
Em um país onde o delivery de comida se tornou essencial para milhões de brasileiros, especialmente após a pandemia, uma nova polêmica ameaça encarecer o seu lanche favorito.
Culpa de quem? Dos desentendimentos entre ministros do governo Lula, que insistem em impor regulamentações trabalhistas descoladas da realidade do mercado digital. O resultado? Preços mais altos para o consumidor comum, menos opções de trabalho para os entregadores e um setor que pode encolher drasticamente. Vamos destrinchar essa bagunça.
Típico caso de governo petista
Tudo começou com boas intenções, mas descambou para o caos burocrático típico do governo petista. O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, quis bancar o herói da esquerda ao propor a aplicação de teses trabalhistas clássicas aos entregadores de apps como iFood, Rappi e Uber Eats. Fala em vínculo empregatício pela CLT, contribuições previdenciárias calculadas sobre o “ganho líquido” e direitos sociais para esses “trabalhadores de capacete”.
O problema? Marinho demorou a entender que o mundo dos aplicativos não é uma fábrica dos anos 70: é um ecossistema flexível, mediado por smartphones, onde o entregador escolhe horários, rotas e até quantos “patrões” quer servir ao mesmo tempo.
Aí entra Guilherme Boulos (PSOL), o agitador de redes sociais que virou ministro e agora defende um projeto de lei que atende cegamente às demandas virais do Twitter (ou X, para os desatualizados).
Taxa fixa de R$ 10 por entrega, mais R$ 2,50 por quilômetro rodado. Sem negociação, sem estudo de impacto. Boulos ignora que os próprios entregadores – majoritariamente bolsonaristas, segundo pesquisas de empresas do setor, que citam ídolos como Bolsonaro, Pablo Marçal e pastores evangélicos – não curtem a esquerda. Nada de 90% contra sindicatos? É isso aí. Eles querem flexibilidade, remuneração pelo risco nas ruas caóticas de São Paulo ou Rio, não uma camisa de força regulatória.
O resultado dessa briga de egos? Dois grupos de trabalho paralelos rodando em banho-maria: um no Ministério do Trabalho e outro na Secretaria-Geral da Presidência, com prazo de 120 dias a partir de janeiro de 2026. Lula reclama da falta de articulação – Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Paulo Pimenta (Comunicação) levam bronca de Marinho por bagunçarem o debate. Enquanto isso, uma Comissão Especial na Câmara, liderada por Hugo Motta, tenta avançar desde julho, mas patina na areia movediça das ideologias.
O bolso do consumidor paga a conta
E quem sofre com essa novela? Você, que pede um combo no McDonald’s por R$ 30 à noite. As empresas de delivery já fizeram as contas: um reajuste médio de 22% nos preços para repassar os custos das novas taxas. Aquele lanche que cabia no orçamento apertado vira luxo de fim de semana.
Em Seattle, nos EUA, uma regulação parecida com a de Boulos derrubou os pedidos em 70%. Menos delivery significa menos faturamento para restaurantes – que já operam no fio da navalha – e menos corridas para os motoboys, que ironicamente pedem mais liberdade, não mais regras.
O governo age como se o delivery fosse um problema de 2020, esquecendo que o setor explodiu na era digital. Países que tentaram regular à força, como alguns na Europa, viram o emprego informal crescer nas sombras, com apps migrando para jurisdições mais amigáveis. Aqui, o risco é o mesmo: entregadores virando “fantasmas” sem proteção nenhuma, consumidores pagando mais por menos, e o PIB brasileiro dando um tombo em um mercado que movimenta bilhões.
Lula, acorda: a nova economia não é CLT dos anos 80
O colunista Marco Antônio Sabino, do UOL, resume bem a cegueira do Planalto: “O governo não entende o mercado, e o delivery de comida pode ficar mais caro porque os ministros não se entendem“. Marinho faturava politicamente com o discurso pró-trabalhador, mas Boulos usa o tema para se reabilitar após o fiasco da manifestação contra a anistia do 8 de janeiro. Lula, que prometeu harmonia, colhe discórdia – e “comida fria” no prato, como diria o autor.
Os entregadores, desunidos e sem lideranças fortes, só querem o básico: horários flexíveis, pagamento justo pelo suor e pelo perigo, sem tributos que engordem o Estado inchado. Nada de sindicatos forçados ou CLT que amarra a galera. Se o governo insistir nessa viseira ideológica, o delivery brasileiro pode virar relíquia, como os VHS na era do streaming.
O que fazer? Pressão nas ruas e nas urnas
Consumidores, unam-se: boicotem as taxas absurdas nas redes, pressionem deputados pela Comissão Especial e exijam um debate real, com dados, não com viral do dia. Entregadores, falem alto: a flexibilidade é o seu ouro, não o discurso pronto da esquerda. E Lula? Hora de alinhar o time, ou 2026 vai ser um delivery de decepções eleitorais.
Enquanto isso, guarde uns trocados a mais no app – seu hambúrguer agradece. Ou melhor: vai de bike, que é mais barato e faz bem pro planeta.