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Eleições: como o mercado vê o resultado do primeiro turno

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Após o primeiro turno das eleições, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) irão disputar o segundo turno das eleições. Com 98,7 % das urnas, Lula ficou à frente no primeiro turno com 48,13% dos votos e Bolsonaro, 43,45%.

Como o mercado financeiro vê esse resultado no primeiro turno? Dá para esperar ainda mais volatilidade ou o cenário já era precificado?

O governo atual conseguiu eleger vários senadores e está liderando em vários estados nos cargos de governador. Isso ainda deixa a direita com bastante força no congresso. Se Lula ganhar, terá uma oposição ferrenha. Se Bolsonaro ganhar, tende a conseguir governar com menos dificuldade.

Lula levou no Nordeste com folga e foi essa a região responsável pela virada no placar. Aliados do Bolsonaro levaram com muito mais folga do que ele em estados vencedores para o governo. Isso mostra que ainda há uma rejeição forte à pessoa do Bolsonaro, que neste segundo turno será forçado a adotar discursos mais amenos, talvez até com alguma autocrítica. Mais uma vez, como em 2014, o estado que decidiu foi Minas Gerais. Zema, eleito por lá no 1o turno, deve apoiar Bolsonaro e, portanto, o cenário fica em aberto até o segundo turno.

O mercado deve reagir com bastante volatilidade a cada pesquisa e debate deste segundo turno. E ficar de olho nos próximos passos de Lula. Não sendo eleito no primeiro turno, o ex-presidente precisa conquistar votos e se aproximar do centro. E para isso, deverá revelar mais pontos do seu plano de governo, até então quase que secreto, e nomear um possível ministro da Economia. São esses os grandes medos do mercado até a votação final: a incerteza e o desconhecimento da equipe de ministros de Lula.

O segundo turno está em aberto. Embora Lula tenha levado o primeiro turno com pouco mais de 4 milhões de votos, é importante notar que mais de 30 milhões de pessoas não votaram e outras 5 milhões votaram em branco ou nulo. 

Alguns institutos de pesquisa devem perder credibilidade neste segundo turno, mas é muito difícil acreditar que perderão seu poder de influência. O mercado vai reagir a essas pesquisas ao longo de outubro, mas muito mais aos debates e principalmente reagirá às manifestações de apoios dos senadores, governadores e deputados já eleitos. 

Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos

Para mim, o mercado já precificava uma vitória do Lula. Diversos players me confidenciaram que era certa a vitória do Lula, talvez já no primeiro turno. Então não acho que isso mude alguma coisa. Com o Bolsonaro mostrando força, essa semana promete. Bolsa deve ficar bem volátil. 

Todo cenário de incerteza, ainda mais indo para o segundo turno, traz instabilidades e muitas vezes queda na bolsa. Então o mercado não deve se animar na abertura de segunda-feira.

O cenário com Lula à frente no primeiro turno já estava precificado. Qualquer coisa diferente trará grande volatilidade na minha visão.

Pra mim, esses resultados trouxeram mais força para o Bolsonaro que era tido como derrotado já no primeiro turno em diversas pesquisas.

Pedro Menin, sócio-fundador da Quantzed