As mudanças potencializadas por um conjunto de eventos, fatos e acontecimentos nos anos de 2019 e 2020, colocam a humanidade de frente à um conjunto de desafios e, ao mesmo tempo, oportunidades inéditas em um cenário complexo, ambíguo, incerto e bastante volátil.
Este contexto, aparentemente desesperador e difícil com perspectivas diversas, descortina um novo mundo ou também chamado “Novo Normal”, que requisitará dos seres humanos um esforço adicional de integração, compromisso, compreensão, tolerância e capacidade inventiva para produzir e implementar soluções e resultados efetivos que viabilizem a vida demograficamente densa em nosso planeta.
Já se sabe, há muito tempo, pelo avanço dos estudos da ciência, destarte para os estudos de Darwin, de acidentes aeronáuticos e de catástrofes ambientais, que um conjunto de fatos e aspectos de menor impacto mas, acontecendo em um tempo específico, poderão resultar em consequências importantes e/ou devastadoras.
A pandemia da COVID 19 é um destes fatos desafiadores, que até o momento, nos parece mais grave, mas que pode ser somente o início de um conjunto de outros acontecimentos, talvez de menor impacto específico, mas que deverão ter a devida atenção dos seres humanos individualmente, das sociedades e agrupamentos, das empresas e corporações e do poder público constituído.
O início do período pandêmico mundial, desencadeado pelo surto daquela doença, corroborou para diversos reflexos positivos e negativos na gestão pública.
Apesar de não ser uma prática muito recorrente em nossa cultura, temos uma ótima oportunidade para avaliar e autoavaliar o que foi realizado, bem como os respectivos resultados.
Esta avaliação, não é no sentido de encontrar culpados, aliás e infelizmente uma prática de nossa cultura brasileira, mas sim de aprender e ter a oportunidade de melhorar nossas ações, nosso mérito e resultados.
Neste sentido, a utilização da tecnologia para o processo de gestão pública é uma das principais e importantes alternativas.
Mas neste novo cenário do “Novo Normal” as tecnologias precisam ser implementadas de forma integrada, convergente e geradora de informações e inteligência para a tomada de decisão rápida e eficiente.
A prática recorrente de implementar tecnologias de forma não integrada, que “não se conversam” porque são de estratégias e grupos diferentes, somente produzirão mais gastos de recursos públicos sem os esperados e efetivos resultados que a sociedade brasileira necessita.
O avanço de tecnologias de softwares, hardwares e sensores, atualmente, permite gerar informações para automatizar e integrar a prestação de serviços para os usuários, a redução de custos na execução de políticas públicas e a agilidade no atendimento de situações excepcionais como o Brasil vem vivenciando.
Estas são questões que a sociedade, inclusive os políticos, conjuntamente com o estado, necessitam resolver neste novo mundo que está se revelando gradualmente.
Adicionalmente à questão da tecnologia integrada e convergente, características da 4ª. revolução industrial, a gestão pública precisará atentar para a mobilidade urbana e logística, a ocupação dos espaços urbanos e territoriais, o trabalho remoto, a sustentabilidade e o desenvolvimento econômico e social com geração de renda neste novo contexto.
Outro aspecto que a gestão pública necessita implementar é a acesso e utilização das mídias de comunicação digital e sociais, de forma ampla e adequada para a prestação de serviços aos cidadãos.
Os usuários e gestores poderão proporcionar agilidade e efetividade na resolução de problemas, redução de custos de operação, melhoria na comunicação com o público, ampliação da capacidade de atendimento e melhoria da qualidade dos encaminhamentos e decisões.
Exemplos internacionais já muito conhecidos, como a Estônia, a Coreia do Sul, a Dinamarca que disponibilizam a maior parte dos serviços públicos de forma digital para os seus cidadãos, demonstra o resultado efetivo da implementação de tecnologias integradas e a preocupação com o meio ambiente, reduzindo a necessidade de presença física, e a racionalização da utilização de infraestruturas urbanas de alto custo nos centros das cidades onde estão localizados os órgãos públicos.
O Brasil também está avançando positivamente neste processo de digitalização, com ferramentas de desburocratização de processos e documentos, mas, ainda precisa melhorar na integração, convergência e conectividade de forma estrutural nas esferas federal, estaduais e municipais.
Um outro bom exemplo de política pública que está iniciando no Brasil é a Política de Inovação e Educação Conectada, aprovada no legislativo e instituída pela lei 14.180 de 2021, que tem como objetivo conjugar esforços entre órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, escolas, setor empresarial e sociedade civil para assegurar as condições necessárias à inserção da tecnologia como ferramenta pedagógica de uso cotidiano nas escolas públicas de educação básica. É um bom começo, mas é urgente a rápida expansão para outros níveis de formação educacional e de abrangência na sociedade.
O “novo normal” muda a relação entre as pessoas na sociedade e nas formas de trabalho nos setores privado e público e, portanto, a forma de executar a gestão pública.
Os avanços na gestão pública, possibilitarão o monitoramento, acompanhamento e análise de cenários e tendências econômicas, ambientais e sociais, gerando transparência e integridade fundamentais para o exercício da democracia.
As novas mudanças tecnológicas são definitivas e, por isso, é fundamental o investimento em tecnologias que forneçam um serviço público de qualidade, inovador e conectado.
No cenário de pós pandemia ou “Novo Normal”, a gestão pública eficiente e eficaz e a tecnologia e a inovação precisam cada vez estar integradas e convergentes.
Eduardo Fayet é Engenheiro de Produção, Consultor, Empresário e Pesquisador da Fundação da Liberdade Econômica