquisadores sobre as formas de aplicação. O surgimento do Bitcoin foi em 2008 e o lançamento ocorreu no ano seguinte por Satoshi Nakamoto. Trata-se de uma moeda não impressa, descentralizada que circula em Blockchain, o que contrasta com as moedas nacionais não lastreadas denominada como fiduciária ou fiat por terem imposição legal.
A primeira geração de criptomoeda teve o objetivo do uso como moeda de troca, para rivalizar com as moedas oficiais. Entretanto, como tal uso é vedado pela maioria dos países, muitas criptomoedas hoje têm comportamento de commodity, apesar de não terem utilidade prática como as commodities físicas. Também tem crescido o aumento na oferta de NFTs, que são bens digitais únicos.
Além do uso como moeda não ser legalmente permitido, os requisitos econômicos também não são atendidos nas criptomoedas. Como o valor oscila muito, não servem como unidade de conta e por apresentar dificuldades na aceitação, não é utilizada como meio de troca. Não ter um órgão garantidor também dificulta a utilidade como reserva de valor.
Apesar de inúmeros casos conhecidos de fraudes, e milhares de pessoas que perderam tudo em esquemas, o Bitcoin segue muito utilizado em golpes financeiros. Com uma concentração de 97% dos ativos nas mãos de 4% dos investidores, estes realizam o esquema de Pump and Dump, no qual a cotação é inflada artificialmente, para perpetuar a fé das vítimas. É um sistema cíclico, que apresenta diversas oscilações muito similar com as do mercado real. Esquemas de Ponzi também são frequentes, como no caso do Faraó dos Bitcoins.
As criptomoedas circulam em Blockchain, de forma descentralizada, e sem controle estatal. Através da “mineração”, as transações são validadas, e novos ativos são liberados como forma de recompensa aos “mineradores”.
Por ser uma moeda minerada, os facilitadores estão por trás do sistema para validar a transação e acessar o Blockchain. Esse recurso permitirá saber se os participantes possuem o valor em conta e se a transação foi realmente realizada. Nele ficam armazenadas as informações em uma espécie de banco de dados.
As criptomoedas dependem da confiança gerada pela utilização. As redes sociais, por exemplo, só crescem de valor porque têm muitos usuários que acessam as plataformas. As criptomoedas têm características que dependem desse tipo de relação e vão continuar sendo valorizadas enquanto houver um público interessado — e, principalmente, quando acreditam que haverá um público atraído no futuro.
A Venezuela é um dos países que mais usa o Bitcoin, onde funciona como reserva, já que não há uma moeda forte oficial. O mesmo ocorre em El Salvador e no Congo. O fato de as moedas oficiais não serem confiáveis permite a exploração de quem não tem em quem confiar, que se agarra a qualquer alternativa. De fato, as criptomoedas têm características de jogo. Os intermediários vencem sempre, mas os jogadores contam com a possibilidade de talvez ganhar, porém, perdendo sempre no longo prazo.
Por Elaine Silva e Márcio Müller, professores do curso de ciências contábeis na Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio.